segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A entrevista do patrão dos Banqueiros

Ricardo Espirito Santo, o Presidente do Banco Espirito Santo, deu no passado fim-de-semana uma importante entrevista ao caderno de economia do Expresso.

São várias as afirmações de Ricardo Espirito Santo que vale a pena reter e que pela sua importância aqui reproduzo:

1. "..O problema fundamental do endividamento português é do Estado e não dos privados. Temos de reduzir o endividamento e a forma de o acelerar é avançar com privatizações e reduzir prejuízos de empresas públicas....O Estado deve acelerar privatizações que tinham a vantagem de reduzir o endividamento e contribuir para o reequilíbrio do nosso défice externo.

2. " ..Qualquer aceleração de eleições nesta altura seria um problema complicadíssimo em termos financeiros.."

3. "..Os bancos pagam mais impostos do que os que vêm na rubrica dos impostos. Na nossa conta de exploração estão inscritos 43,7 milhões mas a carga fiscal total em 2010 inclui outros impostos que totalizaram 132 milhões. Isto é que é uma verdadeira perversidade contabilística. A Banca não anda a fugir aos impostos."

4. "...Muito antes de a venda da Vivo ser concluída foi comunicado que se ela se efectivasse haveria um dividendo antecipado. Isto criou uma responsabilidade perante os accionistas da PT. Se a PT não tivesse cumprido com o que comunicou poderia haver um problema com os accionistas internacionais, que têm cerca de 70% do capital. Os administradores da PT são pagos não para fazer filantropia, mas para obter, dentro do que é legal, a maximização do resultado".

5. "..Tenho um grande respeito por ele (o ministro das Finanças), mas é preciso perceber que o sistema capitalista é amoral, tem de produzir resultados.."

6. " ...a PT deu uma grande contribuição ao país e ao Estado para a equação do défice de 2010, através do fundo de pensões. Julgo que a PT está completamente salvaguardada,,,"

7. " ..Admito que uma participação minoritária da CGD possa ser colocada em Bolsa preferencialmente junto de pequenos investidores, reforçando as receitas das privatizações. Mas defendo a manutenção do controlo pelo Estado".

Como se vê, Ricardo Espirito Santo faz revelações interessantes:

A PT é hoje uma empresa cujo capital é estrangeiro em 70% (estão a ver para onde vai a esmagadora maioria do produto da venda da sua participação na Vivo e a maior fatia das centenas de milhões de euros de lucros que esta empresa obtem todos os anos).

O BES apenas vai pagar 43,7 milhões de euros de IRC, mas Ricardo Espirito Santo diz que paga muito mais do que isso (é curioso mas as famílias também não pagam apenas o IRS, também pagam IVA quando consomem, ISP quando abastecem as suas viaturas, Imposto sobre o consumo do tabaco quando fumam, Imposto sobre veículos quando compram uma viatura, Imposto Único de Circulação pela utilização anual da sua viatura, IMI quando possuem casa, etc,...).

Como ele sabe tão bem fazer contas e espera que os outros o não saibam!

Ricardo Espirito lembra aos mais esquecidos que o sistema capitalista é amoral e tem de produzir resultados e que os administradores das grandes empresas não são pagos para fazer filantropia.

Todos já sabíamos isso, mas é sempre interessante ouvi-lo da boca do patrão dos banqueiros, pois é aqui que ele mostra a sua face e mostra quão importante é para eles o planeamento fiscal e a maximização da utilização das suas filiais no exterior e em especial dos off-shores.

Este mesmo senhor defende que as privatizações devem avançar e que até uma parte da CGD (por enquanto minoritária) deve ser privatizada.

Curiosamente o processo de privatizações iniciou-se sempre com privatizações de partes minoritárias do capital social das empresas, para de seguida atacarem a parte restante. Veja-se o que aconteceu no final dos anos 80 e no início dos anos 90.

Este mesmo senhor pretende ainda convencer-nos, convencido de que uma mentira tanta vez repetida se transforma em verdade, que o grande problema do país não é a dívida privada, mas sim a divida pública (por acaso a dívida privada é muito superior à pública).

Por fim percebe-se das suas palavras que Sócrates pode dormir descansado, ainda não chegou a sua hora, mas para isso é indispensável que prossiga a política que os detentores do poder económico, aqui tão bem representados por Ricardo Espirito Santo lhe ditam e que ela tão bem tem realizado.

Ao que chegámos!

José Alberto Lourenço no FoiceBook

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Vá lá, um pouco de memória. Bem-vindos ao fantástico mundo da Marktest

Já foi no dia 23 mas ainda vou muito a tempo de recordar que, nesse dia, foi divulgada uma sondagem sobre legislativas da Marktest para a TSF e o Diário Económico que atribuia 46% ao PSD, a vinte pontos de distância do PS.

E, salvo erro, no dia a seguir, lá ouvi na rádio três ou quatro sujeitos a comentar estes dados (que transformariam Passos Coelho quase num Cavaco de 1987 e 1991) com o ar mais sério e compenetrado deste mundo, coisa que aliás também fariam caso houvesse três dias depois outra sondagem com resultados completamente diferentes, tudo dentro daquele sagrado princípio mediático de que cada dia é um dia dia, cada semana é uma semana e cada mês é um mês, ponto final parágrafo.

A este respeito e embora sabendo que estou a falar para o boneco, uma vez que no país político a memória e o espírito crítico estão pelas ruas da amargura, eu só quero lembrar que foi a Marktest que, no dia 19 de Janeiro, atribuiu a Cavaco Silva mais 37 pontos do que a soma de todos os outros candidatos, diferença que, manhosa e desonestamente, os resultados finais vieram a reduzir para 5 pontos.

Estamos conversados, ou não ?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dois títulos (e subtítulos)

No "expresso" de regresso a casa.

Depois de comprar o i.

Para ler o Paul Krugman, Visto de Fora:

O ataque aos sindicatos

e como os Estados Unidos se tornam cada vez menos democráticos

- Nos últimos 30 anos, os Estados Unidos afastaram-se da democracia e tornaram-se uma oligarquia do dinheiro.

Uma das razões foi o enfraquecimento dos contrapesos do sistema

(... e se o PK lesse Marx?, não ficaria menos perplexo e a perceber como funciona o "sistema", ou seja, o capitalismo?)

Portugal Telecom.

Lucros chegam a 5,67 mil milhões e impostos caem 58%

- Operadora lucrou mais de 5,6 mil milhões, mas impostos até baixaram 77,5 milhões, menos 58%


(... em contrapartida, os trabalhadores - e, logo, a procura interna - vêem os seus créditos diminuirem e os seus custos aumentarem... são outros alcatruzes!)

Sérgio Ribeiro no Anónimo Séc. XXI

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A saúde pública e os velhos – Morrer sai muito mais barato

Vejo na televisão uma manifestação de cidadãos, maioritariamente idosos, protestando contra mais um encerramento de um atendimento permanente na Urgências de um Centro de Saúde. Desta vez é em Torre de Moncorvo.

É longe!

Torre de Moncorvo fica muito longe e esta gente, como a gente de outras “Torres de Moncorvo” deste país, valem pouco eleitoralmente, o que as faz não valer nada para o regime de Sócrates.

São as mesmas queixas de sempre: agora o serviço de urgências mais próximo vai ficar a quarenta quilómetros, a sessenta quilómetros, o hospital a mais de cem... se alguém se sentir mal, quando chegar a meio da viagem já fechou os olhos pra sempre... o táxi para lá custa para aí cem euros... onde é que temos dinheiro para o pagar?

Se é evidente que o regime de Sócrates encerra serviços públicos por toda a parte, se as grandes oportunidades de negócio com a saúde não estão nestas terras do interior profundo, por muito bonitas que sejam, mas sim nos grandes centros populacionais do litoral, se isto é já uma notícia recorrente... o que é que há de novo então?

Há a desconfiança crescente e já evidente, por parte do povo e particularmente dos velhos, de que o regime se quer ver livre deles.

Sim!

Este regime de “socialistas” modernos, europeus e extensamente “democratas”... e não os comunistas, como andaram durante décadas a ser ensinados os seus pais e eles próprios.

O regime que vê-los pelas costas, sem ter sequer que gastar o dinheiro da célebre “injeção atrás da orelha”.

Gostaria de poder ter uma palavra de ânimo para estes muitos milhares de idosos que trabalharam toda uma vida duramente e que são merecedores, pelo menos, de respeito.

Gostaria de poder dizer-lhes que o Governo do seu país não quer, dolosamente, vê-los mortos, apenas para poupar no dinheiro das pensões e das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde.

Gostaria... mas com que argumentos e, sobretudo, com que convicção?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Hoje há Avante!

  DESTAQUES: 
Intensificar o protesto e a luta
O Conselho Nacional da CGTP-IN convocou, para 19 de Março, um «dia de indignação e de protesto dos trabalhadores dos sectores público e privado, dos jovens com vínculos precários, dos desempregados e dos pensionistas e reformados, contra o desemprego, as injustiças e as desigualdades, pela mudança de políticas».
Urge romper o ciclo vicioso da precariedade
O Governo do PS tem em preparação novas medidas para acentuar a precarização e a perda de direitos. Trata-se de acelerar e intensificar o processo de exploração dos trabalhadores, linha de rumo que o PCP condena e rejeita.
Greve pára empresa
Os trabalhadores da cimenteira de Setúbal não aceitam que lhes sejam negados aumentos salariais quando a Secil e o Grupo Semapa dão lucros milionários aos accionistas e estão dispostos a lutar.
Agressões e ameaças
Dia 18, em Murça, a GNR apreendeu o equipamento sonoro da Comissão de Utentes Contra as Portagens nas SCUT, e membros da comitiva do Governo tentaram agredir vitivinicultores do Douro.
Reformas já tardam
Dois milhões de pessoas voltaram a ocupar, dia 18, a Praça Tahrir, exigindo reformas democráticas, como o fim do estado de emergência, a libertação do presos políticos e a formação de um governo provisório.
PCP
O Avante! assinala no próximo número o 90.º aniversário do PCP com uma edição especial. As organizações que pretendam reforçar as suas encomendas devem fazê-lo até 28 de Fevereiro junto da Editorial Avante!
Solução é produzir
A resposta ao declínio económico e social do País exige uma política que promova o desenvolvimento, garanta o pleno emprego, salários dignos e a defesa e afirmação do aparelho produtivo nacional.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

notas (líbias?) À SOLTA

Em papel de toalha de mesa de almoço sozinho e a ver o telejornal:

1. É verdadeiramente extraordinária a incapacidade de aprender alguma coisa com a vida, mesmo quando ela nos entra portas adentro, por parte de quem tende a tudo ver a preto e branco.

2. Estava certo, ao transcrever, noutro "post", uma "reflexão de Fidel", que iria provocar alguns sobressaltos. Óptimo!

3. A reflexão de Fidel é... uma reflexão. Não é para "pegar ou largar"! Li-a, e fez-me pensar. Porque não aproveitá-la para que, em outros, provocasse o mesmo efeito?

4. Todos os "levantamentos populares" parecem-me movimentos de massas do maior significado, e quero sublinhar essa sua histórica dimensão. De nenhum modo os reduziria a "manipulações" ou provocações para um objectivo estratégico. Não tenho é dúvidas de que há todo um esforço para os "recuperar", num aproveitamento estratégico a posteriori, no quadro de conceitos estratégicos sempre em elaboração e revisão!

5. A propósito de "recuperações", quase todos os ditadores das ex-colónias (e nem todos o serão...) foram lutadores pela independência (política) dos seus países, depois "recuperados" pelo imperialismo para se tornarem "democratas acidentais" (ou "à maneira"... ocidental), até se comprovarem, por força de acção das massas, efectivamente ditadores (e com "denominação de origem"), para quem o imperialismo procura afanosamente "soluções" de substituição.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A MÁ CONSCIÊNCIA DO PRESIDENTE DO IEFP E OS “DESAPARECIDOS” DOS FICHEIROS DOS CENTROS DE EMPREGO

Num artigo assinado e publicado no Jornal de Negócios de 21/2/2011, a propósito de responder a Camilo Lourenço, o presidente do IEFP, faz-me um ataque pessoal.

É evidente que não vou descer ao nível de Francisco Madelino que, à falta de argumentos, substitui o debate objectivo e fundamentado por ataques que revelam um anticomunismo primário e a falta de espírito democrático.

Para que o leitor possa apreciar o teor dos argumentos utilizados pelo presidente do IEFP vou transcrever algumas das suas palavras.

Segundo ele a analise que faço dos números do desemprego registado divulgados mensalmente pelo IEFP são “panfletos dum conhecido economista do agitrop comunista, há quarenta anos, ex-deputado e ex-director geral em 1975”.

O objectivo é claro: desacreditar aquelas análises com o pretexto que são orientadas por critérios político-partidários.

Mas deixemos este tipo de linguagem, que só caracteriza quem a utiliza (faz lembrar os tempos negros do salazarismo) e passemos aos factos para que o leitor possa ele próprio tirar as suas conclusões.

Os dados que vou utilizar constam da Informação Mensal sobre o mercado de emprego que está disponível no “site” do IEFP, portanto acessível ao leitor.

Todos os meses o IEFP divulga dados sobre o desemprego registado que, naturalmente, abrange apenas uma parte dos desempregados existentes no nosso País.

E isto porque não inclui os desempregados que não tomaram a iniciativa de se inscreveram nos Centros de Emprego e que, naturalmente, não são poucos por razões bem conhecidas.

Analisemos então os últimos números divulgados pelo IEFP, que são os de Janeiro de 2011.

Segundo o IEFP, no dia 1 de Janeiro de 2011, estavam inscritos nos Centros de Emprego 541.840 desempregados, que eram os que transitaram do fim do mês de Dezembro de 2010.

De acordo com a mesma Informação Mensal de Janeiro de 2011, inscreveram-se nos Centros de Emprego, durante o mês de Janeiro deste ano, 63.269 desempregados, e o IEFP colocou (arranjou emprego) para 4.327 desempregados.

Fazendo contas simples deviam existir inscritos nos Centros de Emprego, no fim do mês de Janeiro deste ano, 600.782 (541.840+63.269-4.327).

No entanto, na Informação Mensal referente a Janeiro de 2011 sobre o mercado de emprego publicada pelo IEFP, este informa que existiam, no fim do mês de Janeiro de 2011, apenas 557.244 desempregados inscritos nos Centros de Emprego.

Portanto, como é fácil concluir desapareceram dos ficheiros dos Centros de Emprego 43.538 (600.782-557.244) desempregados.

E o IEFP continua a não explicar a razão deste “desaparecimento”.

Perante esta diferença o que tenho feito é o seguinte: alerto a opinião pública, nos estudos que faço, para a discrepância que existe nos dados divulgados pelo IEFP e para a necessidade, por uma questão de transparência, do IEFP incluir na Informação que divulga mensalmente não só o desemprego registado, como faz, mas também o número de “desaparecidos” e as razões que levam o IEFP a eliminar um numero tão elevado de desempregados, todos os meses (porque isso acontece em todos os meses) dos seus ficheiros.

E é este esclarecimento que o presidente do IEFP devia dar, mas que se tem sempre recusado.

O nosso povo tem um ditado muito apropriado que se aplica a situações como esta, e que é o seguinte:”quem não deve, não teme”.

Mas é evidente, que o presidente do IEFP ao recusar sistematicamente dar tal esclarecimento, mostra que teme.

É evidente também que este “desaparecimento” de um numero tão elevado de desempregados, no período imediatamente anterior à publicação dos dados sobre o desemprego registado, serve objectivamente os propósitos propagandísticos do governo.

É um “desaparecimento” minimamente muito conveniente.

Isso até pode ser uma razão que explica as quebras que se têm verificado em contra-ciclo com os dados do INE.

É evidente que após a sua eliminação, muitos desses desempregados tornam-se a inscrever nos Centros de Emprego por se terem apercebido que tinham sido eliminados administrativamente.

Por isso o argumento utilizado por Francisco Madelino de que isso não é verdade, porque a soma dos eliminados todos os meses daria ao fim de um ano, um número irreal, não colhe.

A verdade é que a sua eliminação antes da publicação dos dados mensais serve objectivamente o governo porque reduz o desemprego registado e, ainda por cima, sem qualquer explicação acaba por passar despercebido à opinião pública.

O desafio que fazemos ao presidente do IEFP é o que temos sempre feito, e que ele tem ignorado, que é o seguinte: que passe a divulgar mensalmente o numero dos desempregados “desaparecidos” dos ficheiros dos Centros do Emprego assim como as razões que levaram o IEFP a eliminar esse número tão elevado de desempregados.

Enquanto não fizer isso, a credibilidade dos dados do IEFP será reduzida, e não se livra da acusação de eles servirem os propósitos propagandísticos do governo.

Os trabalhadores do IEFP não têm qualquer responsabilidade porque se limitam a aplicar um regulamento aprovado pelo presidente do IEFP.

E isto apesar de Francisco Madelino os procurar envolver.

Para terminar quero deixar uma coisa clara: não é fazendo “queixinhas” ao secretário geral da CGTP, onde trabalho, como fez numa carta que lhe enviou e que foi publicada num jornal que me fará calar na defesa da verdade e que me impedirá de exercer o direito de liberdade de expressão consagrado na Constituição da República.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Breve nota de reacção a uns tais 58,6% de baixa de défice nas contas públicas

Ontem, fomos todo o dia massacrados com a notícia sobre os números da execução orçamental de Janeiro de 2011, e os comentários vindos do governo.

Na campanha a que Sócrates, acompanhado por uma coorte de ministros, deu início por Trás-os-Montes, esses números iam “em carteira” para serem glosados.

Mas, com franqueza, é preciso não exagerar.

Primeiro, tornar significativos os valores de execução orçamental do duodécimo de Janeiro é descaramento, depois, tornar estes, deste mês de Janeiro de 2011, num sinal é… forte descaramento.

Não foi em Janeiro de 2011 que começou a aplicar-se o novo IVA?

Não foi em Janeiro de 2011 que entraram em vigor outras medidas para aumentar as receitas a todo o custo (social, sobretudo)?

Não foi em Janeiro de 2011 que, do lado das despesas, começaram a ser aplicadas as medidas de contenção dirigidas aos trabalhadores, diminuindo os salários da função pública? e etc.

Então, que significado pode ter comparar com Janeiro de 2010?!

Há que impor limites a este tipo de informação em que os números, para terem credibilidade, até aparecem em percentagens com vírgulas e décimas ou centésimas.

Não vale abusar… tanto.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

TRABALHADORES AMERICANOS OCUPAM O CAPITÓLIO!

Milhares de sindicalistas e trabalhadores do estado americano de Wisconsin ocuparam o edifício do Capitólio, onde funciona o parlamento estadual.

É um acto de protesto contra o governador do estado, alcunhado de "Hosni Walker", numa comparação directa com o deposto ditador egípcio.

Os trabalhadores protestam contra a tentativa de eliminação dos seus direitos adquiridos na proposta do orçamento estadual.

Os media que se auto-apregoam como "referência" procuram ocultar esta movimentação da classe operária dos EUA.


Publicado no Resistir.Info

sábado, 19 de fevereiro de 2011

GALP, um escândalo: Especulação dá 156 milhões de euros de lucro em 2010

Sempre que o problema dos preços dos combustíveis em Portugal chega aos meios de comunicação, os representantes das petrolíferas atribuem a responsabilidade à elevada carga fiscal, o que não inteiramente verdade, o governo e a inútil Autoridade para a Concorrência respondem com um silêncio aquiescente.

Como Eugénio Rosa demonstra neste texto com base em números divulgados pelo ministério da Economia e pela própria GALP, esta petrolífera portuguesa “obteve em 2010 elevados lucros praticando também preços sem impostos superiores aos da maioria dos países da União Europeia”.

Mas num Estado de classe ao serviço do grande capital, os governos são meros gestores dos interesses da classe dominante.

É por isso que “os italianos da ENI, e Américo Amorim e os angolanos da Amorim Energia (no conjunto detêm 66% do capital da GALP) não pagam qualquer imposto em Portugal pelos dividendos que recebem [da GALP] (artº 14º do Código IRC).”



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Da Banca ao serviço do povo à banca ao serviço de alguns

As grandes vantagens da privatização da Banca

1 – Com a privatização da banca surgiram novos bancos ligados a interesses político partidários, como o BPN com figuras gradas do PSD, tendo beneficiado um conjunto de empresários e personalidades conotadas com aquele partido.

2 – Com as privatizações o Totta caiu nas mãos dos espanhóis, do Santander.

Agora segundo ex-quadros de topo deste banco fica-se a saber que nos últimos anos foram movimentados 350 milhões de dólares pelas praças financeiras do Luxemburgo, de Londres e das ilhas Caimão.

Este movimento aumentava os custos em Portugal, reduzindo a matéria colectável e ampliava os lucros na conta do paraíso fiscal.

Isto é, sai prejudicado o país e os cofres do Estado.

3 – No BPP foi divulgada a lista de cinco mil credores, com figuras do futebol, empresários e figuras partidárias ligadas ao PS e ao PSD.

E, todos estes, não evitaram o afundamento do banco.

E como é evidente isto é apenas a ponta visível do iceberg.

Mas então as privatizações não foram benéficas?

Claro que foram para todos aqueles que têm ganho milhões e milhões à custa do erário público....e não só.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Hoje há Avante!

  DESTAQUES: 
 
Determinação em prosseguir a luta pelo socialismo
O Comité Central do PCP, na sua reunião de 11 e 12 de Fevereiro de 2011, analisou a evolução da situação política nacional, marcada pelo aprofundamento da política de direita, que tem conduzido o País à situação de declínio económico e social. O Comité Central do PCP analisou igualmente alguns aspectos do desenvolvimento da situação internacional, que continua a ter como pano de fundo o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo. O Comité Central avaliou ainda as principais linhas de intervenção para o prosseguimento da luta de massas pela necessária ruptura e mudança, e aprovou um conjunto de linhas de trabalho para o reforço orgânico e da intervenção do Partido. Aprovou também uma Resolução sobre o 90.º aniversário do PCP.
A inabalável força da unidade
Endurecer as formas de luta para impedir os cortes salariais, exigir respeito pela contratação colectiva e emprego com direitos, e combater a precariedade foram decisões saídas dos plenários que reflectiram a unidade demonstrada durante a semana de greves no sector dos transportes e comunicações. 
Novas ameaças
No debate quinzenal sobre a «governação económica», na Assembleia da República, Jerónimo de Sousa deixou claro que os planos da União Europeia estão em linha com os interesses do grande capital e que estão na calha novos ataques a direitos sociais 
Marx e Engels
A correspondência de Marx e Engels passa a ser publicada regularmente na secção Argumentos. Nesta edição, carta de Marx a Ludwig Kugelmann (em Hannover). A selecção é de Francisco Melo e a tradução está a cargo de José Barata-Moura e João Pedro Gomes. 
A primeira vitória
Queda de Mubarak, marca o início de uma nova fase no Egipto. Comunistas convocam manifestação para «comemorar a revolução» e mobilizar o povo para que se assuma como «o actor principal e garante de que o processo revolucionário seguirá a direcção justa».

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Contributos para um dicionário de “canalhês”

A língua portuguesa tem sido “enriquecida” ao longo dos anos por expressões e palavras muito caras ao capitalismo, sobretudo nesta fase decadente e asquerosa do neoliberalismo. 
Assim, para além de palavras que, inexplicavelmente, recusam qualquer tentativa de tradução para a lusa língua, como as famosas factoringvendingdownsising, marketing, outsourcing, know-how, management... and so on... perdão, e por ai adiante.
Para além destas, temos outras expressões, já em português, mas que revelam toda a criatividade que subjaz ao espírito do típico empreendedorismo (esta é uma) do “xico esperto” neoliberal (outra).
Lembrei-me disto enquanto escutava as mais recentes "conversetas" do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, sobre os números da nossa economia... e também ao ler a notícia que me dava conta de uma brilhante solução da IKEA, na forma de uma “Fundação” num “offshore” (mais outra), solução "legal" que já lhe permitiu “poupar” milhares de milhões de euros em impostos, operação a que dão um nome que praticamente todos os bancos, grandes grupos económicos e empresas utilizam: “planeamento fiscal”.
Sem mais, aqui fica um singelo e curto contributo (a lista seria interminável) para o “Dicionário de Canalhês”, começando nas poucas que já referi, juntando mais umas tantas e acabando neste inefável “planeamento fiscal”.
Colaboradores – funcionários, empregados, assalariados, trabalhadores.
Paralelismo na formação dos preços finais – cartelização mafiosa, combinação de preços (por exemplo, nos preços dos combustíveis).
Empreendedorismo – sacar subsídio público, exploração, aldrabice, “xico-espertismo”
Neoliberal – capitalista ainda com menos escrúpulos que os restantes
Zona franca (offshore) – antro de vigaristas
Concertação social – negociata entre o governo e os patrões (quase sempre)
Fragilidades do ponto de vista prudencial – batota, contabilidade “martelada”
Planeamento fiscal – fuga ao fisco (sim, aquela fuga ao fisco que faz “quinar” e ser preso ou penhorado qualquer pequeno empresário ou um cidadão particular)
Sei que isto não deu nem para uma página do dicionário... mas também sei que a vossa imaginação é fértil.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TIRANIAS

De um modo geral, toda a gente se manifestou satisfeita com a demissão do ditador egípcio: uns, porque ficaram mesmo satisfeitos; outros, porque... ficaria mal não mostrarem satisfação (mesmo depois de terem apoiado o tirano durante décadas...)

Há também os que, não tendo ficado nada satisfeitos com a demissão de Mubarak, não ousam tornar pública a sua insatisfação - porque não fica bem...

E há, ainda, os que, incapazes de esconder o que pensam, e sentindo-se à vontade para exibir o que lhes vai naialma, manifestam publicamente a sua insatisfação - de moca afiada, como manda a tradição...

Está neste caso Alberto Gonçalves, sociólogo dominical do Diário de Notícias, reaccionarão dos quatro costados com frequentes assomos fascizantes, versão actual dos salazarentos escribas do antigamente.

Escreve ele, o sociólogo dominical, que «o combate à tirania de Mubarak faz-se em nome de uma tirania imensamente pior» - isto porque, desabafa o Gonçalves, «o que a maioria ruidosa ou silenciosa de egípcios quer é uma possibilidade de viver sob a barbárie da shari».

Estão a ver?: para o Gonçalves era muito melhor ficar tudo como estava: com «o nosso ditador» - que é bom porque é «o nosso»; com «a nossa tirania»- que é boa porque é «a nossa»; com «a nossa barbárie»- que é boa porque é «a nossa».

Assim, para o sociólogo dominical a opção é entre uma «tirania» e outra «tirania» - uma boa, «a nossa», outra má, «a deles», dos islamistas... - e mais nada.

Pelo que, se os milhões que derrubaram o ditador que durante trinta anos os oprimiu, vierem dizer que não querem mais tiranias - nem «boas», nem «más», nem a tirania de Mubarak recauchutada - estou em crer que o Gonçalves entra em parafuso...

E se esses mesmos milhões vierem dizer que desejam viver num pais democrático e independente, em que os seus direitos económicos, políticos, sociais, culturais, humanos, sejam respeitados... bom, aí o sociólogo dominical rebentará de raiva - porque essa seria, para ele, a pior de todas as «tiranias»... que haveria que esmagar a ferro e fogo, à boa maneira «islamista» que é gémea da boa maneira «ocidental»...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ainda os Lucros da Banca Privada

Perante o escândalo, de apesar do elevado volume de lucros dos principais bancos privados, os impostos pagos terem sido menos de metade de 2009, logo surgiram as justificações para enganar o povo.

Justificações avançadas: 
1. A redução dos encargos fiscais resultou do facto destes bancos privados nacionais terem aumentado a sua actividade fora do país;

2. Estas reduções devem-se a créditos fiscais acrescidos resultantes de alterações aprovadas com o OE para 2010.

Este tipo de justificação levou-me a olhar com mais cuidado para os resultados divulgados por estes mesmos bancos e a partir daí concluir.

Se é verdade que BCP, BES e BPI aumentaram em 2010 a sua actividade no exterior, não foi por isso que a sua carga fiscal diminuiu, antes pelo contrário, o peso dos impostos pagos no exterior em  2010 por estes bancos subiu de 51,4 milhões de euros em 2009 para 87,2 milhões em 2010 e só assim foi possível evitar que a queda nos impostos pagos por estes bancos fosse ainda maior, até porque espantosamente estes 3 Bancos apesar de terem tido em 2010, 599,1 milhões de euros de resultados antes de impostos pela sua actividade desenvolvida em Portugal, apresentam um crédito fiscal de 52,3 milhões de euros. 
Não fosse o imposto pago pelo Santander/Totta pela actividade desenvolvida em Portugal e teríamos em 2010 este facto surreal de o Estado não arrecadar um euro de imposto com a actividade desenvolvida por estes principais bancos privados nacionais no nosso país.

Conclui-se daqui que as alterações fiscais aprovadas com o OE para 2010, no passado mês de Abril, se representaram mais impostos sobre as famílias e muitas pequenas e médias empresas, não impediram que o sector financeiro continuasse a ter milhões e milhões de créditos fiscais, que agora fez repercutir nos resultados de 2010.

É dificil aceitar, parece mentira, mas é verdade, em 2010 quando a carga fiscal subiu para milhões de portugueses, o conjunto dos 4 principais Bancos Privados pagou muito menos IRC, apenas 7,5% e só não pagou ainda menos porque a actividade no exterior foi taxada a 12,2%.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Escândalo na Banca

Acabaram de ser divulgados os resultados obtidos em 2010 pelos 4 principais bancos nacionais privados: BCP, BES, Santander/Totta e BPI.

O conjunto dos lucros líquidos (depois de impostos) obtidos por estes bancos acendem a 1 431 milhões de euros, valor praticamente idêntico ao obtido em 2009.
 
Como se vê as coisas não correram nada mal aos principais bancos, antes pelo contrário.
 
Mas o mais surpreendente nesta divulgação de resultados diz respeito aos impostos pagos por estes mesmos bancos.
 
Se é verdade que os lucros vão de vento em popa - 3,9 milhões de euros por dia em 2010 - surpreendentemente os impostos pagos passaram de 306,8 milhões de euros em 2009 para 138,4 milhões em 2010. 
Ou seja, apesar de terem mantido o mesmo nível de lucros de 2009, estes 4 principais bancos nacionais privados tiveram em 2010 o engenho e a arte para pagar menos 168,4 milhões de euros, menos 54,9% do que em 2009.
 
Vale ainda a pena lembrar, que a taxa de IRC que corresponde a este imposto pago por estes bancos é de 7,5% e se eles tivessem pago a taxa efectiva de 25% teriam pago 464 milhões de euros.
 
O planeamento fiscal rendeu a estes bancos simplesmente 295,9 milhões de euros de poupança.
 
Como é possível, que ao mesmo tempo que o IRS subiu para os trabalhadores, o IRC tenha descido en flecha para a banca?
 
Num momento em que os trabalhadores tomam conhecimento das novas tabelas de retenção de IRS para 2001, as quais vão conduzir a uma quebra ainda maior nos seus salários líquidos, esta notícia da banca constitui um verdadeiro escandalo, a que há que pôr cobro.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Demissão de Mubarak: uma importante vitória popular num processo que não terminou

A demissão de Mubarak, antecedida pelas declarações desde ontem de Mubarak, dos militares e agora de Omar Suleiman apresentam aspectos não coincidentes que reflectem a contínua e crescente pressão das massas populares, mas também a ingerêcia dos EUA, da Arábia Saudita, de Israel. 
Todos estes aflitos com uma mudança do papel do Egipto quer na consolidação de regimes semelhantes na região quer na política em relação a Israel e aos palestinianos. 
E os EUA a trabalharem para "soluções" que garantam da melhor forma os interesses dos EUA.

Seja qual fôr o grau de envolvimento dos militares na execução efectiva das principais reivindicações populares, nada ficará na mesma naquela região.  
A pressão popular irá influenciar decisões sobre as condições de vida. 
A capacidade  de ingerência dos EUA, UE e Israel poderá ficar reduzida.
Não será um caminho fácil nem linear o desta revolução como o não é o de outra qualquer.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Hoje há Avante!

  DESTAQUES: 
Moradores sem «dinheiro para comer»
Diz a Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 65.º, que «todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar». Um direito ignorado pelo Governo que impôs, no início do mês de Fevereiro, aos moradores dos bairros sociais, actualizações dos preços das rendas imorais e incomportáveis. A este ataque desumano, o PS, com o apoio do PSD, através da aprovação do Orçamento do Estado, veio acrescentar outros cortes ao nível dos apoios sociais, que se materializam nas mais diversas áreas da intervenção do Estado Social, numa clara opção política que mantém intocáveis os lucros do grande capital em detrimento das populações mais desfavorecidas.
 
resistir
Ao proletariado de Portugal. Foi com estas palavras, impressas na manchete da primeira edição do Avante!, a 15 de Fevereiro de 1931, que começou esta caminhada de 80 anos assinalada nesta edição. Nesse ano distante construía-se já no País aquela que foi a mais longa ditadura fascista da Europa, que oprimia e favorecia a cruel exploração dos trabalhadores pelos potentados económicos e calava qualquer anseio de liberdade, democracia e justiça. O movimento sindical e operário foi esmagado, os partidos proibidos, assim como os seus periódicos. Só o PCP optou por resistir e prosseguir o combate – mas tal obrigava a que o fizesse na mais rigorosa clandestinidade, enfrentando a feroz perseguição dos esbirros do fascismo. 
Travam acesso à saúde
PS, PSD e CDS/PP rejeitaram os projectos de lei do PCP e do BE visando eliminar as taxas moderadoras na Saúde, contribuindo assim para que o acesso à saúde em vez de ser tendencialmente gratuito, seja tendencialmente cada vez mais caro. 
Onda de revoltas
A Praça Tahrir, no Egipto, foi ontem pequena para acolher a maior manifestação até realizada a exigir a queda do regime de Mubarak. Novas manifestações estão marcadas para amanhã. O mundo árabe agita-se numa onda de revoltas.
Biblioteca Avante!
Com este número do jornal Avante! é posto à venda o novo livro da Biblioteca Avante!, Nenhum Homem é Estrangeiro, da autoria do escritor norte-americano Joseph North. O preço de capa é de 9 euros e cinquenta cêntimos.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Onde está o crime?

Verdadeiramente chocado!

Curiosamente, a informação a que mais atento estou é aquela que ouço enquanto conduzo.

Nada me distrai... além da condução, claro!

Por isso, mas não só, estou chocado.

Após o noticiário das 13 horas, a RDP1 faz a actualização das notícias sobre a zona a que as suas capacidades de penetração têm capacidade.

E ouvi o responsável pela Polícia de Segurança Pública de Castelo Branco, depois de uma lenga-lenga do primeiro ministro em Penamar sobre nem-sei-o-quê de feixos ópticos e informática, dizer que o tipo de crimes que está a aumentar na área de sua jurisdição é o de furtos em habitações exclusivamente para o roubo de alimentos, em dispensas, frigoríficos e geladeiras.

Importa sublinhar isto e perguntar:

onde está o crime?

No chamado furto ou nas causas que levaram a esse tipo de furtos?!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

MAS...

Fazendo o balanço à evolução da postura dos EUA face à situação no Egipto, constata-se que:

primeiro, reafirmaram o seu apoio ao regime de Mubarak - era esse, então, o caminho para manter tudo como está há 30 anos;

depois, quando as manifestações de massas atingiram maior dimensão e o regime tremeu, correram a dizer que era necessário mudar, mas que a «transição» tinha que ser «democrática e pacífica» - para manter tudo como está há 30 anos;

na fase seguinte, quando dois milhões de egípcios encheram as ruas das principais cidades do país, exigiram «a transição, agora», e avisaram, severos: «agora, quer dizer: agora» - para manter tudo como está há 30 anos;

entretanto, foram manobrando como só eles sabem, puxando todos os cordelinhos necessários para que «a transição», quando chegar, permita manter tudo como está há 30 anos;

ontem, vieram dizer que «em vez da saída imediata de Mubarak, preferem uma transição gradual». Porque, dizem, «se ele saísse agora, não haveria tempo para organizar eleições credíveis». Assim, declaram o seu apoio ao Mubarak, ao Suleiman, enfim a todos os que estão em condições de assegurar «eleições credíveis»... - para manter tudo como está há 30 anos.

Mas, como se fartaram de garantir, nada de ingerências nos problemas internos do Egipto...

Ontem mesmo, Hillary Clinton, em tom sério, explicava: «não devemos dizer aos egípcios: «queremos que façam isto».

Isso nunca! Era o que faltava!

E, sempre sem se rir, a Clinton explicou: «O que dizemos aos egípcios é: " é isto que queremos ver feito no fim do processo"».

A diferença entre o que «não devemos dizer» e «o que dizemos» é substancial, como se vê...

E é nessa diferença que reside o segredo para manter tudo como está há 30 anos.

Entretanto, «a Praça Tahrir continua ocupada por milhares de pessoas».

Dado crucial, esse, na medida em que é no prosseguimento da luta das massas populares que reside o outro segredo: o da mudança de facto...

Objectivo difícil, muito difícil, de alcançar. Mas...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Base de dados da PSP – Informação é poder

Se a prezada leitora, ou leitor, por uma questão de simples bisbilhotice, para fazer um doutoramento em “boa vizinhança”, ou mesmo para fazer mal a alguém, quiser informar-se sobre os seus semelhantes, saber das suas inclinações político-ideológicas, clube de futebol, filiação sindical, confissão religiosa, etc., ... com sorte, até as preferências sexuais e hábitos mais íntimos... não desanime por já não existir a PIDE, nem por não poder consultar os seus arquivos.

Dirija-se à PSP e à sua base de dados.

Na melhor das hipóteses, está lá tudo o que quer saber.

A base de dados é ilegal... mas desde quando é que isso “impressiona” a nossa polícia?

Não... não foi para isto que se fez o 25 de Abril!


Samuel no Cantigueiro
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR