segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma bela alternativa: O banco de jardim ou trabalhar para aquecer

Não, não descobri o assunto por causa da notícia de que o Presidente da República comunicara a sua opção de preferir as duas reformas que tem ao vencimento do seu cargo, em resultado das novas regras (aliás com uma redacção bastante confusa !) que, no Orçamento de Estado para 2011, proibem a acumulação de pensões ou reformas de qualquer tipo com vencimentos ou remunerações de qualquer entidade do sector público.

De facto, até por legítimo interesse pessoal, abri a boca de espanto logo da primeira vez que houve notícias sobre estas novas ideias do governo.

Eu sei muito bem qual é a onda que está a dar e, por isso, podia borrifar-me perfeitamente nas consequências das novas regras sobre os titulares de cargos políticos e concentrar-me apenas nos cidadãos digamos mais «comuns».

Mas não quero fazer isso e antes quero dizer que uma coisa é estranhar-se e criticar-se um sistema ou esquemas que permitiram que alguns cidadãos tenham duas ou até três reformas (coisa que milhões de portugueses não têm nem conseguiriam ter) e outra, muitíssimo diferente, é julgar-se que, devendo em príncipio todo o trabalho ser remunerado, é decente e prestigiante que um Presidente da República trabalhe ou exerça essas funções à borla só porque já está reformado.

Parece que isso foi chão que deu uvas mas até aqui eu pensava que a aposentação ou reforma eram um direito que se adquiria quando se alcançava uma determinada idade e em função de uma determinada carreira contributiva e não uma mal disfarçada (e parcial, como se verá) proibição de se continuar profissionalmente activo depois dos 65 anos.

Repare-se bem na desigualdade que está criada com as novas regras: um aposentado da função pública pode perfeitamente continuar a acumular com remunerações que obtenha no sector privado; mas um reformado da segurança social que, como acontece comigo, até tenha praticamente toda a sua carreira contributiva formada no sector privado, já não pode ter qualquer remuneração de qualquer entidade pública.

Dirão alguns que pode optar mas isso é esquecer que, com o que realmente sobra dos salários nominais que figuram nos recibos verdes, para muitos cidadãos se trata de escolher entre dois valores qualquer deles bastante baixos.

Por fim, só quero dizer que a única explicação que encontro para esta violência é que o governo recorre a uma propositada confusão quando quer criar na opinião pública a ideia de que não seria justo o Estado estar a pagar duas coisas - uma reforma e um vencimento ou remuneração por actual trabalho prestado a uma entidade pública.

Na verdade, em casos como o meu e de tantos outros milhares de cidadãos, não seria nada o mesmo Estado a pagar as duas coisas pela simples razão de que a minha reforma sai do orçamento da segurança social (formado pelas contribuições dos trabalhadores e das suas entidades patronais) e não é paga pelos impostos cobrados aos contribuintes e previstos no Orçamento de Estado.

Está visto: tirando o sector privado, a bela alternativa que o governo impôs aos cidadãos com mais de 65 anos é o banco de jardim ou o trabalhar para aquecer.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O movimento de protesto no Egipto: "Ditadores" não ditam, obedecem a ordens

O regime Mubarak pode entrar em colapso face ao vasto movimento de protesto à escala nacional. Quais as perspectivas para o Egipto e o mundo árabe?

"Ditadores" não ditam, eles obedecem ordens. Isto é verdade tanto na Tunísia como na Argélia e no Egipto.

Ditadores são sempre fantoches políticos. Os ditadores não decidem.

O presidente Hosni Mubarak foi o fiel servidor dos interesses económicos ocidentais e assim era Ben Ali.

O governo nacional é o objecto do movimento de protesto. O objectivo é remover o fantoche ao invés do mestre do fantoche. Os slogans no Egipto são "Abaixo Mubarak, abaixo o regime". Não há cartazes anti-americanos... A influência avassaladora e destrutiva dos EUA no Egipto e por todo o Médio Oriente permanece oculta.

As potências estrangeiras que operam nos bastidores estão protegidas do movimento de protesto.

Nenhuma mudança política significativa se verificará a menos que a questão da interferência estrangeira seja tratada de forma explícita pelo movimento de protesto.

A Embaixada dos EUA no Cairo é uma importante entidade política, sempre ofuscando o governo nacional, não é alvo do movimento de protesto.

No Egipto, em 1991 foi imposto um devastador programa do FMI na altura da Guerra do Golfo. Ele foi negociado em troca da anulação da multimilionária dívida militar do Egipto para com os EUA bem como da sua participação na guerra. A resultante desregulamentação dos preços dos alimentos, a privatização geral e medidas de austeridade maciças levaram ao empobrecimento da população egípcia e à desestabilização da sua economia. O Egipto era louvado como uma "aluno modelo" do FMI.

O papel do governo de Ben Ali na Tunísia foi impor os remédios económicos mortais do FMI, os quais num período de mais de vinte anos serviram para desestabilizar a economia nacional e empobrecer a população tunisina. Ao longo dos últimos 23 anos, a política económica e social na Tunísia foi ditada pelo Consenso de Washington.

Tanto Hosni Mubarak como Ben Ali permaneceram no poder porque os seus governos obedeceram e aplicaram efectivamente os diktats do FMI.

Desde Pinochet e Videla até Baby Doc, Ben Ali e Mubarak, os ditadores têm sido instalados por Washington. Historicamente, na América Latina, os ditadores eram nomeados através de uma série de golpes militares patrocinados pelos EUA.

Hoje eles são nomeados através de "eleições livres e justas" sob a supervisão da comunidade internacional.

sábado, 29 de janeiro de 2011

EGIPTO: O POVO TOMA O DESTINO NAS SUAS MÃOS

O ditador decrépito decretou toque de recolher, mas ninguém o respeita.

O povo sai às ruas em massa e manifesta-se.

As sedes do partido do governo foram incendidadas no Cairo, em Alexandria e Suez.

Junto ao palácio presidencial há uma dúzia de carros da polícia incendiados.

Comissariados de polícia, idem.

As tropas do governo saem às ruas com tanques, mas não atacam o povo.

Em certos casos há até confraternização e os tanques são aplaudidos.

As embaixadas dos EUA e Grã-Bretanha estão cercadas pelo exército, para evitar serem agredidas pela multidão em fúria.

Na estação da CIA no Cairo, o ambiente é frenético.

Tentam controlar os danos e impor a saída que consideram aceitável.

Têm Al Baradei na manga.

Querem mudar alguma coisa para que continue tudo na mesma.

Mas as mensagens do Twitter dizem: Não queremos só derrubar Mubarak, queremos mudar o regime.

É o que eles temem.

Para acompanhar os acontecimentos on line, veja



 
Publicado no Resistir.Info

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os bombos da festa

Ainda ecoavam os foguetes da eleição do «professor» em mais uma «festa da democracia» e já a ministra do Trabalho, Helena André, levava à Concertação Social a proposta do Governo para a alteração das regras das indemnizações por despedimento.

No final de um dia a concertar com os parceiros – os quais, excluindo a CGTP, bem se podiam chamar compinchas –, a ministra afirmou querer alinhar a nossa legislação com a da moderna Espanha, e justificou que, ainda assim, conservaremos um dos regimes mais generosos no contexto europeu.

A minha memória recuperou o «pelotão da frente» e o «oásis» que Cavaco Silva vendeu a cada passo da UE por Portugal adentro, mas sustive a náusea e mergulhei nos pormenores noticiosos. Rezam mais ou menos assim: o executivo pretende «um tecto máximo e o fim do limite mínimo a pagar», bem como a criação de «um fundo para financiar os despedimentos». Trocado por miúdos, «hoje o trabalhador tem direito a 30 dias por cada ano de casa (mais diuturnidades). Mas o executivo quer reduzir para 20 dias». Nos contratos a termo, «aplica-se a mesma regra».

«Haverá um limite máximo?», pergunta ainda o Económico. «Sim, o Governo propõe um tecto de 12 meses nas compensações». E «um limite mínimo? – continua. Actualmente, os trabalhadores despedidos têm direito, no mínimo, a três meses de salário-base e diuturnidades. Mas o Governo quer retirar essa opção».

Posto isto, fui ver quem já tinha contas feitas. No Negócios online, afirma-se que os contratados a prazo vão perder até 45 por cento das indemnizações, e o Público calcula que um trabalhador com quase duas décadas de casa tenha uma perda de 55,5 por cento.

Reacções? Não há pesquisa informativa sem elas, não é verdade? De Bruxelas ouve-se sonoros aplausos, diz a Agência Financeira, que informa também do regozijo do patrão do BES, Ricardo Salgado.

Já João Proença, agarrado ao persistente sorriso amarelo, gracejou que «se nos derem os salários espanhóis, aceitamos já». A piadola nem considerou que com ou sem salários espanhóis se mantêm os garrotes nas indemnizações.

Mas, mais grave, as palavras antecederam a garantia de que a UGT está, como sempre e invariavelmente usando esta expressão, «aberta a negociar», não aceitando «apenas» que «haja redução dos direitos dos trabalhadores no activo». Quanto às novas gerações, amanhem-se com os cortes nas compensações e dêem-se por contentes com o fundo que as garanta.

A Confederação do Comércio, por seu lado, não assumiu falar em nome de todo o patronato, mas percebendo-se que o fazia sublinhou dois aspectos: as regras devem abranger o universo dos trabalhadores e não apenas os novos contratados; caso o Governo insista no fundo participado pelas empresas, estas vão transferir a despesa para os salários. Simples!

Para Arménio Carlos, da CGTP-IN, este é um golpe nos «direitos mais elementares dos trabalhadores». O dirigente sindical advertiu que «uma proposta que favorece as entidades patronais» colocando «os trabalhadores a pagar o próprio despedimento», que «generaliza a precariedade» e «baixa os salários», não oferece margem negocial.

Eu acrescento que, à laia de fim da «festa» onde o capital sufragou a sua ditadura, as propostas do Governo de agravamento da exploração apontam aos bombos do costume: os trabalhadores.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Hoje há Avante!

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Centenas de milhares votaram pela ruptura e pela mudança

Encontro marcado na luta que continua
Para Francisco Lopes, «as centenas de milhares de votos nesta candidatura significam centenas de milhares de vozes que se levantaram a dizer “basta!”, a exigir a mudança». Na reacção aos resultados eleitorais do passado domingo o candidato garantiu, ainda, que «temos encontro marcado na luta que continua», palavras secundadas pelo Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, para quem «a corrente de mobilização que a candidatura de Francisco Lopes suscitou», se projecta nas «batalhas políticas que a situação do País e a política de direita impõem aos trabalhadores e ao nosso Partido».

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Proposta governamental para indemnizações: Além do mais cobardes !


 
Num sinal mais que óbvio de um imenso calculismo casado com uma flagrante cobardia, foi no dia a seguir às eleições e não na véspera ou antevéspera que se ficou a conhecer a indigna e revoltante proposta do governo para a alteração do regime das indemnizações por despedimento aplicável aos trabalhadores contratados após a entrada em vigor dessa nova lei.
A proposta do governo é verdadeiramente de bradar aos céus e há 10 ou 15 anos ninguém acreditaria que tal coisa passasse pela cabeça a alguém. 

As alterações propostas estão aqui no Público mas fique já aqui a informação que antiquíssima regra do mês por ano de trabalho é reduzida para vinte dias, que um trabalhar despedido ao fim de um ano deixa de ter direito a três meses de indemnização e que um trabahador despedido ao fim de 13, 20 ou trinta anos de trabalho teria direito a uma indemnização como se só tivesse trabalhado 12 anos (chamo vivamente a atenção para que a criação deste tecto máximo - 12 meses - teria enorme repercussões).
Eu não tenho dúvida de quanto isto doeria a curto, médio ou longo prazo aos trabalhadores sujeitos a estes novas regras. Mas já tenho as maiores dúvidas que estas novas regras possam vir a significar, no conjunto de volume de negócios das empresas, uma poupança de encargos com algum significado, tirando talvez os seus donos poderem comprar mais algum Audi ou BMW.
E, se não estou equivocado, arrisco-me a conjecturar que esta alteração, para além de ser uma nova afirmação da vocação deste governo como capacho das orientações da OCDE, visa sobretudo sinalizar psicologica e ideológicamente junto das novas gerações de trabalhadores que tem de se habituar à ideia de que, nisto e em muitíssimo mais, não vão ter os direitos que gerações precedentes justa e corajosamente conquistaram.
Dito isto, talvez aqueles que se obstinam em ver a vida política num sistema de caixas fechadas, ao olharem para isto, devessem ver como são cínicos, esparvoados e aéreos os seus suspiros e apelos para uma «unidade de esquerda» (esquerda em que, atenção, eles incluem o partido do governo que assina por baixo estes revoltantes e infames retrocessos).
 
P.S.: Deliberadamente, e ao contrário de outros, nem sequer venho responder ao argumento governamental de que temos de acompanhar a Espanha lembrando o valor dos salários em Espanha e designadamente até do seu salário mínimo. Respondo apenas e só, forte e feio, que as desgraças impostas aos outros não podem ser farol que nos guie ou console.
Adenda em 26/1: «O PCP anunciou que irá interpelar o Governo sobre as propostas de alteração da Legislação Laboral apresentadas na Concertação Social. Bernardino Soares afirmou que estas medidas pretendem facilitar os despedimentos, aumentar a precariedade, penalizando sempre os trabalhadores e as suas condições de vida.» (ouvir aqui)


[ver adenda ao post «um pouco de rigor, s.f.f.»]

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Corte abusivo nos vencimentos dos trabalhadores da AP

Os trabalhadores da Administração Pública (AP) sofreram em Janeiro o primeiro corte nos seus vencimentos.

Vários trabalhadores enviaram-nos alguns dados do seu "Talão de vencimento" perguntando se o corte feito estava de acordo com o disposto na lei.

E constatamos que em vários casos, a nosso ver, os serviços estavam a fazer cortes superiores aos que resultariam da aplicação correcta da lei.

E isto é mais grave quando pensamos que os serviços estão a utilizar um software fornecido pelo próprio Ministério da Administração Pública e das Finanças.

Por isso, é necessário que os trabalhadores que sofreram cortes nos seus salários controlem esses cortes, e se concluírem que eles foram superiores aos que deviam resultar da aplicação correcta da lei, aconselhamos a reclamarem.

Neste estudo vamos, por um lado, mostrar por que razão achamos que a própria lei está a ser aplicada incorrectamente, pelos serviços, em vários casos e, por outro lado, fornecer aos trabalhadores informação para que eles possam controlar a aplicação da lei no seu caso concreto pois, como é evidente, é manifestamente impossível responder individualmente a todos que tenham dúvidas.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

Ultimo aviso-informação

Ao mesmo tempo que sentia algum desespero perante o analfabetismo democrático, cidadão, de alguns dos meu convivas de almoço (gente muito informada, da maior qualidade profissional!), quase berrei, o que, AQUI, ainda quero deixar dito, também como um aviso-informação:

No sistema eleitoral para a Presidência da República Portuguesa, na primeira volta as abstenções ou os votos em branco ou nulos (por mais que a intenção seja de protesto ou de outra coisa qualquer)
VALEM COMO VOTOS
NO CANDIDATO COM MAIOR VOTAÇÃO

como chegar com esta informação-aviso a centenas de milhar de eleitores?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Hoje há Avante!

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Dar voz à indignação e à mudança
Milhares de apoiantes de Francisco Lopes lotaram, domingo, o Campo Pequeno, em Lisboa, demonstrando que no dia 23 é possível construir um resultado que expresse a indignação popular para com o rumo de injustiça social e declínio nacional, e manifeste a exigência de mudança de política.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Patriótico e de Esquerda

“A classe operária portuguesa, os trabalhadores, os camponeses, a pequena burguesia urbana, franjas das camadas médias defrontam um inimigo sem pátria ou realmente apátrida, mas fundido com determinados estados. Simplesmente esse inimigo tem os seus delegados, representantes ou gestores no nosso país: os grupos económicos portugueses. Por sua vez, estes grupos e a burocracia política que gere os seus negócios no marco nacional e no marco, nomeadamente, da UE, têm usado e usam cada perda de soberania como uma conquista sua e mais um passo na opressão e na sobre-exploração dos assalariados portugueses.”

O coro escandalizado e escarnecedor perante esta dupla de adjectivos merece ainda alguma reflexão. Ele exprime a convicção de que não é concebível um patriotismo de esquerda, ou de que um revolucionário não pode assumir-se como sendo uma coisa e outra. «O patriotismo é necessariamente de direita». «Ser patriótico e de esquerda é uma contradição lógica». Estas proposições surgem como tomadas de posição a priori, que ignoram os modos como as palavras ganham ou perdem sentidos no discurso e poupam em excesso na análise da situação concreta em que são ditas.
A candidatura de Francisco Lopes apresenta-se como uma candidatura patriótica e de esquerda. O sentido da palavra «patriótico» é determinado pela dupla de adjectivos em que está inserida, ou seja é determinado pelo facto de ser também «de esquerda». Que consequências é que isso tem quanto ao sentido da palavra? Se existe tal coisa, o que é um patriotismo de esquerda?
É um patriotismo que não se ergue contra outras pátrias (não é uma forma de nacionalismo) e que tem uma raiz de classe; que representa um povo (e o seu núcleo duro, a sua classe operária) contra um duplo inimigo: (1) os «mercados financeiros, sem pátria» (o grande capital transnacional) e (2) o grande capital «nacional» (igualmente sem pátria). Esse movimento (um patriotismo ergue-se contra) traduz uma contradição real numa palavra de ordem que exprime a dialéctica da situação concreta, na sua contraditoriedade. Em situações como a portuguesa, a classe operária, no processo da sua emancipação, terá sempre que estruturar como seus aliados largas camadas de outros trabalhadores assalariados, empregados dos serviços, quadros intelectuais, técnicos e científicos, pequenos patrões e agricultores que formam, no seu conjunto, uma unidade concreta, o povo trabalhador de Portugal, o povo português.
A classe operária defronta um inimigo que tem uma dupla face (internacional e nacional). Dito de outro modo: A classe operária portuguesa, os trabalhadores, os camponeses, a pequena burguesia urbana, franjas das camadas médias defrontam um inimigo sem pátria ou realmente apátrida, mas fundido com determinados estados. Simplesmente esse inimigo tem os seus delegados, representantes ou gestores no nosso país: os grupos económicos portugueses. Por sua vez, estes grupos e a burocracia política que gere os seus negócios no marco nacional e no marco, nomeadamente, da UE, têm usado e usam cada perda de soberania como uma conquista sua e mais um passo na opressão e na sobre-exploração dos assalariados portugueses.
No mundo contemporâneo, com a mundialização capitalista, a competição inter-imperialista e a actual crise sistémica do capitalismo, a submissão nacional é um instrumento de exploração e uma arma de opressão de classe. Não o perceber, não o querer ver é manter uma secreta esperança de que o capitalismo seja inapelavelmente o futuro e em alguns casos confundir o cosmopolitismo (próprio dos quadros da produção simbólica) com o internacionalismo proletário.
Francisco Lopes assumiu a sua candidatura como a candidatura do PCP. O PCP define-se como um partido patriótico e internacionalista. «O Partido Comunista Português considera indissociáveis as suas tarefas nacionais e os seus deveres internacionalistas». Isto é o enunciado de uma regra de conduta que resulta da sua experiência histórica. Por exemplo, em 1956, no seu V Congresso, o PCP tornou-se na primeira e, durante anos, a única força política a reconhecer o direito à auto-determinação e à independência dos povos submetidos ao colonialismo português; e longamente apoiou politica e tecnicamente os movimentos de libertação nacional e os seus dirigentes, assim como lutou directamente contra o aparelho militar colonial. Entretanto e ao mesmo tempo, definia como um dos objectivos da Revolução Democrática e Nacional o alcançar «uma pátria independente e soberana». O seu dever internacionalista estava assim indissociavelmente ligado a uma tarefa nacional, em tempos em que essa indissociação era motivo de anátemas e calúnias, de perseguição, ameaça de tortura e risco de vida.
Admitireis que, sem arrogância, os comunistas tenham orgulho nessa posição política que só vos parece merecer escândalo e chufas escarninhas.
E reparem, não é uma posição que derive de uma experiência exclusivamente portuguesa, antes corresponde a uma experiência histórica mais geral, que vai caracterizar a experiência social do imperialismo, do desenvolvimento irregular do capitalismo, e do surgimento do movimento de libertação nacional.
Venhamos então a essas frases do Manifesto Comunista que, de tão luminosas, acabam por encandear. Em dois momentos a questão do marco nacional de luta é directamente colocada.
«Pela forma, embora não pelo conteúdo, a luta do proletariado contra a burguesia começa por ser uma luta nacional. O proletariado de cada um dos países tem naturalmente de começar por resolver os problemas com a sua própria burguesia […]
Aos comunistas tem além disso sido censurado que querem abolir a pátria, a nacionalidade.
Os operários não têm pátria, não se lhes pode tirar o que não têm. Na medida em que o proletariado tem primeiro de conquistar para si a dominação política, de se elevar a classe nacional * (* na edição de 1888: a classe dirigente da nação), de se constituir a si próprio como nação, ele próprio é ainda nacional, mas de modo nenhum no sentido da burguesia.»
Será que a evolução do sistema capitalista tornou obsoletas estas formulações de Marx? O ónus da prova fica com aqueles que parecem não entender o carácter incoativo desta 1ª fase da luta, com aqueles que não querem ver no sentido de nacional, assim como no de pátria, ou democracia, um combate entre classes.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"VOTAR PARA QUÊ? SÃO TODOS IGUAIS"

Um destes dias entrei num café e logo um amigo se meteu comigo a propósito das presidenciais e do meu candidato Francisco Lopes.

Desconhecido para ele, mostrou-se agradávelmente surpreendido com a sua prestação e confidenciou-me que seria o candidato em que iria votar.

Logo ao lado um frequentador do dito café se saíu com a conhecida frase: "Votar para quê?  São todos iguais".

Conversa puxa conversa e fácilmente cheguei a uma conclusão.

O dito frequentador do café afinal sempre tinha votado em candidaturas propostas pelo PS e pelo PSD.

E fazia-o da seguinte forma: Votava num deles e ficava contente porque a candidatura em que tinha votado tinha ganho. Mas por sistema sempre o seu contentamento durava pouco. Logo a seguir os que tinha ajudado a eleger eram os piores.

Só havia uma forma de resolver o problema: Votava no outro para correr com os que tinha eleito. Voltava a ficar contente porque, de vez em quando, lá voltavam a ganhar aqueles em que tinha votado. Novamente o seu contentamento era efémero.

E voltava ao princípio. Andava nisto há mais de 30 anos.

Para ele, e com toda a razão, eram todos iguais. Óbviamente que se referia àqueles em que sempre tinha votado (candidaturas propostas pelo PS e pelo PSD).

Possivelmente queria generalizar o seu descontentamento àqueles em que nunca tinha votado.

É claro que o tentei convencer a mudar de rumo e a romper com as suas opções de sempre.

E desde logo lhe disse que poderia começar já em 23 de Janeiro VOTANDO em FRANCISCO LOPES.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um retrato

Em Ponte de Lima, na "memorável" jornada minhota, Cavaco em resposta a uma mulher que o interpelava, respeitosa para não dizer submissamente, queixando-se da sua magrérrima reforma, Cavaco, apontando para a sua/dele mulher ("a minha senhora") e, naturalmente, com todo o desprezo por quem lhe queria falar da sua situação, interrompeu-a e disse o que foi gravado pela TSF:

«Esta é a minha senhora. Esta senhora trabalhou praticamente a vida toda. Sabe qual é a reforma dela? Não chega a 800 euros por mês. Foi professora em Moçambique, em Portugal nunca descobriram a reforma dela. Portanto, depende de mim, tenho de trabalhar para ela. Mas como ela está sempre ao meu lado e não atrás, merece a minha ajuda».

No meio de toda a campanha, este foi, para mim, o momento mais excitante e esclarecedor.

Qual dívida, qual FMI, quais muitas centenas de milhar de desempregados, qual salário mínimo que só pode aumentar às pinguinhas até chegar aos 500 euros, quais diminuições de salários injustas porque não são para todos, qual mar e heróis dele que já fomos e entregámos à gestão comunitária e aos arrastões de fundo, qual Alqueva à espera da reforma agrária e do regadio, qual aproveitamento do sub-solo, quais indústrias de fileira produtiva, qual tecido económico com micro, pequenas e médias empresas!

Para a minha sensibilidade, este episódio dos 800 euros é mais chocante que as traficâncias e especulações ao nível das centenas de milhar e milhões.

Este é o retrato de uma mentalidade que me/nos envergonha, e que está por detrás, responsável, do estado em que estamos, ou é a sua insuportável face superstrutural, resquício medievo.

Este homem, a dizer isto no século xxi, nunca será o Presidente da República de todos os portugueses, a eleger em 23 de Janeiro de 2011!

domingo, 16 de janeiro de 2011

O GRANDE AMOR DE CAVACO, O ESCLARECEDOR

Cavaco Silva é um esclarecedor nato.

Com ele nada fica por esclarecer: nem as acções SLN/BPN, nem a escritura da casa da praia da Coelha, nada: o homem esclarece tudo, põe tudo em pratos limpos.

Sempre.

Ontem esclareceu o que anteontem tinha ficado por esclarecer quando declarou que houve «alguma injustiça» nos cortes nos salários dos trabalhadores da função pública - declarações que provocaram algumas interrogações.

Interrogações?: «Não percebo...» - exclamou Cavaco - «Então não sabem que as reduções de rendimentos só foram aplicadas a funcionários públicos?».

E continuando a esclarecer: «Largos milhares de portugueses do sector privado ficaram fora dessa tributação».

Portanto, e para esclarecimento total: os cortes nos salários «deveriam ter sido alargados ao sector privado» - só assim haveria «alguma justiça»...

Ou seja: «alguma justiça», para Cavaco, seria cortar nos salários de todos os trabalhadores, do público e do privado - já que injustiça seria, e tremenda, não haver cortes em nenhuns salários...

E pior, muito pior, do que isso, seria haver cortes nos lucros dos grandes grupos económicos e financeiros...

O título da notícia que, no DN, nos conta estes esclarecimentos todos é: «Cavaco volta a namorar funcionários públicos».

Que raio de «namoro» este!...

Trata-se, obviamente, de uma gralha: onde está «funcionários públicos» deve ler-se: grande capital.

Esse, sim, o grande amor de Cavaco, o esclarecedor.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tunísia, 23 anos depois: BEN vai ALI e parece que já não volta, hurrah !

 O ex-Presidente tunisino Ben Ali (agora substituido por um seu fiel que pode deixar de o ser, nunca se sabe) com o seu amigo Nicolas Sarkozy. Mais aqui.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Com toda a confiança!

Eram centenas e chegavam de todos os lados.

Sozinhos ou em grupo.

De autocarro, de carro ou a pé.

Foram chegando e enchendo o largo fronteiro ao pavilhão.

Que de novo se esvaziava, para de novo se encher.

Sorrisos, risos, abraços e beijos que o dia é de festa!

Antes da entrada no Pavilhão aproveita-se os raios de sol, que até esse resolveu aparecer, e troca-se duas de conversa.

«Viste ontem o Alegre cheio de preocupações sociais?»

«É preciso lata, para quem tem as responsabilidades que ele tem, e para quem apoia e é apoiado pelo Partido deste Governo desgraçado!»

«E o Cavaco, que não quer que digam mal dos mercados?»

«Quem serve o capital financeiro, não quer que o patrão fique ofendido!»

As bandeiras já são muitas.

E eles, e elas, chegam cada vez mais.

Novos e velhos.

Namorados de mãos dadas.

Crianças de colo, muitas também.

Ali, tudo é determinação.

Tudo é esperança!

Tudo é vontade!

Ali vieram os que querem um país melhor!

Os que acreditam que isso é possível e inadiável.

Ali sentiu-se a exigência da ruptura e da mudança da política de direita das últimas décadas.

Ali estão os que lutam, os que estiveram na primeira linha da greve geral e que estarão no mesmo sítio nas batalhas que hão-de vir!

Para onde quer que olhasse, naquele Pavilhão cheio, na maior iniciativa da campanha eleitoral, até hoje realizada, via-se e sentia-se a alegria dos que querem construir um Portugal novo.

Pouco a pouco.

Pedrinha sobre pedrinha.

Quando chegaram o Secretário-geral do Partido e o camarada Francisco Lopes, candidato à Presidência da República, soou vibrante, com a pronúncia do Norte, a palavra de ordem «Francisco Avança, Com toda a Confiança».

Confiança.

É essa a expressão.

Confiança nos trabalhadores e no povo.

Confiança nas capacidades do País.

Confiança em que cada um dos milhares que estiveram no Palácio de Cristal representa todos os que, de Norte a Sul, fazem crescer este forte movimento de apoio à candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República, e que até dia 23 não baixarão os braços na defesa dos valores de Abril, do projecto patriótico e de esquerda, que ela representa.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Hoje há Avante!

  DESTAQUES:

Comício de Francisco Lopes enche Palácio de Cristal
Abrir caminho à esperança
Às mais de cinco mil pessoas que encheram o Palácio de Cristal, Francisco Lopes lembrou que «a nossa candidatura comprovou, nestes meses, que é um imperativo nacional, que é de facto a única alternativa que os trabalhadores e o povo português têm para afirmar, nestas eleições, a mudança indispensável ao País». Jerónimo de Sousa, por seu lado, apelou aos trabalhadores e ao povo para que dêem «com coragem, um passo em frente» e, pelo voto no dia 23 e pela continuação da luta, abram «caminho à esperança numa vida melhor para todos os portugueses».
CGTP-IN prevê aceleração do ataque
Mais luta e organização
O Governo «fez opções políticas erradas e de classe e prepara-se para as impor aceleradamente, enquanto decorrer o processo das presidenciais», denunciou o Plenário de Sindicatos da CGTP-IN.
Inadmissível
Querem fichar-nos
O FBI quer ter acesso aos dados dos B.I. de todos os portugueses e o Governo está disposto a ceder-lhos. Um acordo secreto terá sido assinado entre as partes em Junho de 2009.

Educação
Ataque violento
O roubo nos salários, o congelamento das carreiras e a não realização de concurso em 2011 são agravados com medidas que ameaçam liquidar quase 40 mil postos de trabalho.

Alemanha
Emprego indigno
O aumento dos níveis de emprego na Alemanha está a ser feito à custa do alastramento do trabalho a tempo parcial e dos baixos salários que condenam os trabalhadores à pobreza.

Salário mínimo
Bandeira rasgada
Ao retirar 15 dos 25 euros acordados em sede de concertação social como aumento para o salário mínimo nacional, o Governo abdicou da sua «última bandeira social», acusou o PCP na AR. Sem argumentos, Sócrates refugiou-se no anticomunismo.
Francisco Lopes marca a diferença
Com o povo e o País
Ao intervir no encerramento do comício no Palácio de Cristal, Francisco Lopes sublinhou que a candidatura que assume é a única comprometida com os trabalhadores e o futuro do País, e que «só ao povo português cabe decidir sobre quem vai à segunda volta, sobre quem vai ser o Presidente da República».

Povos rebelam-se nas ruas da Tunísia e Argélia
Revolta no Magrebe
Os protestos iniciados a meio de Dezembro na Tunísia continuam e estenderam-se à vizinha Argélia. Milhares de pessoas insurgem-se contra o desemprego, a carestia de vida e a repressão.


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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Governo Sócrates – Capazes de tudo!

Ora aí está! 
Não bastavam os aumentos generalizados dos preços dos produtos alimentares, da energia, dos transportes, dos medicamentos, das taxas moderadoras, dos impostos; não bastavam os cortes nos salários, nas pensões, os congelamentos, o aumento do desemprego, o aumento da precariedade, o roubo dos abonos de família... aí temos mais um primor de governação “socialista”: preços de atestados que dão “artísticos” saltos de 90 cêntimos, para 50 e 100 euros, de vacinas que passam de 15 cêntimos para 100 euros, mais as vistorias, etc., etc., etc.
Compreendo que quem está em posições institucionais de responsabilidade, nomeadamente os diversos partidos da oposição, apelide estas medidas de “abruptas”, desproporcionadas”, ou “insensíveis”...
Eu prefiro dizer que somos governados por um bando de delinquentes... ou, como muito bem disse alguém, por um governo em que metade dos governantes é absolutamente incapaz... e a outra metade é capaz de tudo!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Afirma o poeta: suspenda-se a campanha para que Cavaco faça o que Sócrates não quer fazer

Uma pessoa lê no  "Público"  que «Manuel Alegre exortou ontem Cavaco Silva a interromper a campanha eleitoral e a actuar como Presidente da República perante o agravamento da crise financeira que está a empurrar Portugal para um pedido de ajuda externa» nomeadamente para ir explicar lá fora a Sarkozy e Merkel que isso de mandar o FMI para cá é uma grande injustiça (e eu que julgava que os PEC's todos mais o Orçamento já tresandavam a FMI !).
 

Ora, para além das questões de fundo, há nesta proposta  amadora e algo patética (com algum pesar o digo) um pequeno pormenor que  parece estar a ficar esquecido: é que Sarkozy é Presidente da França num regime presidencialista e tem  portanto numa matéria destas um estatuto de representação que o Presidente português não tem ;e, por outro lado, Angela Merkel é primeira-ministra  e o seu interlocutor natural seria José Sócrates que manifestamente  não está virado para a viagem que Alegre propõe a Cavaco Silva, se necessário estando o proponente de acordo com a suspensão da campanha eleitoral portuguesa.

Eu sei que muitos se vão rir ou desdenhar mas nem por isso posso aqui calar a minha convicção que uma bela e forte votação em Francisco Lopes no dia 23 será mais ouvida pelos famigerados «mercados», pela srª Merkel e pelo marido da Bruni do que qualquer viagem de Cavaco com guia de marcha  passada por Alegre.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Produção alimentar nacional: Até dá raiva!

Sou o primeiro a saber que estou farto de usar esta técnica de estampar aqui um recorte de jornal para reavivar um problema e para refrescar memórias entretanto enevoadas ou pela falta de informação ou pela passagem do tempo.

E, como não ando cá propriamente para ser original todas as semanas, não desisto.

E, assim, sobre esta chamada de primeira página do Público de hoje que remete para duas páginas inteiras no interior, só quero dizer aos leitores que, se estivesse com vida e disposição para rato de biblioteca, podia já de seguida oferecer-lhes centenas de citações de afirmações ou tomadas de posição do PCP posteriores ao 25 de Abril alertando para este sério problema.

E também podia oferecer-lhes dezenas e dezenas de declarações dos responsáveis pela política que temos tido a responderem ao PCP coisas do género: «Mas qual produção nacional de alimentos e qual soberania alimentar, qual carapuça ! Vocês pararam no tempo, não percebem que sai muito mais barato importá-los do estrangeiro !».

Agora, no ano da graça de 2011, o Público diz-nos que é «uma vulnerabilidade».

Como sempre, já se sabe o destino da culpa: morrer solteira.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Presidenciais 2011 - Francisco Lopes - Começa a campanha

Fazendo o possível por passar ao lado do “embaraço” de participar em tarefas de distribuição de materiais de campanha, do tamanho de jornais, onde a minha cara vem estampada de lés a lés, ainda que (felizmente para toda a gente!) na última página, quero assinalar o início da campanha apenas com a meia dúzia de palavras que alinhei para o documento que podem aqui ver e ler em tamanho ainda maior se “clicarem” em cima da imagem.

Hoje é domingo, dia de música. Convidei os grande “Inti-Illimani” e a sua fantástica “Canción del poder popular”, composta para a campanha presidencial de Salvador Allende, que depois de eleito pelo povo chileno, viria a ser assassinado em 1973, pelos EUA, que recorreram ao seu lacaio e traidor de Allende, Augusto Pinochet.

Exatamente por isso, sempre que a cantei nas nossas festas de liberdade, depois de Abril – e tantas vezes a cantei! – era inevitável o embargo na voz e o marejar dos olhos... até hoje.

Eu sei, eu sei que vivemos noutra época, noutra latitude, no seio da União Europeia... onde todos nos “garantem” que nada do que aconteceu no Chile de Allende nos poderá acontecer.

Ah... mas se eles pudessem, meus amigos! Se eles pudessem...

Que melhor forma de participar nesta campanha, senão com uma canção na garganta?

"Porque esta vez no se trata
de cambiar un Presidente,
será el publo quien construya
un Chile bien diferente."

Bom domingo!

“Canción del poder popular”
Inti-Illimani(Inti-Illimani)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Aritméticas financeiras - não nos tomem por parvos

BPN: Cavaco afinal vendeu barato (Sol)

Quando Cavaco Silva vendeu as acções por 2,40 euros, o BPN estava a vendê-las por 2,75. Ao contrário do que se pensava, Cavaco podia ter vendido melhor.

Ah! sim?

Com simplicidade aritmética, embora financeira:

Uma entidade bancária que negociava em “produtos financeiros” teria vendido um dos seus “produtos” a um particular, ao preço de 1 euro; um pouco mais tarde, essa entidade (por ordem assinada pelo seu maior responsável) teria comprado o mesmo “produto” ao mesmo particular a 2,40, quando estaria a vender o “produto” a outros particulares a 2,75.

Estão todos os números dentro do “seio do negócio”.

Mas...

Poderia o particular ter vendido não à entidade bancária a 2,4, mas a particulares a 2,75?

Poder talvez pudesse mas, a acontecer, seria uma espécie de “curto-circuito”, e colocaria o particular comprador-vendedor na situação de negociante directo, com os contactos, respectivos encargos e comissões que a entidade bancária tem no exercício dessa actividade… assim muito fracamente remunerada com os 0,35 do diferencial entre o preço a que comprou (2,4) e o preço a que vendeu (2,75), pelo que o valor de 2,4 da compra ressalta excessivo.

Algum negociante de batatas ou electrodomésticos compraria por 2,4, a quem vendera por 1, por ter comprador para as mesmas batatas ou electrodoméstico a 2,75? Ou só o faria não para “enganar” mas para “favorecimento” do primeiro comprador-vendedor?

Há dois diferenciais que são, para mim…, suspeitos: o diferencial entre a compra e a venda feita pelo particular (2,4 – 1, igual a 140%), e a escassa margem que o negociante se atribuiu ao comprar a 2,4 para vender a 2,75 (0,35, igual a 14,6%)!

Além do favorecimento imediato, poderia estar em gestação e concretização uma enorme fraude, de que, com ou sem seu conhecimento, o primeiro particular tirava larguíssimo benefício.

Não nos tomem por parvos!

E não digo nada – por agora… – sobre o que é muito mais grave: sobre a “saída” encontrada para a enorme fraude, em que o tal comprador-vendedor, em funções presidenciais, foi muito expedito, em cooperação (estratégica) com o executivo, ao ser tomada a decisão de transferir os custos para a população! Como sempre, os custos para todos (embora só alguns os paguem) e os benefícios para raros, e lá entre eles.



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Agora falta saber onde Cavaco comprou as acções a 1 euro. TERÁ SIDO NA FEIRA DO RELÓGIO?

Que interessa se o adversário meteu 1 ou 5 golos?

O que interessa é que a minha equipa meteu 3 golos, e se meteu 3 golos, como está abundantemente provado, só pode ter ganho o jogo.

Que interessa ao SOL se Cavaco comprou as acções a 1 euro e passado menos de dois anos as vendeu a 2,4 euros?

E se com isso Cavaco beneficiou de 147 500 euros?

E que interesse tem que agora estejam os contribuintes a arder com o resultado das negociatas em que a Administração do BPN/SLN era fértil?

O que é preciso é chamar à primeira página uma peça de desinformação da Felícia a dizer que afinal Cavaco até vendeu barato e portanto, tal e coisa pardais ao ninho, o homem está a ser vítima duma campanha suja.

Pelo menos agora sabe-se, o que não é mérito do SOL, que as acções foram compradas a 2,4 euros pela SLN, empresa holding do BPN, por decisão de Oliveira e Costa.

Agora falta saber onde Cavaco comprou as acções a 1 euro.

Terá sido na Feira do Relógio?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

GRANDE ENTREVISTA - Uma entrevista que justifica o nome do programa.

Hoje há Avante!

  DESTAQUES:
Portugal está a saque
O novo ano chegou e com ele uma das mais violentas vagas de aumentos de preços de que há memória, ao mesmo tempo que os salários, as pensões e os apoios sociais são congelados e reduzidos. Perante tais injustiças, o Secretário-geral do PCP prevê a intensificação do protesto e da luta. 
Dívidas a trabalhadores 
Mais de 255 milhões por pagar
O Governo admite colocar mais 500 milhões de euros no buraco financeiro do BPN, mas nada faz para que os trabalhadores das empresas encerradas ou falidas recebam os seus créditos, que ascendem a mais de 255 milhões de euros em 15 distritos.
Ataque aos pobres
Apenas quem ganha menos de 485 euros fica isento das taxas moderadoras do Serviço Nacional de Saúde. A medida atinge mais de 600 mil desempregados e pensionistas.
Crimes macabros 
Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa debate dia 25 um relatório que implica UÇK no tráfico de órgãos humanos retirados a prisioneiros sérvios entre 1998 e 2000. 
Saudades da URSS
Vinte anos depois da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a maioria dos russos adultos lamenta o fim do socialismo, considerando-o evitável. 
Cortar com a subserviência - Afirmar um Portugal independente
Assinalando os 25 anos da adesão de Portugal à CEE/UE, através de uma declaração proferida no primeiro dia do ano, Francisco Lopes lembrou que a adesão ao Mercado Comum e à União Económica e Monetária impôs ao País graves limitações da sua soberania, amarrando-o a orientações impostas do exterior.
Mais caros e piores
O Partido Comunista Português considera o aumento do preço nos transportes um verdadeiro acto «criminoso do ponto de vista social e mesmo em termos económicos».


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RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR