domingo, 31 de julho de 2011

Verdadeiramente antológico

Fernando Samuel, cumprindo o seu "serviço público", obrigação de cada um de nós (e de todos) de se informar e de informar - no cravo de abril, pelo que se conhece... -, dá-nos a conhecer tanta coisa que nos passaria ao lado sem a sua ajuda!

Como esta resposta de Manuel Villaverde Cabral, numa entrevista ao DN, que é... verdadeiramente antológica:

«(...)o PS, tendo tido a missão histórica ingrata de desfazer a revolução do 25 de Abril - e ter desfeito bastante - não conseguiu desfazer tudo»...

Lá ingrata (e mais!) terá sido!, para os socialistas, para os que no dito PS foram votando, ao longo destas décadas, como socialistas, como gente de esquerda, como trabalhadores, como povo. No entanto, para alguns dirigentes, eleitos e quejandos, foi missão cumprida com gosto e alegria, com proveitos e proventos.

E lá vão passando testemunho, sem mudarem de política, de criadores de ilusões em fazedores de desiludidos, alguns disponíveis para, de novo e recorrentemente, se iludirem.



sábado, 30 de julho de 2011

Na Líbia e no Kosovo, a NATO e os EUA estão com os terroristas da Al-Qaeda, na guerra que dizem ser "contra o terrorismo"

O assassinato do general Younes, criando divisões dentro dos rebeldes, acaba por reforçar o controle da NATO e dos EUA sobre a facção islamita, que é apoiada abertamente pela CIA e pelo MI6 inglês.

Também no Kosovo, o Exército de Libertação do Kosovo (KLA) era constituído por brigadas islâmicas filiadas na Al-Qaeda, ligadas ao narcotráfico e a outras formas de crime organizado.

O KLA era apoiado pela CIA, pelo CI6 inglês e pelo BND alemão.

A partir de 1997 o KLA conduziu assassinatos nas forças civis de oposição no Kosovo, incluindo os membros da Liga Democrática do Kosovo, liderada por Ibrahim Rugova.

Em 1999 foi usada como tropa de choque na guerra contra a Jugoslávia.

E alguns países, a começar pelos EUA, reconheceram a independência do Kosovo, na base do KLA.

"Estado-máfia" como a partir de então ficou conhecido, albergando a níveis superiores as actividades criminosas.

Os EUA e a NATO dizem que combatem o terrorismo mas na realidade estão a apoiá-lo e a financiá-lo.

Conduzem uma guerra santa contra o "terrorismo islâmico" mas apoiam forças jihadistas filiadas na Al-Qaeda que fazem parte da oposição a Kadhafi e que estão representadas no CNT.
 

sexta-feira, 29 de julho de 2011

BUZINAR, É PRECISO!

Como o governo não se farta de repetir, os sacrifícios são para todos - tanto para os 25 mais ricos como para os 25 mais pobres...

O governamental raciocínio é simples, claro e irrefutável: se tudo aumenta, aumenta para todos: assim, para os 25 mais ricos, aumenta a riqueza e para os 25 mais pobres, aumenta a pobreza...

A governamental decisão de manter o pagamento de portagens na Ponte 25 de Abril durante o mês de Agosto, é um exemplo flagrante da distribuição equitativa dos sacrifícios: paga o pobre e paga o rico:

assim, se o Amorim passar na Ponte no seu bruto carrão, paga portagem - que é para saber o que são sacrifícios...;

se for eu a passar, no meu bruto carrinho, pago portagem - que é para saber que «a crise toca a todos!»...

E é nesta governamental noção de justiça que reside o segredo da longevidade da política de direita - a qual, ao longo de mais de 35 anos, praticada pelos partidos da troika indígena, vem aumentando, harmoniosa e democraticamente, a riqueza e a pobreza...

Quem não vai nesta cantiga - e ainda bem - é a Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul, que ontem veio apelar à luta contra as portagens na Ponte 25 de Abril - não apenas as portagens de Agosto mas as portagens durante todo o ano.

E para lutar contra portagens não há como o BUZINÃO...

Por isso, na próxima segunda-feira, durante todo o dia - e de forma mais forte e concentrada às 18 horas - buzinar, é preciso!









quinta-feira, 28 de julho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Luta justa não desarma

Para fazer a afirmação pública de rejeição da política de direita e das medidas que as troikas aprovaram e que o Governo decidiu começar a aplicar, representantes dos trabalhadores da Função Pública iniciaram segunda-feira uma vigília que hoje conflui com o protesto nacional da CGTP-IN.
A grande festa do desporto para todos
Com o prestígio acumulado durante 35 anos de sucessos, e consagrado como um dos maiores eventos não federados do País, com milhares de participações em dezenas de modalidades, o Desporto na Festa apresenta-se este ano com um variado painel de modalidades, só possível graças à colaboração de centenas de associações desportivas e clubes sem os quais seria inviável tamanha dimensão do evento. Divulgar práticas salutares para todas as idades incentivando à sua universalidade e gratuitidade das respectivas práticas são propósito da Festa de um Partido que sempre fez do desporto de massas uma bandeira.
Semeia novas crises
As decisões tomadas na reunião extraordinária de chefes de Estado e de Governo da Zona Euro, dia 21, são mais um passo para limitar a soberania dos estados e geram sementes de novas e mais profundas crises.
Esperança traída
Egípcios acusam cúpula das forças armadas de trair as aspirações populares, procurando manter o fundamental do regime derrubado pela revolta de Janeiro/Fevereiro no país.«Mudámos um Mubarak por 18 mubarak’s», dizem.
Mitos e realidades
A gestão privada da Fertagus não apresenta qualquer vantagem para o Estado ou para os utentes em comparação com o actual serviço público da CP. Antes pelo contrário – os seus resultados alimentam-se da voraz pilhagem do erário público.

Renegociar antes de males maiores
Os partidos da troika interna inviabilizaram quarta-feira da semana passada o diploma do PCP para a renegociação da dívida pública. Ainda nem 24 horas haviam passado e novos desenvolvimentos no quadro da União Europeia vieram confirmar que o caminho nele apontado é inevitável.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

E esta, hem ? Com Vítor Gaspar, rumo à sociedade sem classes

Leio no Público de hoje que ontem na AR, o ministro da Finanças argumentou quer uma «mistificação imaginária» supor «que os detentores dos juros eram os donos das empresas quendo, na sua maioria, eram os assalariados e os pensionistas» [ o senhor ministro não se deu ao trabalho de nos explicar em termos de valor quais o juros recebidos pelos grandes accionistas e os pequenos].

O ministro terá também insistido que «uma grelha de distribuição do rendimento capital/ trabalho estaria ultrapassada».

E acrescentou que «o capitalista e o trabalhador não têm uma realidade social na economia do século XXI, se é que a tiveram na economia do século XX».

Aqui registo pois embevecido que o objectivo da sociedade sem classes acaba de ganhar mais um destacado defensor e apóstolo.

Pena é que alguém me esteja aqui a soprar ao ouvido que acabar com as classes bem pode ser a melhor maneira de continuar a servir algumas e atacar outras.

terça-feira, 26 de julho de 2011

NAS HONDURAS O CRIME CONTINUA

Mais um jornalista foi assassinado nas Honduras, vítima da democracia made in USA ali reinante.
Chamava-se Nery Orellana e tinha 26 anos.

Trabalhava numa rádio comunitária - Jaconguera - onde denunciava corajosamente os crimes cometidos às ordens do bando de fascistas que, com o apoio do Governo de Obama, detém o poder nas Honduras.

O jovem jornalista foi assassinado a tiro no dia 13 de Julho, por «desconhecidos» - certamente os mesmos «desconhecidos» que já haviam assassinado 12 jornalistas hondurenhos...

A equipa encarregada pelas «autoridades» de investigar o assassinato, diz tratar-se de «um assalto» - como disse em relação aos outros 12 jornalistas assassinados por «desconhecidos»...

Os média dominantes - seguindo os «critérios informativos» adoptados nos casos dos anteriores 12 jornalistas vítimas de «assalto» cometido por «desconhecidos»... - silenciaram o assassinato do jovem Nery Ollerana: mais uma vez, nem uma palavra!

Relendo o que acima está escrito, assalta-me a sensação de que me estou a repetir, de que este post é igual a vários outros aqui publicados: o mesmo cenário, os mesmos criminosos, os mesmos métodos, os mesmos silenciamentos...

Há no entanto uma diferença essencial entre cada um dos vários posts: os nomes das vítimas.

O que quer dizer que, nas Honduras, o crime continua.

E enquanto isso acontecer, o Cravo de Abril continuará a denunciar os criminosos e a manifestar a sua total solidariedade com as vítimas.














segunda-feira, 25 de julho de 2011

É preciso "lata"!

Faça-se um “joguinho” a partir do que disse hoje o governador do BdP e do que disseram os senhores banqueiros.

Antes, os bancos emprestaram ao governo a juro x (por exemplo, 7%). E fizeram-no com empréstimos que teriam tido de bancos estrangeiros e outras fontes, como o BCE, a juro y (por exemplo, 2,5%). É o seu negócio (ganhando a diferença entre os juros, no exemplo, 7% - 2,5% = 4,5%) !

Agora, os bancos achavam bem que o governo lhes pagasse para eles pagarem a dívida que contraíram para emprestar ao governo. Assim se transferiria a dívida sua para o governo, a que este melhor poderia fazer face por os seus juros terem baixado, à boleia da “solução grega”, embora com prazo dilatado, a que corresponderá um pagamento maior que o que estava para ser.

Depois, os bancos, com a situação mais desanuviada, voltariam a pedir emprestado, talvez a juro z inferior a y (por exemplo, 2,5% – 1% = 1,5%) para voltarem a emprestar ao governo (que bem precisado estará) ao mesmo juro x menos qualquer coisa (por exemplo, 7% - 0,5% = 6,5%). O negócio continuaria para os bancos e melhor (no exemplo, em vez se 7% -2,5% = 4,5%, seria 6,5% - 1,5% = 5%)!

Até parece que, no fim das continhas, todos ganhariam: o governo a pagar 6,5% de juro em vez de 7%, os bancos a ganharem o diferencial de 5% em vez de 4,5%.

E a gente? Cada vez mais endividada e sem a economia ter com que se financiar.

(atenção: todos estes números são mera ficção, são de um "joguinho" que imita - mal - a realidade)



domingo, 24 de julho de 2011

PSD, PS... papel rasgado

Continuando a cumprir uma espécie de desígnio “divino” que o obriga a fazer exatamente o oposto daquilo que apregoa, Pedro Passos Coelho, em vez de “emagrecer” a administração da Caixa Geral de Depósitos, aumentou-a quase para o dobro. Seja como for, o condimento principal desta estória é outro.

Desde há vários anos que, numa espécie de acordo tácito de “cavalheiros”, ou uma alternância “democrática” de tachos, no fundo, inspirada nos antiquíssimos “códigos de honra” entre os ladrões, PSD e PS trocavam entre si a presidência do grande banco público. Estando no Governo o PS, o presidente da Caixa era do PSD... e vice versa.

Agora que chegou ao poder e com maioria, findo o mandato de Faria de Oliveira, ex-ministro do PSD nomeado por Sócrates para dirigir a CGD, Passos Coelho, em vez de o retirar para, seguindo a “tradição”, nomear alguém do PS, reconduziu-o na administração, promovendo-o até. Agora é “chairman”. Não contente com isso, inventou “espaço” para mais um presidente (José de Matos), um técnico vindo do Banco de Portugal... e deu a vice presidência executiva a Nogueira Leite, conselheiro nacional do PSD e seu conselheiro pessoal.

E lá se foi às malvas o velho acordo de “cavalheiros”!

Lembrando a velha e famosa cena de teatro amador, na noite em que se esqueceram de acender a lareira onde em todas as representações era queimada em palco a comprometedora carta do amante... e o “marido enganado”, entrando de rompante na sala, na falta do fumo suspeito foi obrigado a improvisar... “Cheira aqui a papel rasgado!”

sábado, 23 de julho de 2011

Não há políticas anti-sismo?

Na primeira página de um jornal de anteontem

pena é que, nas páginas interiores, tudo isto pareça uma... fatalidade.

E inevitável não é!





sexta-feira, 22 de julho de 2011

O que engorda e o que emagrece. É só poupança !

Também se ficou a saber que o novo Vice-Presidente da CGD é o dr. António Nogueira Leite que foi secretário de Estado do ministro Pina Moura num governo de Guterres, depois se passou para o PSD (calculo que sem grandes dores de alma) e que nos últimos meses os telespectadores têm sistematicamente gramado a defender a brutal contenção da despesa pública.

E siga a dança.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Roubo colossal
As medidas anunciadas no dia 14 pelo ministro das Finanças Vítor Gaspar – um imposto extraordinário sobre salários e pensões e a intensificação das privatizações – representam, para o PCP, um duplo roubo: aos rendimentos e condições de vida de milhões de portugueses e à própria riqueza nacional. Intensificar a luta de massas é cada vez mais a questão central, garantem os comunistas.
Os artistas da Festa


O garrote do euro
O economista alemão de convicções liberais, Hans-Werner Sinn, advoga que a Grécia e pelo menos também Portugal precisariam de sair do euro para recuperar as economias asfixiadas pelo peso da dívida e pelos calamitosos programas de austeridade.
A luta não vai de férias
A CGTP-IN promoveu, de 11 a 16 de Julho, jornadas de «protesto e propostas» em todo o País apelando aos trabalhadores e às populações para que não se resignem e combatam as medidas anti-populares que o Governo PSD/CDS pretende impor.
Milhões à fome
Cerca de 11 milhões de pessoas, das quais três milhões são crianças, necessitam de ajuda alimentar de emergência na Somália, Quénia e Etiópia. Agências da ONU estimam entre 500 mil e um milhão o total de menores em risco de morte devido à desnutrição.


quarta-feira, 20 de julho de 2011

CORRER COM ELES...

Como se previa, Assunção Esteves decidiu a favor do Governo PS/PSD no caso do Código do Trabalho.

Na opinião da senhora, o debate público em torno das alterações ao código pode ser feito depois de as alterações terem sido aprovadas no Parlamento.

«À luz da Constituição», sim é possível - diz a ex-juíza do Tribunal Constitucional e actual Presidente da Assembleia da República.

Diz a lei que legislação laboral não pode ser discutida na AR antes de decorrido o obrigatório processo de discussão pública - o que é lógico, na medida em que não faria qualquer sentido fazer um debate público sobre uma lei depois de esta ter sido aprovada...

Todavia não é esse o entendimento de Assunção Esteves - que é, recorde-se, a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da AR.

Para ela é possível e faz todo o sentido aprovar, primeiro, as alterações e submetê-las,

depois, à discussão pública - talvez porque, para ela, a discussão pública é só para democracia ver; ou talvez porque, neste caso, se trata não de legislação laboral mas de legislação anti-laboral...

Quer isto dizer que a maioria de direita (PSD, PS E CDS) que domina a Assembleia da República vai, uma vez mais - abusando do poder de que dispõe e ao arrepio da Lei Fundamental do País - roubar direitos constitucionais aos trabalhadores e às suas estruturas representativas- deixando as mãos livres ao grande capital para explorar à vontade.

Obviamente, o roubo será aprovado e aplaudido pelo Presidente da República - o tal que há muito deitou fora a honra em nome da qual jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição...

Aliás, roubar é o que todos eles têm feito nos últimos 35 anos: roubar direitos, roubar emprego, roubar salários, roubar pensões e reformas, roubar subsídios de Natal, roubar direitos, liberdades e garantias, roubar tudo o que os trabalhadores e o povo conquistaram com a Revolução de Abril - e depositar o roubo no cofre insaciável dos interesses do grande capital opressor e explorador.

«Roubar é o meu ofício»: eis o lema da quadrilha de governos de política de direita e dos respectivos presidentes da República.

Correr com eles é a nossa tarefa.

Fernando Samuel no Cravo de Abril

terça-feira, 19 de julho de 2011

Barack Obama – Uma pequena carta

Diz você, Barack Obama, do alto da sua arrogância imperial e pretendendo disfarçar a gigantesca, incalculável... e, muito provavelmente, impagável dívida dos EUA, que os EUA não são Portugal.

Está carregado de razão!


Deixando de lado umas tantas coisas muito boas que vocês por aí têm, quase todas no campo das artes e da ciência... e para as quais você não contribuiu com rigorosamente nada, na verdade os EUA não são Portugal.


- Portugal tem muitos séculos de História... não nasceu “ontem”.


- Portugal aboliu a escravatura cem anos antes dos EUA.


- Portugal não pratica a iníqua pena de morte, tendo a última execução conhecida, ocorrido há mais de 150 anos.


- Portugal, mesmo com tantas entorses provocadas pelos nossos indígenas adoradores dos EUA, tem um Serviço Nacional de Saúde de que (ainda) se pode orgulhar.


- Portugal, mesmo com tantas entorses provocadas pelos nossos indígenas adoradores dos EUA, ainda tem leis laborais com que a generalidade dos vossos trabalhadores só pode sonhar e uns poucos lutam para conseguir (sindicatos livres, segurança no trabalho, férias pagas, assistência na doença, etc., etc., etc.).


- Portugal, mesmo com tantas entorses provocadas pelos nossos indígenas adoradores dos EUA, ainda tem um sistema político plural.

- Portugal não pergunta aos que o visitam qual a sua ideologia, como condição para os deixar entrar.


- Portugal não promove nem financia o assassínio de dirigentes políticos estrangeiros.


- Portugal não promove, nem financia golpes de estado, para fazer substituir governos legítimos por ditaduras militares.


Na verdade, não fosse a vergonhosa subserviência de alguns, que permitiu a participação de militares portugueses em missões criminosas como as que foram levadas a cabo, por exemplo, no Iraque, para defender os vossos exclusivos interesses... e poderia dizer que Portugal, desde Abril de 1974, nunca mais tinha sido culpado da invasão, da opressão e do assassínio de outros povos... mesmo tendo contribuído para alguns destes crimes cometidos às vossas ordens, apenas com “meia dúzia” de soldados.


Poderia continuar a fazer crescer a lista das nossas diferenças, mas estas poucas linhas são mais do que suficientes para se constatar que, como você bem disse, os EUA não são Portugal.


E ainda bem!

Samuel no Cantigueiro

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mundo árabe - Revolta, reacção ou revolução? Agressão imperialista!

No número em distribuição, a revista O Militante, inclui um artigo de Ângelo Alves, Mundo árabe - Revolta, reacção ou revolução, de muito interessante e útil (e urgente!) leitura para quem queira saber mais (e o contrário!) do que que é inistentemente veículado, justificando agressões sobre agressões do imperialismo. Artigo que pode ser lido aqui.

Sabe-se por exemplo que a Líbia é (já se terá de dizer era?, tal a destruição em curso!) um país no grupo dos de elevado nível de desenvolvimento humano, segundo o Programa da das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no relatório de 2010 em 53º lugar entre 169 países escrutinados, bem acima, por exemplo, da Rússia (65º) e do Brasil (73º)?



domingo, 17 de julho de 2011

A vaca sagrada

Joseph Stiglitz é um reputado economista norte-americano, Prémio Nobel da Economia em 2001 e professor na Universidade de Columbia.

Obviamente, está longe de ser um «perigoso» revolucionário marxista-leninista ou, sequer, expender cumprimentos ao socialismo.

Numa das suas últimas reflexões analisou a crise nos EUA começada pelo reaganismo e a entronização dos famosos «mercados» especulativos, mas também falou da Europa e foi taxativo: «A Grécia e outros países enfrentam crises e o tratamento em voga consiste simplesmente em pacotes de austeridade e privatização já desacreditados pelo tempo, os quais deixam, simplesmente, os países que os adoptam mais pobres e vulneráveis. Este “tratamento” fracassou no Leste da Ásia, na América Latina e noutros lugares, e fracassará também na Europa. De resto, já fracassou na Irlanda, Letónia e Grécia.»

De seguida zurze num dos nódulos do problema: «Lamentavelmente, os mercados financeiros e os economistas de direita têm visto o problema exactamente ao contrário: eles crêem que a austeridade produz confiança e que a confiança produz crescimento. Porém, a austeridade socava o crescimento, piorando a situação fiscal do governo. Depois socava-se a confiança e põe-se em marcha uma espiral descendente.»

Ora aqui estão os famosos «mercados» – erigidos pelos comentadores «troiquianos» cá do burgo a «vaca sagrada» nacional – expostos na sua voraz natureza. E por um economista do próprio sistema. Que, finalmente, adverte:

«Precisamos, realmente, de outra dura experiência com teorias que têm fracassado repetidamente? Um fracasso da Europa e dos EUA no regresso ao crescimento sólido seria mau para a economia mundial. Um fracasso de ambos seria desastroso – sobretudo se os principais países emergentes tiverem conseguido um crescimento auto-sustentado.»

Ora aí é que bate o ponto que o ilustre Stiglitz se escusa a abordar, ou não fosse ele, apesar da lucidez, um angustiado defensor do sistema.

Acontece que os tais países emergentes, com a China à cabeça, estão num crescimento auto-sustentado contínuo há duas décadas, e isso tem uma origem concreta: foi o próprio capitalismo desenvolvido dos EUA, Europa e Japão que, paulatinamente, foi transferindo fábricas e tecnologias para os tais «países emergentes», na avidez constante de mais lucro com mão-de-obra mais barata.

O resultado está à vista: neste momento os tais países emergentes, sobretudo a China, estão a transformar-se nos grandes mercados disponíveis, o que mergulha os capitalistas ocidentais num dilema: regressar com as indústrias e tecnologias aos países de origem pode ser muito patriótico, mas agora só diminui lucros. E a natureza predatória do bicho faz o resto: é claro que continua nos «países emergentes» até à derrocada final, quando os poderosos do mundo – os que mais produzem, como sempre – já sejam esmagadoramente os tais «emergentes». E, aí, a hegemonia capitalista já mudou de sítio...

sábado, 16 de julho de 2011

TODOS P'RÓ GOVERNO, JÁ!

Reuniu ontem o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, de que é presidente o Cardeal José Policarpo.

No final da reunião, os bispos fizeram saber que «compreendem a necessidade do corte de parte do subsídio de Natal a quase metade das famílias portuguesas».

Portanto, eles compreendem...

É certo que, consideram os bispos, «os cortes anunciados provocarão, necessariamente, um aumento do número de pobres» - mas, continuam a considerar os bispos, «as medidas suplementares do Governo podem atenuar os efeitos dos cortes nas classes mais desfavorecidas».

Portanto, eles consideram...

Também D. Policarpo compreende - diz ele que «a situação que vivemos implica sacrifícios» - e também D. Policarpo considera...

Considera o quê?: que «o imposto extraordinário tem uma vantagem»!

E qual é essa «vantagem»?: D. Policarpo, sempre a considerar, considera que os cortes no subsídio de Natal são «uma medida equitativa e socialmente justa»!!!

Portanto, D. Policarpo compreende e considera...

E com tanta compreensão e com tais considerações, estes bispos deviam era ir todos pró... Governo, já!













quinta-feira, 14 de julho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
O nosso lugar será sempre deste lado
Mais de um milhar de pessoas participou, sexta-feira, em Lisboa, num comício, que tinha como lema «Com o PCP uma política patriótica e de esquerda», e se exige «emprego, produção e justiça social». Mais uma grande jornada de luta, de gente determinada, que continua a acreditar no Partido que está a comemorar 90 anos de vida, «que nasceu, vive e projecta o seu futuro sempre a pensar servir os trabalhadores e o nosso povo». «O nosso lugar será sempre deste lado, do lado da trincheira dos que não abdicam de construir uma sociedade alternativa liberta da exploração», afirmou Jerónimo de Sousa.
mata a nossa economia
(…) Sem renegociação da dívida não haverá desenvolvimento, não haverá crescimento económico, não haverá criação de emprego.
É preciso diminuir os encargos imediatos da dívida para investir no aumento da produção nacional e adiante ter melhores condições para pagar o que devemos.
Contra a precariedade
Milhares de jovens trabalhadores de todo o País participaram no pic-nic pela Interjovem/CGTP-IN, Associaçãde Bolseiros de Investigação Científica, Juventude Operária Católica e o Movimento 12 de Março no Parque Eduardo VII.


Crise faz disparar a pobreza
Em três anos de crise, a pobreza e a exclusão social alastram em Espanha como há muito não se via. Segundo um estudo da Caritas, entre 2007 e 2010, a recessão e o desemprego produziram 800 mil novos excluídos.
Milhares pela mudança
Os egípcios voltaram às ruas das principais cidades do país para exigirem o cumprimento das promessas feitas pelas forças armadas e a cúpula política que assumiu o poder após o derrube da ditadura no país.


Antes que seja tarde
O Parlamento aprecia na quarta-feira, 20, o projecto de resolução do PCP sobre a renegociação da dívida pública e a implementação de políticas para o desenvolvimento da produção nacional. Trata-se de uma proposta da maior actualidade e importância face às inaceitáveis condições que constam do programa da troika que submete o País aos interesses dos grandes credores da dívida pública.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Entre 2000 e 2010, foram transferidos para o estrangeiro 147,083 mil milhões de euros de rendimentos, causando a descapitalização do país

Eugénio Rosa 
Entre 2000 e 2010, o saldo negativo da Balança Comercial cresceu 9% enquanto o saldo negativo da Balança de Rendimentos aumentou 212%.

Portanto, se a situação da Balança Comercial é insustentável, o ritmo de crescimento do saldo negativo da Balança de Rendimentos que se tem verificado nos últimos anos é ainda mais insustentável.

terça-feira, 12 de julho de 2011

QUE FAZER COM ESTE DUQUE?

«Trocámos a soberania por um prato de lentilhas» - gritou, um dia destes, na primeira página do Jornal de Notícias, garrafalmente, o presidente do ISEG, João Duque.

Olha este! - pensei - o que é que lhe deu agora para vir a público acusar de traidores à pátria os responsáveis por 35 anos de política de direita?

E o JN - horto do Oliveira tratado pelo hortelão Tavares e sempre tão cirurgicamente selectivo nas vozes que abafa - por que carga de água é que destapa a voz deste Duque?

E outras interrogações semelhantes me assaltaram o pensamento quando, logo no começo da notícia, ouço o Duque a perguntar:

«Portugal ainda tem soberania?».

E a responder: «Já perdeu metade ou mais, perdeu dois terços».

E a lamentar, em patriótico desabafo:

«As pessoas não se importam. Trocam a soberania por um prato de lentilhas».

Nem querendo acreditar no que estava a ler, fiz uma pausa e ponderei: bom, parece que isto é mesmo a sério, pelos vistos o Duque do ISEG e o JN do Oliveira e do seu criado Tavares decidiram, finalmente, dizer verdades, apontar os estragos feitos pela cambada de traidores que já destroçou, contas do Duque, dois terços da independência nacional.

E, não me contendo, gritei entusiasmado:

Ah, grande Duque!; ah, Duque de Trunfo!, assim é que é, diz-lhes aí as verdades que eles não querem ouvir!, põe o teu ducal dedo mesmo no centro da ferida, diz às gentes que nestes últimos 35 anos, Portugal tem estado nas mãos de um rebanho de vendidos, esses soares, cavacos, guterres, barrosos, sócrates & passos-portas que, a troco de uma barrigada de lentilhas, entregaram a independência do País ao grande capital nacional e estrangeiro!, ah, grande Duque de Ouros, canta-lhes aí as verdades todas!

Mas... - nestas coisas de duques, de verdades e de jornais do grande capital há sempre um mas a estragar a festa...

Foi assim que, lendo a notícia até ao fim, fiquei a saber que, afinal - ó sorte malvada: só me saem é duques... - o ouro do Duque é pechisbeque;

que, afinal, para o Duque, a verdade não é a verdade, os traidores não são os traidores, as lentilhas não são as lentilhas...;

que, afinal, para o Duque, os traidores, os miseráveis vendilhões da independência e da soberania, são... sabem quem??!!

Não sabem??!!, pois fiquem sabendo: são, nem mais nem menos do que... os DESEMPREGADOS!!!!,

sim, explica o Duque: os desempregados, esses madraços, esses calões que não querem trabalhar e que, informa o Duque: «preferem viver de um subsídio de 500 euros a trabalhar por 800 euros»!!!!

(informação esta que nos mostra um Duque perfeitamente a par do mercado de trabalho nacional, onde, como toda a gente sabe, empregos disponíveis com salários de 800 euros é o que por aí não falta... - por isso, lá diz o Duque, só não trabalha quem não quer trabalhar e prefere o subsídio de desemprego, que o Duque assegura ser de 500 euros para todos os desempregados...)

Finalmente, num esgar feito de saudades dos bons velhos tempos, o Duque fornece a sua receita para a reconquista dos tais dois terços da independência perdida:

«Disciplina e trabalho» - diz ele, estalando o chicote.

Que fazer com este Duque?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ora aí está!

da Rádio Renascença:

“A Europa não pode permitir que o euro seja destruído por três empresas privadas norte-americanas”, defende Viviane Reding, comissária (luxemburguesa) da Comissão da U.E.



“Só vejo duas soluções: ou os Estados do G20 decidem desmantelar o cartel das três agências de 'rating' norte-americanas e de três agências fazem seis, por exemplo; ou criar agências de 'rating' independentes na Europa e na Ásia”, acrescentou Reding.

Isto é, pura e simplesmente, ridículo!

Os Estados do G-20 a transformarem um cartel de 3 agências num cartel de 6 ou em dois carteis de 3?!

Pela cissiparidade forçada, ó Viviane?



E, até que as polpas dos dedos me doam (ou se tornem calo), irei insistindo:



As agências "dessa coisa" são meras peças do capitalismo financeiro, por mais máscaras, e anátemas, e arquinhos e balões, que lhes ponham!



domingo, 10 de julho de 2011

Os silêncios que falam... e a "anestesia" que se quer vender

Como não há bela sem senão, na edição de hoje do Público não encontro nem uma linha sobre o comício do PCP realizado na sexta-feira à noite no Cinema S.Jorge e também não encontro uma linha sobe o Pic-Nic contra a precariedade que ontem decorreu no Parque Eduardo VII.
 
Aguardemos então para os próximos dias umas boas linhas sobre o estado de «anestesia» que se abateu sobre o país.

sábado, 9 de julho de 2011

MÃOS À CARIDADE!

Como o Cravo de Abril na devida altura registou, o Cardeal Patriarca de Lisboa lançou, na procissão do Corpo de Deus, um veemente apelo à ajuda aos que têm fome - e apontou a caridade, perdão: a CARIDADE, como o caminho de Deus para matar a malvada aos muitos milhares que a têm.
Quanto às razões que estão na origem da existência da fome, D. Policarpo não se pronunciou: são razões políticas e, como é sabido, ele e a sua Igreja não se metem em política... a política deles é o trabalho, ou seja, a CARIDADE!...

O Governo Coelho/Portas ouviu, com os seis ouvidos que Deus lhe deu - quatro dos dois primeiros-ministros mais dois do Cavaco- o veemente apelo do Cardeal e toca de roubar 50% do subsídio de Natal a trabalhadores, reformados e pensionistas.



Assim - criando mais fome - a troika Coelho/Portas/Cavaco confirmou a sua caridosa vocação e abriu mais e mais espaço à CARIDADE...

D. Policarpo regalou-se com o roubo no subsídio de Natal de 3 milhões de famílias, certamente vendo nesta obra do Governo sobretudo uma Obra de Deus...



Mais: considerou que, neste tempo de «crise» que vivemos, o roubo é não apenas «adequado e equilibrado», mas acima de tudo, didáctico...



Isto porque o roubo - impedindo que milhões de pessoas comprem as tradicionais prendas de Natal para familiares e amigos - constitui uma caridosa ajuda a esse outro caridoso combate que D. Policarpo vem travando contra o consumismo natalício - e o consumismo é, como sabemos, uma outra preocupação que tira o sono a sua Eminência.

Entretanto, do outro lado da fome e da «crise», há umas dezenas de famílias cujas fortunas, indiferentes à «crise», aumentam e aumentam - e na origem do aumento dessas fortunas está, obviamente, para além da prestimosa obra do Governo, a Suprema Obra de Deus.



Como dizia, no tempo do ditadura, um general fascista brasileiro, também ele grande apologista do divino valor da CARIDADE: «É preciso que os ricos sejam cada vez mais ricos para poderem dar mais esmolas aos pobres»...

Portanto, atingido que está o objectivo maior do Cardeal Patriarca de Lisboa, agora, mãos à Obra!



Que é como quem diz: mãos à CARIDADE!


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Só duas coisinhas

1. As agências de rating não nasceram por geração expontânea. Foram criadas para serem peças do mecanismo de capitalismo financeiro, e funcionam ao serviço da especulação.

2. "... não somos nem parte nem defensores do desumano sistema capitalista. Lutamos sim pela sua liquidação..." (de artigo de João Dias Coelho no avante! de hoje, Lutar agora para construir o futuro)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Reforçar o Partido, ampliar luta de massas
O Comité Central, reunido a 2 de Julho de 2011, analisou os desenvolvimentos mais recentes da situação política, designadamente os decorrentes da formação do Governo e da apresentação do seu programa; procedeu, a partir da avaliação da situação económica e social do País, à definição dos principais eixos da acção e iniciativa políticas do PCP, com particular atenção para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e de outros sectores da população, factor indispensável para a defesa de direitos e para a afirmação da exigência de uma ruptura com o actual rumo de declínio, retrocesso e empobrecimento do País; fixou as principais direcções de trabalho para prosseguir a acção de reforço da organização do Partido. 
O lema é Fazer Frente aos despedimentos, aos cortes nos salários, às privatizações.
É amanhã, 8 de Julho, às 21h00, no cinema São Jorge.
Semana de luta
A CGTP-IN promove a partir de segunda-feira, 11, uma semana de luta contra a política de direita, e de divulgação das propostas alternativas ao programa do Governo e às imposições da troika estrangeira.
Só a luta pode travar desastre
O Programa de Governo apresentado no Parlamento é como «vinho velho azedo em casco novo», nas palavras do Secretário-geral do PCP, pelo que só pode suscitar um vigoroso combate e a apresentação de alternativas.
Conversa com Silas Cerqueira
Recentemente regressado da Líbia, onde participou numa Conferência Internacional promovida pela Associação de Advogados e Juristas do Mediterrâneo, Silas Cerqueira alerta para a possibilidade do início de uma terceira fase na agressão ao povo líbio.
contra a precariedade
Sábado, 9 de Julho, a partir das 10h30, o Parque Eduardo VII vai encher-se de jovens de diversas organizações (Interjovem, ABIC, JOC e Movimento 12 de Março). Na ementa há muito debate, concertos, pinturas e o mais que se verá.
Em luta com alegria e festa!
Centenas de pessoas participaram, domingo, em mais uma edição do Passeio das Mulheres CDU do Porto, que este ano, pela segunda vez, teve lugar no concelho de Cantanhede, no Parque Fluvial de Olhos de Fervença. Esta iniciativa contou com a presença e intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, que acusou o Executivo PSD/CDS de levar ainda mais longe as políticas anti-sociais do governo anterior (PS).

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A lixarada da Moody´s

Hoje a atitude parece ter sido geral, numa compreensível reacção à posporrência da notadora americana de rating.



Importa em primeiro lugar ficar claro que estas empresas não correm em roda livre.

São financiadas pelos grandes bancos norte-americanos, se bem que tenham capital pouco significativo de outros bancos como os "nossos".

Cumprem os desígnios da administração norte-americana (ou esta a deles).



Os EUA são o país que maior dívida tem.

Isso e o domínio do dólar como moeda de referência, permite-lhe "defender-se" e interferir nas finanças e em todos os aspectos da vida noutras regiões e e países.

Mas estas agências, é claro que não prejudicam os EUA nas condições de obtenção de crédito externo.

E isso traduz-se em que os gigantescos orçamentos norte-americanos para guerras de agressões, para a manutenção de uma formidável rede de bases militares em todo o mundo, para uma rede de espionagem e de "compra" de grupos terroristas sem paralelo, são pagos...por nós.

E também pela França a que Sarkozy impõe à França uma vergonhosa vassalagem para com o Pentágono. Sarkozy ataca a Líbia, a Síria, o Irão estão na mira dos EUA....e os outros que paguem!

É preciso reconhecer que muitos dos que hoje parecem ter reagido unanimemente contra a Moody´s e o "cerco dos EUA" sempre aceitarem essa situação.

Agências de notação europeia?

Dito assim não chega.

Se não for acompanhada pelo assumir pela UE das dívidas de todos os países da UE, se o domínio dos bancos norte-americanos for substituído pelos grandes bancos do directório europeu, se os países europeus com mais dificuldades não se unirem para assumirem em conjunto posições.

E se os trabalhadores e os povos continuarem a ser saqueados.

Hoje na Antena Um dizia Bagão Félix que estávamos a pagar muito caro os empréstimos mas que se os não contraíssemos, mesmo nessas condições, seria a bancarrota. "Quem empresta quer saber se recupera o empréstimo..." disse.

Claro!

Claro que os empréstimos são necessários...



Mas muitos do que emprestam pensam essencialmente em como ganhar muito mais dinheiro, especulativamente, à custa das desgraças dos outros.

Tanto mais quanto menos defesas estes tiverem.



E está pouco interessado em que a economia do país cresça, crescimento que é a única garantia para fazer faces aos empréstimos e juros, desde que a dívida seja reestruturada (prazos dilatados, as taxas de juro reduzidas).



Se todos os que mostraram a sua condenação hoje, quisessem, de facto, mudar os condicionalismos que nos são impostos, sem tergiversar nem ficar pela retórica, dir-se-ia "Olha, parece que lhes passou qualquer coisa na cabeça...".

Mas este não é um conto de fadas.



terça-feira, 5 de julho de 2011

Novo Governo, velho Programa. Um potencial golpe anti-constitucional em marcha.

O novo governo PSD-CDS apresentou na Assembleia da República o seu programa de governo, para início da nova legislatura, em atmosfera de pressurosa concretização do “memorando de entendimento” que a troika FMI-BCE-CE impôs - à margem da Assembleia da Republica - e que PS (então no governo), PSD e CDS servilmente subscreveram.

 
É certo que a União Europeia (e a zona Euro em particular) navega em mar de vagas alterosas – manifesta em profunda crise financeira, económica e social, alimentada e reforçada pela agressiva prossecução de um projecto de integração federalista dirigido pelo capital financeiro.

A crise portuguesa surge como versão nacional dessoutra crise europeia e mundial, mas com a particularidade de ampliada como fase avançada do longo processo contra-revolucionário encabeçado pelo PSD, PS e CDS, em variáveis combinações de conveniência, que visa aniquilar as conquistas do 25 de Abril e restaurar a ditadura da grande burguesia nacional, aliada e apoiada ao capital sem pátria.

O programa deste governo é fundamentado como resultando de programas eleitorais que, por sua vez se resumiram a invocar, em só dissonantes tonalidades, a mesma base comum - o memorando da troika. 

Memorando esse que representa a mais recente versão do PEC que o anterior governo (PS) consensualizou com as instituições internacionais, e que o actual governo (PSD-CDS) se propõe levar por diante. 

As linhas gerais do programa são pois por demais conhecidas, só assumindo nuances na sua concretização quanto a protagonistas e a calendarização. 

A pouco e pouco a sua concretização vai sendo anunciada – sempre como a inquestionável inevitabilidade de autoridade supra-nacional e inacessível.

As privatizações de certo número das maiores empresas em que o estado detém posição de controlo são um dos anúncios mais recentes, que desvenda o conteúdo e extensão de mais uma calamitosa medida de alienação da autonomia do estado nacional, de exploração e de sujeição das condições de vida e da soberania do povo português.

O actual quadro político, favorável ao capital financeiro, proporciona ao actual Presidente da República revelar-se mais abertamente como um dos pilares da ofensiva anti-popular. 

O objectivo alcançado de “um presidente, uma maioria, um governo” por parte da direita, expressão anti-democrática da sua ambição, confere ao presidente esse espaço de manobra. 

Situação que confere à ofensiva em marcha a potencial proporção de um golpe anti-constitucional. 

O capital coloca uma pesada aposta nesta ofensiva. A resistência popular é essencial para suster e delimitar os danos desta ameaça.

As inúmeras lutas que vão tendo lugar na Europa – Grécia, Espanha, Reino Unido, França, Itália, tal como em Portugal também – têm revelado a disposição de luta e a potencialidade do seu desenvolvimento orgânico.

Lutas que os meios de comunicação – de que o capital se apropriou e que descaradamente manipula como arma de propaganda ideológica e repressão política – omitem ou distorcem.
 
Alvo de descomunal encenação e manipulação, o povo poderá ser temporariamente enganado, mas não aliena os seus direitos fundamentais e interesses legítimos, e não cederá na sua defesa. 

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR