quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O “milagre económico” do governo e o descalabro real do país

O governo e os seus acólitos e propagandistas têm em curso uma colossal operação de propaganda anunciando resultados económicos de milagrosa recuperação. 
Mas todos os indicadores da economia real mostram o contrário: prossegue a queda da riqueza produzida, do consumo das famílias, do investimento, da procura interna. 
Aumenta de forma incomportável a dívida pública. 
A “descida” do desemprego significa apenas que mais centenas de milhares de trabalhadores são obrigados a emigrar. 
Aumentam a pobreza e a desigualdade. 
A única garantia de recuperação é correr com este governo e pôr fim a esta política.

Ver o artigo de Eugénio Rosa no ODiario.Info.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

«Wall Street é o equivalente moderno da mafia»

Entrevista com Martin Scorcese

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sabia isto acerca da Síria?


A família Assad pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid.

As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e educação.

Na Síria as mulheres não são obrigadas a usar Burca. A Xariá (lei Islâmica) é inconstitucional.

A Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos.

Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social.

Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.

A Síria é o único país do mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar.

A Síria tem uma abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe.
Ao longo da história houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na zona.

Antes da guerra civil a Síria era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.

A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.

A Síria foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma descriminação social, política ou religiosa.

Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado.

Sabia que a Síria possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais?

Talvez agora se consiga compreender melhor a razão de tanto interesse pela Síria!

Publicado no Abril de Novo

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Nenhum sistema público de investigação e ciência se pode construir com base na precariedade

A declaração política que o PCP levou hoje à tribuna da Assembleia da República, Rita Rato afirmou que tudo faremos para responsabilizar o Governo e o Ministro da Educação e Ciência da decisão inaceitável de desmantelamento do SCTN, em defesa da dignidade na vida de milhares de pessoas, em defesa de um trabalho de décadas, em defesa de uma país mais justo e soberano que concretize os valores de Abril no futuro de Portugal.

A comunicação do regime

No léxico comunicacional dominante, o “regime” é um exclusivo dos países que quem manda nos media decidiu hostilizar.

A Coreia do Norte tem regime, mas a Coreia do Sul não tem.

Na América Latina há um regime e meio. Cuba tem sempre um regime.
A Venezuela tem dias: quando se trata de atacar a legitimidade do Governo de Nicolas Maduro, há o regime de Nicolas Maduro. Quando se trata de celebrar acordos comerciais com a Venezuela, já não há regime.
No resto das Américas, ainda não há regimes, mas há países que, pelas orientações progressistas que prosseguem, ainda se arriscam a ter regime.

Em África, há um sector dos media que elege Angola como um dos poucos países africanos que tem regime. O regime de Eduardo dos Santos.
Na CPLP, mais ninguém tem regime. E mesmo Angola, tem dias.
O Zimbabwe de Mugabe passou por uns tempos em que tinha regime, mas tem andado esquecido. Deixou de ser uma prioridade mediática e perdeu o regime, até ver.

No Médio Oriente, só há dois regimes: o da Síria e o do Irão.
Felizmente para o Katar, para o Bahrem, ou para a Arábia Saudita, que aí não há regimes.
Como já não há regimes no Iraque ou na Líbia. Aí a situação conheceu uma grande mobilidade. Sadam e Kadafi viveram muitos anos no poder sem ter regime. Mas um belo dia passaram a ter regime e foram apeados pelas armas para que os respectivos países deixassem de ter regime. Hoje já não há regimes nesses países.

A China é um caso paradigmático. Quando se trata de noticiar condenáveis casos de corrupção muito semelhantes aos que ocorrem em países onde não há regime, dá-se mesmo um upgrade, e refere-se o regime comunista, em caixa alta e com símbolos coloridos em fundo, mas quando se trata de noticiar a venda da EDP ou dos seguros da Caixa a chineses, o regime subitamente eclipsa-se, e os chineses passam a ser unicamente chineses, ou seja, deixam de ter regime.

Na Europa, a Rússia voltou de há uns anos para cá a ter regime. Com o fim da URSS deixou de haver regime, mas como os oligarcas russos decidiram guardar para si os proventos da restauração capitalista, frustrando as expectativas dos oligarcas de outras paragens, voltaram a ter regime.
Eles e todos os que se queiram dar bem como eles: Ucrânias, Biolorrússias e seja quem for.
A Ucrânia está dividida: há os que lutam pelo regime e os que lutam para não ter regime.

António Filipe no Facebook.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A DENÚNCIA, O SILÊNCIO E A INFÂMIA


A revelação de Manuela Ferreira Leite, em programa televisivo na 5ª feira à noite, foi seguida por um silêncio quase sepulcral. Nenhum dos jornais que se auto-proclamam como "referência" mencionou o assunto. A excepção honrosa foi o jornal i . 


Pela boca da ex-ministra das Finanças e antiga dirigente do PSD ficou-se a saber que:

     1) o governo P.Coelho-P.Portas fez uma reserva oculta de 533 milhões no Orçamento de Estado de 2014;

     2) que tal reserva daria para cobrir folgadamente as consequências do chumbo no Tribunal Constitucional – "ainda sobrariam 200 milhões", disse ela;

   3) que portanto a sanha persecutória do governo contra os reformados, com cortes drásticos nas pensões, não tem qualquer razão de ser;

   4) que desconhece a que se destina o enorme "fundo de maneio" de 533 milhões à disposição da actual ministra das Finanças – "no meu tempo este fundo era apenas de 150 milhões", disse Ferreira Leite.
Verifica-se assim que a infâmia do governo Coelho-Portas é ainda maior do que se pensava. 

Há recursos orçamentais vultosos que são sonegados, reservados a finalidades desconhecidas do público. 

E, apesar disso, o governo pratica uma nova e brutal punção sobre os magros rendimentos dos pensionistas.

In Resistir.info

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Muitas barricadas, um planeta


Palpitam as veias abertas do nosso planeta. Enquanto a tirania se lança sobre todos, cada povo levanta a sua barricada. 
Já não vivemos os tempos em que se proclamava o fim da história. 
Na antiga capital de Castela, a população do bairro Gamonal subleva-se contra a construção de um dispendioso boulevard. Ardem contentores do lixo e as ruas estão bloqueadas com destroços. Sob ordens da autarquia, a polícia avança sobre quem protesta. 
Repetem-se as imagens em Hamburgo. Incontroláveis, milhares de jovens resistem, dia após dia, à repressão. Tudo começou com o despejo de um centro social. O governo alemão decretou o estado de emergência para poder reprimir indiscriminadamente. Há 91 anos, foi ali que a população se levantou em armas e tomou o poder durante três dias sob orientação dos comunistas. 
No País Basco, mais de 130 mil pessoas invadiram as ruas de Bilbau para responder com amor aos seus heróis que apodrecem nas prisões espanholas e francesas. 
Também os colombianos se revoltam em Bogotá. A procuradoria destituiu o ex-guerrilheiro que dirige a autarquia da capital por ter reestruturado a forma como se recolhia o lixo. Um golpe de Estado que só seria possível numa novela de García Márquez. À frente da varanda da presidência e perante milhares de pessoas, Gustavo Petro já anunciou que vai resistir à decisão e pede uma muralha popular contra o fascismo. 
Ao mesmo tempo, a América Latina exige a libertação de Francisco Toloza, dirigente da esquerda colombiana sequestrado pelo Estado. 
Mais a norte, no México, os corredores do poder remoem-se em preocupações. Centenas de mexicanos organizam-se com as suas próprias armas para fazer frente ao narcotráfico e à máfia. São os próprios que defendem as suas cidades num ambiente de terror em que a própria polícia está comprada pelos traficantes. 
E bem no coração de Paris, ao mesmo tempo que em Istambul, é o grito indignado do povo curdo que não deixa cair no esquecimento o triplo homicídio de militantes da guerrilha independentista PKK. Há um ano, Fidan, Sakine e Leyla foram assassinadas na capital francesa e todavia não há respostas por parte do Estado francês. 
O que também pouco muda é o silêncio sobre a luta do povo sarauí que completa mais de 40 anos pela libertação nacional e social. 
E percorrendo cada estrada, cada caminho de terra batida, havíamos de tropeçar com a resistência de povos que fazem peito ao capitalismo. 
Só passaram catorze dias sobre 2014 e já não há dúvidas de que ficará para a história como mais um ano marcado pela luta.

Publicado por Bruno Carvalho no MANIFESTO74.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A má distribuição da carga fiscal em Portugal, o agravamento das desigualdade e a manipulação do factor de sustentabilidade


É habitual a afirmação de que a carga fiscal em Portugal é muito elevada, atingindo já níveis incomportáveis. 

No entanto, quando se fazem comparações internacionais nomeadamente com os países que integram a UE, os dados parecem não confirmar tal afirmação.

Ver aqui o texto em PDF de Eugénio Rosa e publicado no ODiario.info.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A normalização da pobreza

No outro dia fui a um supermercado e quando estava na fila para pagar, vi que atrás de mim estava um rapaz que trabalha numa oficina onde costumo ir. Reparei que trazia com ele a filha. Pensei: "o rapaz que costumo ver manchado de óleo tem, pelo menos, uma filha e pode ter mais. Evidentemente ele come, tal como os seus filhos, a sua mulher, se existir e, por isso faz compras." e continuei..."ele não deve ganhar muito na oficina, provavelmente salário mínimo... como pode alimentar a família com um salário mínimo? ou talvez dois se a mulher estiver empregada..." e fiquei a olhar, confesso.

A resposta foi fulgurante quando o rapaz encheu o tabuleiro rolante com pacotes de arroz e latas de atum.
Arroz. Atum enlatado. Nada mais.

Há uns anos atrás, antes da nova vaga da crise sistémica do capitalismo, as dificuldades existiam, sem dúvida. O capitalismo nunca teve como objectivo o desenvolvimento humano, mas em alguns momentos, esse desenvolvimento foi um sub-produto do capitalismo. Não pode, no entanto, tal desenvolvimento continuar, pelo simples facto de que o capitalismo aproxima-se aceleradamente dos seus limites materiais e, esperemos, dos seus limites históricos. 

Que a um idoso fosse roubada uma parte de uma reforma.
Que a um trabalhador fossem roubados dois salários.
Que aos jovens fosse negado o direito a estudar e a aprender.
Que aos portugueses fosse negado o direito à Cultura.
Que gente morresse às portas dos hospitais porque não tem dinheiro.
Que as crianças tenham fome, cada vez mais fome e cada vez mais crianças com fome.
Que as filas do desemprego se encham de novos e velhos, de cabeça baixa ante a tristeza da inutilidade a que os "mercados" os votaram.
Que famílias inteiras vivam da mendicância.
Que nos orgulhemos de ser um povo que dá muito ao banco alimentar.
Que as fábricas fechem enquanto ficamos sem trabalho.
Que os jovens partam tristes.
Que os pais chorem a partida dos filhos tristes.
Que ter alimento seja "sorte" e ter "saúde" seja graças a deus.
Que gente que trabalha esteja condenada a comer arroz com atum enlatado, por vezes talvez nem isso.

Com tudo isso nos indignaríamos à explosão. Mas fomos neutralizados, os nossos limites da tolerância perante a miséria foram movidos, gradualmente. Fomos delicadamente treinados a aceitar o que antes jamais poderíamos aceitar. Delicadamente mesmo quando à força, porque fomos confrontados com uma técnica de choque e espanto que nos impõe a miséria como facto consumado, mas crescente. E antes do choque e espanto fomos chamados a escolher os nossos próprios carrascos, entre PS e PSD. 

Mesmo os que lutam, mesmo os que se indignam, viram movidos os limites da indignação, porque não são imunes. E a sociedade estará em movimento de progresso quando a nossa indignação for mais sensível e não, como agora, se torne cada vez mais um atributo humano em contracção. 

A normalização da indignidade faz dela regra. A normalização da indignidade é o fascismo.

Quanto mais indigna é a vida mais dificilmente nos indignamos. 


Publicado por Miguel Tiago no Manifesto74.
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR