quinta-feira, 30 de junho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
CGTP-IN mobiliza e apela à resistência
Mobilizar os trabalhadores e a opinião pública, e com eles discutir as formas de luta a adoptar para resistir travando os ataques aos seus direitos e condições de vida é o propósito da «Semana de acção, de protesto e de proposta», convocada pela CGTP-IN, que decorrerá por todo o País, de 11 a 17 de Julho.
Defender o emprego e a produção
A não serem travados os 380 despedimentos anunciados nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, esta emblemática empresa poderá ser a primeira vítima do pacto assinado entre PS, PSD e CDS e a troika. Os trabalhadores rejeitam os despedimentos e mostram que têm uma palavra a dizer.
Comunistas perseguidos
Três dirigentes do Partido Comunista dos Povos de Espanha e da sua organização juvenil foram detidos e apresentados à Audiência Nacional sob acusação de terrorismo.
Greve Geral
Está convocada para hoje uma nova greve geral dos estudantes e dos professores chilenos, contra o que consideram paliativos do governo para um sector que precisa de reformas profundas.
Democrata firme e convicto
Faleceu, aos 86 anos, Luís de Azevedo, fundador e dirigente da Intervenção Democrática e destacado antifascista.
Greve de 48 horas
O governo grego pode ter recebido da maioria do Parlamento um voto de confiança, mas nas ruas a luta prossegue e intensifica-se. Anteontem e ontem o país esteve em greve.
Parar a agressão à Líbia
O PCP promoveu um debate sobre a agressão imperialista à Líbia que contou com a participação de Manuela Bernardino, do Secretariado do CC, e Silas Cerqueira, recentemente regressado de Tripoli.
28.º Festival de Almada
A edição deste ano do Festival Internacional de Teatro de Almada conta com 11 estreias de companhias de dez países num total de 27 representações.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O QUE É E PARA QUE SERVE O TPI

O Tribunal Penal Internacional (TPI) concluíu que «existem fundamentos razoáveis para acusar Kadhafi por crimes contra a humanidade» - e passou o respectivo mandado de captura.

Trata-se de uma conclusão da qual podemos dizer, como se diz da pescada, que antes de ser já o era...

Estou certo de que ninguém, no planeta, esperava outra coisa, sabendo-se o que é e para que serve o TPI e o que são e para que servem os «juízes» que o compõem, a começar pelo seu procurador-geral, Luís Moreno-Ocampo.

A conclusão do TPI foi saudada pelos «rebeldes» que - cada vez mais mercenários - «a festejaram em Bengazi, disparando para o ar», todos satisfeitos.

Resta saber, agora, «quem executa o mandado de captura» - isto é, quem prende o Kadhafi e o entrega aos «juízes»do TPI - também eles cada vez mais mercenários.

Esse parece ser, aliás, o grande problema que se coloca.

Senão vejamos: infelizmente para o TPI, os «rebeldes» dizem não ter condições para executar a tarefa: festejar com disparos para o ar, sim senhor, nisso são bons;

disparar para o ar e festejar as bombas com que a NATO «protege os civis», matando-os, sim, senhor, isso também é com eles;

festejar, com disparos para o ar, as declarações do Obama sobre a necessidade de mais e mais bombas, isso então nem se fala;

- mas prender Kadhafi é um pouco mais complicado... é coisa que não se consegue com aquilo que é a especialidade dos «rebeldes»: festejar, disparando para o ar...

Por seu lado, os especialistas, comentadores & analistas - obviamente mercenários - dizem que assim não vamos lá...

Com isso querem dizer que as bombas de urânio empobrecido e o impedimento da entrada de víveres e medicamentos, por muitos civis que matem - esfacelados, à fome ou por falta de tratamento - não são suficientes para que o mandado de captura seja executado.

Resta então, dizem, a solução final: a invasão da Líbia: cidade a cidade, aldeia a aldeia, rua a rua, casa a casa... até chegarem à casa de Kadhafi.

Aí chegados, entregam-lhe em mão própria o mandado e entregam-no aos gulosos «juízes» do TPI - que o julgarão e condenarão a uma pena que foi decidida no dia em que Obama decidiu que Kadhafi deveria ser preso por crimes contra a humanidade, entregue ao Tribunal Penal Internacional, julgado e condenado.

Isto é o que está previsto - e como se vê está tudo previsto...

O futuro dirá se o previsto se confirma.

Ou não.



terça-feira, 28 de junho de 2011

Sim, tão pomposamente como antes. Ora repita lá outra vez.

Aqui, no «arrastão», Andrea Peniche, do BE, respondendo a Fernanda Câncio, de caminho afinfa assim no PCP : «Ora, o PCP é sem dúvida um partido da oposição social à austeridade. Mas é também o partido que falhou a missão histórica de construir uma cultura de convergência e de diálogo com a maioria dos trabalhadores que vota no PS e de os mobilizar para uma alternativa de esquerda contra a economia do desemprego e da precariedade.

Foi precisamente por isso que a esquerda se foi transformando e abrindo. A criação e o crescimento do Bloco de Esquerda demonstrou não somente que essa nova esquerda tinha espaço como era absolutamente necessária. »

Feita honestamente a citação que importa, apenas quero assinalar inocentemente:

1. Não conhecia esta definição da «missão histórica» do PCP, fico a suspeitar que isto das missões históricas dos outros é à vontade do freguês e, além do mais, folgo muito por ver um conhecido quadro do BE reconciliado com esta linguagem das «missões históricas», olaré;

2. Depreende-se legitimamente do texto de Andrea Peniche que, ao que parece, então o BE terá nascido para cumprir a «missão histórica» em que o PCP terá supostamente falhado e certamente por culpa própria porque a tarefa era facílima como se calcula e não depende nada da força de outros, de correlações de forças, de ideologias dominantes, etc. e tal;

3. Assim sendo e seja como for, fico a aguardar que Andrea Peniche nos conte os fabulosos êxitos do BE nestes seus 12 de vida na gloriosa tarefa de «construir uma cultura de convergência e de diálogo com a maioria dos trabalhadores que vota no PS e de os mobilizar para uma alternativa de esquerda contra a economia do desemprego e da precariedade».

4. E se Andrea Peniche vier com exemplos como as iniciativas da Aula Magna e do Trindade (em que o BE convergiu com Alegre mas excluiu deliberadamente o PCP) ou com o exemplo do apoio do BE à última candidatura de Alegre, então ficam todos avisados que sem grande esforço, se a bitola são coisas desse tipo, eu bem poderei apresentar uma lista maior de melhores «êxitos» do PCP.

Tudo visto, desconfio apenas que mais uma vez é a esquerda «velha» ou «cansada» (linguagem passada do Bloco para identificar o PCP) que tem a fama mas quem tem o proveito é a «esquerda nova» (linguagem do Bloco sobre si próprio): com efeito, a frase acima citada de A. Peniche só é possível sair do teclado de alguém que lida manifestamente mal com uma cultura de incerteza e de complexidade, parecendo que o 5 de Junho não lhe ensinou nada. Vá lá, aprendam a nadar, companheiros, porque o mais provável é eu não estar cá daqui por 20 anos para lhes perguntar :« então, como vai essa bela missão histórica» ?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

É o capitalismo (e tal como ele é!), estúpidos.

Ontem, na ida a Lisboa, beneficiando do facto, útil e muito agradável, de ter “chófera”, tive a oportunidade de fazer, do Público, comprado numa “estação de serviço”, uma leitura não habitual.

E tive sorte.

Tinha muita e interessante matéria.

No entanto, como sempre, é preciso escolher a informação que nos atiram à cara, aliciantemente.

Seleccionar.

Informar-SE.

Não é fácil.

É preciso resistir à curiosidade de saber o que se passa com Vanessa Fernandes, embora o caso humano deva fazer pensar, ou começar por ai e ficar-se pela Pública, ou a fazer os sudokus.

Mas esta edição tem uma “investigação”, na verdade muito interessante, sobre as agências de ratings, e dela foi feito o editorial.

Há mesmo que nela nos determos.

Já por este espaço se tratou de tal tema, até com o suporte de outros jornais e de “autores consagrados”, como num “post” de 30 de Abril [As tais coisas do "rating" (ou de notação)], em que terminava, citando Krugman:

«"Tem de se fazer alguma coisa para acabar com a natureza fundamentalmente corrupta do sistema em que o emitente da dívida é quem paga a respectiva avaliação."

E não PECs!»

Pois nesta edição de ontem do Público parece haver a intenção de se ser exaustivo e “arrumar” o tema.

Dada a característica e limitações deste espaço, apenas pouco mais se aproveita que os títulos, além do da primeira página:

Na página 4 – Serviços de rating custam nove milhões de euros ao Estado e a empresas -Perguntas e respostas

– em que é ouvida muita gente, com destaque para anteriores ministros da economia e das finanças portugueses.

Na página 6 – As agências de rating ampliaram a crise de hoje. E preparam… a crise de amanhã

– em que se faz, desde 2001, o histórico das malfeitorias e “erros” desta criação aparentemente fantasmagórica.

Na página 3 – Editorial – As agências de rating ou a face oculta do século XXI – A crise que vivemos é uma crise da democracia em que os mercados impõem a sua lei aos Governos eleitos.

– em que o editorialista confessa a sua perplexidade por, perante as acusações amplamente fundamentadas sobre os gravíssimos “erros” (diria crimes intencionais) cometidos nas suas notações, de consequências catastróficas, ter sido invocada (e aceite) a 1ª emenda da Constituição dos Estados Unidos, ou seja, a garantia da liberdade de expressão, pois as responsabilidades evidentes nesta explosão de crise não existiriam uma vez que as informações e relatórios, com os resultados conhecidos, não seriam mais que… opiniões.

O que perpassa, em todas as páginas e linhas lidas - e que merecem ser estudadas -, é que tudo isto é uma fatalidade, no caso português um fado!, que as agências de rating, apesar de terem criadores, que são, simultaneamente, emitentes de empréstimos e investidores em empréstimos, nas condições que elas… opinam, são entidades fantasmagóricas, obra e graça de não-se-sabe-quem para desgraça dos trabalhadores, dos povos, e benefícios incalculáveis de cada vez menos tubarões que, comidos os peixes pequenos e médios, entre si medem forças.

Nada a fazer?

Tudo a fazer!

Entre tanta outra acção, aproveitar estas informações e completá-las.

Ir para além delas, ir ao fundo das coisas.

De que fogem.

Dizer, sem ambiguidades, que é o capitalismo – a exploração, a especulação –, a funcionar.

Tal como ele é.

E não pode ser de outra maneira.

É causa espanto, sorriso e (quase) susto ler na página 22 desta mesma edição do mesmo Público, que alguém que se candidata a “lider” do Partdo Socialista, querer privilegiar o capitalismo ético!

Faltava esta do capitalismo ético...

domingo, 26 de junho de 2011

Qual crise, qual carapuça ! Foi bonita a festa, pá !


A avaliar por esta foto, só mesmo o pobre (em sentido figurado e também substantivo) Papandreou se lembrou que a foto ia ser vista pelos seus compatriotas.
 
P.S: este telegráfico post contém evidentemente a sua dose de aproveitamento político e demagogia.
 
É escrito assim para ter o mesmo grau de seriedade política e intelectual da referência feita, no Público de hoje, por um palerma chamado Vasco Pulido Valente que, esquecido que houve eleições há menos de um mês, vem observar que «perante as malfeitorias que lhes caíram em cima, os portugueses mostraram a sua irreprimível indignação com as "Marchas de Santo António", o piquenique do eng. Belmiro e dois fins-de-semana «prolongados» num único mês».

sábado, 25 de junho de 2011

DIGAM LÁ, Ó TROIKAS, QUEM É AMIGO, QUEM É?

É assim a Igreja:

diz-se, em palavras, a favor dos oprimidos - age, de facto, a favor dos opressores;

promete benesses celestiais aos primeiros - favorece a abençoa as benesses terrenas dos segundos.

Com isto, conta sempre com o apoio de uns e dos outros:

os opressores apoiam-na olhando para os cofres; os oprimidos apoiam-na olhando para o céu...

E uns e outros dão graças a Deus quando o papa, o cardeal, o bispo, o padre (1) pregam as virtudes da caridade - perdão: da CARIDADE! - cuja é, como os opressores sabem e os oprimidos desconhecem, a Madre que alimenta toda esta hipocrisia.

E é assim - alimentando-se da fartura de uns; da miséria de outros; e das graças-a-Deus de todos - que a Igreja se vai governando.

E bem!

Vem isto a propósito das palavras ontem proferidas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa na procissão do Corpo de Deus - que, segundo os jornais, juntou em Lisboa 10 mil... ia escrever: oprimidos... mas escrevo: pessoas.

(é que os opressores raras vezes vão a estas coisas: eles sabem, desde tempos imemoriais, que tudo o que ali vai ser dito pelo orador de serviço é em seu benefício - e sabem que os oprimidos comparecerão em massa para aplaudir o orador. Ou seja: confiam absolutamente nos desígnios de Deus e dos seus representantes e representados na Terra...)

Então, foi perante um abundante e receptivo auditório, que D. José Policarpo fez o que tinha a fazer: pediu «ajuda para os que têm fome»;

e lembrou que «a Eucaristia é o sacramento da caridade»;

e asseverou que «a comunhão do Corpo de Deus introduz-nos na experiência da caridade»;

e garantiu que «a evangelização é uma exigência da caridade»...

E em verdade vos digo, irmãos - isto digo eu - que, depois disto, não há fome que resista a tanta caridade...

Portanto... há que esperar por ela - perdão: por ELA!

Portanto... sentai-vos, famélicos de Portugal, e orai!

Portanto... digam lá, ó troikas, quem é amigo, quem é?

(1): ou o presidente Cavaco que também prega caridade que se farta.

Fernando Samuel no Cravo de Abril

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Para uma galeria de ilustrações (e não só...)

De uma colecção de 5 volumes com os documentos de uma Conferência do PCP - Portugal e o Mercado Comum - realizada no Porto, a 31 de Maio de 1980:

1.- Efeitos Globais da adesão à CEE e alternativa

2.- Agricultura

3.- Pesca, Comércio, Transportes, Turismo

4.-Indústria

5.- Intervenção de Álvaro Cunhal * Conclusões Gerais






Nº 26/27, Jan./Jun. 1997

Nota do Director

Editorial

Seriedade Política e Propaganda

O Caminho para a Moeda Única

Perguntas com resposta (15)

O PCP contra a Moeda Única

Os "amigos" do Euro

 
 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

PCP apresenta proposta no Parlamento - Renegociar a dívida pública


O projecto de resolução do PCP para a renegociação da dívida pública e o desenvolvimento da produção nacional deu ontem entrada na Assembleia da República. Trata-se, para além do cumprimento de um compromisso assumido na campanha eleitoral, de uma resposta patriótica e de esquerda à situação que o País atravessa.



Ler notícia completa aqui.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Renegociar a dívida pública
O projecto de resolução do PCP para a renegociação da dívida pública e o desenvolvimento da produção nacional deu ontem entrada na Assembleia da República. Trata-se, para além do cumprimento de um compromisso assumido na campanha eleitoral, de uma resposta patriótica e de esquerda à situação que o País atravessa.
Mais de duas centenas e meia na implantação da Festa
A luta pelo futuro já se constrói na Atalaia
Iniciaram-se no sábado, dia 18, as jornadas de trabalho da Festa do Avante!. Cerca de 250 pessoas participaram no primeiro momento de construção colectiva da maior e mais significativa iniciativa político-cultural nacional, onde, até ao dia 4 de Setembro, se consolida a luta pelo futuro.
Farsa de grande dimensão
O mega-piquenique da Sonae procurou apresentar um dos responsáveis maiores pelo desastre da agricultura e pela desertificação como gente preocupada com o mundo rural


José Saramago
Legado imortal
Um ano depois da sua morte, as cinzas de José Saramago foram depostas em Lisboa, sob uma oliveira centenária transplantada da sua Azinhaga natal


Protesto em Braga
Multinacionais sem crise
Apesar dos elevados lucros que registam desde 2008, Delphi e Bosch Car Multimedia recusam aumentos salariais dignos e bloqueiam a contratação colectiva


Gregos recusam
pagar bancarrota do capital
Depois da greve geral de dia 15, os protestos não param na Grécia. Logo no dia seguinte realizaram-se manifestações em Atenas e noutras 55 cidades
Criada formalmente
Associação Conquistas da Revolução
A Associação Conquistas da Revolução é finalmente uma realidade, na sequência da assembleia constitutiva que aprovou os estatutos e elegeu a comissão instaladora.
Líbia
NATO continua a matar
Mais 24 civis terão morrido no fim-de-semana na Líbia em dois bombardeamentos da NATO contra aquele país.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Já se sabia ou ...

... como eu também me engano
Eu bem sei que a paráfrase está gasta de tanta e tão repetida utilização desde há 50 anos, especialmente nas últimas décadas em que passou a fazer parte do arsenal do discurso dos neo-liberais e a servir como passa-culpas para todos os que querem fazer esquecer as suas próprias responsabilidades políticas.

Mas ainda assim tinha apostado como os meus botões que hoje, na tomada de posse do seu governo, Pedro Passos Coelho haveria de adaptar a célebre frase de John Fitzgerald Kennedy proclamando: «Não perguntem o que Portugal pode fazer por vós, perguntem antes o que podem fazer por Portugal».

Perdi a aposta, quem te manda a ti, Vítor, armares-te em bruxo.

Mas, se em vez de estar fixado no Kennedy, tivesse apostado que Passos Coelho, apesar de conhecer o acordo que apoia com a troika e do que toda a gente sabe que ele contem, viria prometer um «Programa para o Crescimento, a Competitividade e o Emprego», então teria ganho a aposta graças a esta confirmação de que, para aquelas bandas, a desfaçatez não tem limites.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Grande imbróglio

Quando campeava a mais infrene euforia sobre a democracia representativa, excluindo-se tudo o que não seja esta (muito particularmente, evidentemente!..., a democracia participativa, a que não se traduz em votos e estatísticas);

quando, nesta democracia representativa/estatística, se excluía como despiciendo tudo o que não sejam votos expressos, e, nestes, tudo o que não sejam votos em candidatos explícitos, reduzindo-os, aliás, a três ou quatro nomes (dos líderes), negando-se o direito à abstenção, a votar em branco, em anular o voto (coisa que não se defende, mas de que não se pode, de modo nenhum, negar o direito)…

eis um grande imbróglio na primeira eleição no órgão máximo dessa democracia.

Desde a escolha~/aceitação de Fernando Reino (perdão, deveria ter escrito Nobre...) por Passos Coelho, não para cabeça de lista dos candidatos do PSD por Lisboa mas como putativo presidente da Assembleia da República, este cenário existia.

Aqui, neste blog, até se chamou a tal decisão política um tiro em quatro pés.

Acompanhando a sessão de instalação da nova AR, o que se sente é curiosidade e considera-se o que está a passar como nada prestigiante para essa tal tão bem-dita democracia representativa/estatística.

Como é que os partidos que se entenderam relativamente à composição ministerial e partilha de ministérios, e mais o partido que, com eles, acorda (ou procura adormecer…) tosca e troikamente, não são capazes de se entenderam quanto a um presidente do órgão, e dão este triste espectáculo?





domingo, 19 de junho de 2011

QUE SEJA O ÚLTIMO

Digo-vos que o governo PSD/CDS/Passos/Portas vai ser ainda pior do que o governo PS/Sócrates.

Não digo isto depois de saber os nomes dos ministros que os trabalhadores e o povo vão ter que suportar a partir de agora: com estes ou outros nomes, o governo que aí vem seria sempre pior do que aquele que se foi.

Digo isto, porque é assim que as coisas se passam de há 35 anos a esta parte, e nada permite supor que assim não é desta vez - antes pelo contrário.

E digo mais: todos sabemos que o governo PS/Sócrates foi pior do que o do PSD/Barroso;

e que este foi pior do que o do PS/Guterres;

e que este foi pior do que o do PSD/Cavaco - e assim sucessivamente...

... por aí fora até ao longínquo e fatídico ano de 1976, em que o governo PS/Soares deu início à ofensiva contra a democracia de Abril e à entrega do País ao grande capital nacional e estrangeiro.

Digo ainda que, de então para cá, cada governo levou mais longe do que o seu antecessor a obra destruidora, porque cada governo criou condições para que o seu sucessor o superasse na destruição de Abril.

Quero eu dizer com isto - dizendo, agora, as coisas com mais rigor - que cada governo, ao longo destas três décadas e meia, não foi melhor nem pior do que o anterior: foi igual - porque todos foram iguais: porque cada um deles cumpriu a tarefa que a todos está destinada de tudo fazer para liquidar totalmente a democracia de Abril.

Digo então , resumindo, que o governo que aí vem, sendo igual a todos os que o antecederam, vai ser o pior de todos, porque é o mais recente.

E esperemos que seja o último.

E, sobretudo, lutemos, lutemos muito - e com muita força - para que seja o último.

sábado, 18 de junho de 2011

Italianos travam privatização da água - Nova derrota de Berlusconi

Duas semanas depois das eleições municipais, Silvio Berlusconi sofreu nova derrota demolidora ao perder nos quatro referendos promovidos no domingo e segunda-feira.

Os italianos rejeitaram em referendo a privatização da água, a produção da energia nuclear e a imunidade judicial do primeiro-ministro.


Ver notícia completa aqui.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O MEGA-DONO-DISTO-TUDO

Por razões imperativas tive que passar, ao fim da tarde de hoje, pela Avenida da Liberdade.
Má sorte a minha!: caí num engarrafamento monstruoso, como há muito tempo não me acontecia; cheguei atrasadíssimo ao meu destino; irritei-me.

E pior fiquei quando me apercebi que, para sair dali, no regresso, teria que passar pelo mesmo calvário - como veio a acontecer.

Muito pior fiquei quando me apercebi que as razões do engarrafamento se prendiam com o facto de as faixas centrais da Avenida estarem, nos dois sentidos, fechadas ao trânsito automóvel - que apenas circulava pelas laterais - e que tal sucedia (segundo a prestimosa informação prestada por um dos muitos polícias ali de serviço) «por causa do mega-pic-nic do Continente».

Quis saber mais e soube que, pela mesma mega-pici-nical razão, já ontem assim foi e assim será - para pior - amanhã e sábado, dia da mega-coisa.

Ora (pensei para mim), isto de a Câmara Municipal de Lisboa, presidida pelo dr. António Costa, decidir cortar o trânsito, por quatro dias, na Avenida da Liberdade - artéria principal da capital do País - para a organização de uma acção de propaganda de uma empresa privada, é coisa nunca vista - é coisa de espantar, mesmo neste tempo em que as razões para espantos por tais megas-coisas quase deixaram de existir.

Depois pensei melhor e fez-se-me luz: lembrei-me que Continente é Belmiro e Belmiro é o que é: um dos dos donos disto tudo, razão pela qual os seus desejos são ordens para qualquer presidente de Câmara ou de República; para qualquer primeiro (ou segundo, ou terceiro...) ministro - ou para qualquer outro dos seus fiéis servidores.

E não me admirarei nada (já não há nada que me faça admirar...) se, no sábado, a multidão presente ouvir do apresentador do espectáculo qualquer mega-coisa deste tipo: «E agora, senhoras e senhores, connosco!, Belmiro, o mega-dono-disto-tudo!».

E se assim for, é bem provável que entre a assistência, em lugar de honra, esteja o primeiro-ministro-quase-indigitado - aproveitando para pagar, publicamente, a visita que o patrão lhe fez num comício de campanha eleitoral...

E agora?

Bom, agora, é só esperarmos pela próxima pancada:

É bem provável que, mais dia menos dia, a Avenida seja transformada numa mega-superfície-comercial...

E é mais do que provável a privatização da Liberdade.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:


Regresso ao AE na CP e CP Carga
Vitória da luta dos ferroviários
Ao fim de quase seis meses de greves, o Governo e as administrações por este nomeadas vieram reconhecer que o Acordo de Empresa é melhor para os ferroviários, para os utentes e para as contas públicas, como os trabalhadores e as suas estruturas defendiam desde sempre. A luta continua, em defesa do sector ferroviário.
Resistência e luta
O futuro em construção
Ainda 2011 vai a meio e muitas foram já as batalhas travadas, com outras tantas a perfilar-se no horizonte. Lutas, de natureza e forma diversas, pequenas e grandes, a despertar energias e congregar vontades, movidas pela sede de justiça e liberdade, pela defesa de direitos, pelo progresso social e o desenvolvimento do País.
Homenagem ao Companheiro Vasco
Associação Conquistas da Revolução
A Associação Conquistas da Revolução, que promoveu uma homenagem ao general Vasco Gonçalves, realiza no próximo sábado a sua primeira assembleia geral
PCP reuniu com Cavaco Silva
Defender a Constituição
No encontro com Cavaco Silva no Palácio de Belém, o PCP exigiu do Presidente da República que respeite e faça respeitar a Constituição da República Portuguesa, que jurou cumprir
Portugal recebe força marítima da NATO
Submissão inaceitável
O CPPC rejeita a decisão assumida pelo Conselho de Ministros da NATO de transferir para Portugal o comando operacional da força marítima de reacção rápida Strikfornato


Canções de José Barata-Moura
É distribuído hoje com o Avante, por 15 euros, o primeiro CD duplo com as canções de intervenção de José Barata-Moura.
Italianos travam privatização da água
Nova derrota de Berlusconi
Duas semanas depois das eleições municipais, Silvio Berlusconi sofreu nova derrota demolidora ao perder nos quatro referendos promovidos no domingo e segunda-feira. Os italianos rejeitaram em referendo a privatização da água, a produção da energia nuclear e a imunidade judicial do primeiro-ministro
Quase mil milhões de famintos
Alimentos básicos mais caros
A FAO revelou na semana passada que o preço dos géneros alimentares básicos aumentou 138 por cento desde 2003. A organização estima ainda que quase mil milhões de pessoas não têm o que comer.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ainda o artigo de Pezarat Correia ou... deixem-me fazer de advogado do diabo

Com uma explicação sobre prazos de recepção e decisão, o DN afinal publicou hoje o curto artigo de opinião do Brigadeiro Pezarat Correia em que este, com base em factos e atitudes verdadeiros de natureza política, ou seja a anos-luz de algumas detestáveis insinuações de Ana Gomes, sustenta que Paulo Portas não devia voltar a ser ministro.

Andou bem o DN e só se honra com isso até porque o artigo encaixa em padrões que, em regra, a imprensa proclama como integrando os seus critérios: é polémico e foge à reverência que normalmente se segue em relação aos vencedores de eleições, invoca factos e declarações passadas do visado que não podem sofrer contestação e é subscrito não apenas por alguém que é um «militar de Abril» mas, acima disso, é uma personalidade com prestigio cívico e importante labor intelectual.

Dito isto, só me resta pedir aos leitores que, por uma vez, consintam que eu faça de advogado do diabo.

É que, tendo no essencial razão, creio que o estimado Brig. Pezarat Correia não teve em conta um elemento: de facto. penso que não devíamos esquecer que, num tempo em que as ameaças externas sobre a soberania do país são tão densas, não é dispiciendo ter como Ministro dos Negócios Estrangeiros ou da Defesa Nacional alguém que levou o Portugal a uma fantástica vitória militar e naval em Peniche Square contra a grande armada abortista do almirante Nelson.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ex-citações a propósito

No Manifesto, na sua primeira edição, de 1848, Marx e Engels escreveram

«… a moderna propriedade privada burguesa é a expressão última e mais consumada da geração e apropriação dos produtos que repousam em oposições de classes, na exploração de umas pelas outras.»

Na edição de edições avante!, dirigida por José BARATA-MOURA e Francisco MELO, o rigor que as caracteriza levou a que se acrescentassem notas segundo as quais a edição de 1888 tivera outra redacção:

«… a moderna propriedade privada burguesa é a expressão última e mais consumada da geração e apropriação dos produtos que repousam em oposições de classes, na exploração da maioria pela minoria.»

Os 40 anos que medeiam as duas formulações, o que teria levado Engels a modificar o que redigira com Marx, substituindo «exploração de umas (classes) pelas outras (classes)» por «exploração da maioria pela minoria», merece atenção e reflexão.

Ou seja, a oposição de classes – da burguesia e do proletariado, que foi gerado pelo funcionamento do modo de produção – terá levado não só à exploração da segunda pela primeira como terá levado à exploração da maioria, onde se inclui o proletariado, pela minoria, a classe burguesa sempre concentrada e centralizada enquanto classe exploradora.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

DESCOBERTAS DE CAVACO

O Presidente Cavaco e Silva agora descobriu que a agricultura existe e é importante.

No seu discurso de sabor salazarista feito em Castelo Branco recomendou o desenvolvimento das actividades agrícolas.

Há algum tempo atrás o Presidente também fez a descoberta tardia de que o mar era importante e que o país devia desenvolver a sua vocação marítima – quando há mais de um quarto de século o PCP fartou-se de denunciar a absurda destruição da frota pesqueira nacional.

Como se recorda a CEE chegou a financiar o desmantelamento de traineiras (depois de ter financiado a construção de algumas).

Nas cerimónias do 10 de Junho, o Presidente pregou ainda as virtudes da frugalidade e a contenção de despesas.

Cabe perguntar quanto custou toda essa deslocação de tropas e aviões para a parada militar em Castelo Branco.

Publicado no Resistir.Info

domingo, 12 de junho de 2011

O esticar da corda

A situação económica em vários países europeus revela que os tempos são de um rápido e violento aprofundamento da crise económica e financeira na União Europeia, expressão vívida da crise estrutural do capitalismo.

As atenções continuam voltadas para a Grécia.

Um cartoon de um semanário nacional intitulado «a economia grega em cacos» ilustra bem a situação.

O País que está sujeito a um gigantesco processo de roubo organizado e de acelerada e perigosíssima «desconstrução» social vê-se ainda mais «encostado às cordas».

A voragem do grande capital europeu - nomeadamente dos bancos alemães e franceses, os principais credores da dívida pública grega - e a deriva colonialista de potências como a Alemanha parecem não ter limites.

A libertação da quinta tranche do dito «pacote de resgate» do FMI e da UE foi condicionada à imposição de um novo e absolutamente insustentável pacote de austeridade que entre novas e violentas medidas anti-sociais inclui um milionário e acelerado programa de privatizações de 50 mil milhões de Euros em que se pretende entregar ao capital estrangeiro empresas como a OTE (foi anunciada já a entrega de 10% da empresa de telecomunicações helénica à Deustsche Telekom alemã por 400 milhões de Euros) ou a Opap, a maior empresa de lotaria e apostas desportivas da Europa.

Mas não chega!

A Grécia está agora sujeita a uma nova escalada de chantagem e ingerência.

Para alimentar a voragem da banca alemã e francesa o Eurogrupo acaba de anunciar um acordo sobre um novo mal chamado «empréstimo» no valor de 60 mil milhões de Euros que empurra este país para a dependência e saque sem fim à vista e que desta feita terá a participação directa dos extortores, os grandes grupos económicos e financeiros europeus e norte-americanos.

Um pacote a que vêm acopladas medidas como uma «comissão externa» (ou seja os protagonistas do saque do património público grego) para monitorizar a cobrança de impostos e dirigir o processo de privatizações.

Estamos perante um verdadeiro «esticar de corda» na Grécia.

A importante onda de lutas sociais em curso neste país, bem como os recentes acontecimentos de explosão de revolta popular não direccionada, demonstram bem a magnitude do embate.

Um embate que já levou a CIA a usar dos seus conhecidos métodos para, por um lado, aterrorizar povos em luta, e por outro, sinalizar até onde o imperialismo pode ir, emitindo um «informe» em que alerta para «o alto risco de um golpe militar» neste país.

Mas a situação na Grécia é apenas uma das faces de uma tendência geral que não está confinada aos chamados «PIGS» (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha).

A situação económica na Itália e Bélgica, os recentes ataques especulativos e ameaças contra estes povos, a discussão sobre a reestruturação das dívidas soberanas e a profusão de teses sobre o fim do Euro ou a expulsão de alguns países, são demonstrativos da realidade que alguns ainda procuram esconder: a crise é geral e o edifício neoliberal, federalista e militarista da União Europeia está a abrir fissuras a cada dia que passa.

Mas não se desmoronará por si.

O capital e a burocracia europeia respondem com uma extremamente violenta ofensiva que já coloca num plano qualitativamente diferente o quadro de relações sociais e de correlação de forças entre capital e trabalho na Europa, e que, de forma crescente, ataca directamente os direitos democráticos, a democracia e a soberania dos povos.

São tempos de grandes perigos e extremamente voláteis aqueles que vivemos no continente europeu.

Tempos que exigem dos trabalhadores e dos povos, dos comunistas e outras forças progressistas, muita determinação, firmeza, coragem e unidade de modo a que a corda parta para o lado dos trabalhadores, do progresso e da democracia.

sábado, 11 de junho de 2011

Vasco Gonçalves - 11 de Junho de 2011

E porque hoje é 11 de Junho (um dia depois de 10 de Junho!):

Havia uma palavra esvaziada, oca, ou cheia do que era o seu contrário.

E havia quem lutasse heroicamente (subversiva, clandestinamente) pelo verdadeiro sentido da palavra contra o seu esvaziamento, a sua criminosa mistificação.

Mas foi feita nascer a manhã de um dia 25 de Abril para a luta de um povo.

E a luta de classes - sempre a ser a História - ganhou forma, perdeu ambiguidade.

As palavras deixaram de ser vazias, ocas, mentiras.

Embora alguns a usassem para as combater, para as sabotar.

Sobretudo... aquela palavra.

Com o seu exemplo, um homem encheu a palavra.

De homens e de mulheres de Portugal.

E aquela palavra foi devolvida a todos os que lutavam - e lutam! - pelo seu fundo sentido, pela sua total identificação com um povo, o seu passado histórico, o seu futuro socialista.

A palavra: Pátria.

O homem: Vasco Gonçalves.

(um texto de 1975, recuperado hoje com algumas alterações)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O TANAS!

Em Castelo Branco, Cavaco Silva e António Barreto - dois figurões da contra-revolução, inimigos de Abril e da sua democracia, responsáveis directos, cada um à sua maneira, pela situação em que hoje se encontra Portugal - fizeram o que se esperava que fizessem: falaram, falaram, falaram...

Num Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a sério, ninguém lhes teria dado a palavra.

Em Lisboa, na Embaixada dos EUA, Mário Soares, o vendilhão da independência nacional, e Frank Carlucci, o pagador, reencontraram-se - e fizeram o que se esperava que fizessem: relembraram os golpes e golpaças com que destruíram a democracia de Abril e instalaram esta coisa que é a democracia deles.

Num Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a sério, teriam falado mas era O TANAS!

Fernando Samuel no Cravo de Abril

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:

Comunicado do Comité Central do PCP

Confiança na luta e na resistência
O Comité Central do PCP reunido a 7 de Junho apreciou os resultados das eleições legislativas do passado domingo e os previsíveis desenvolvimentos que delas decorrem; procedeu a uma análise da situação económica e social do País com particular destaque para os elementos decorrentes da imposição e ambicionada concretização pelos partidos da política de direita do programa de agressão e submissão do FMI e UE; debateu e fixou as principais tarefas do Partido, da sua intervenção e iniciativa políticas e de reforço da organização, bem como as direcções de trabalho mais imediatas com vista à dinamização da luta de massas.
As jornadas de trabalho começam a 18 de Junho
Participa!

Peru
Vitória de Humala
Mais de 7 milhões de peruanos elegeram, domingo, Ollanta Humala para a presidência da República. A candidatura foi apoiada pelo PC Peruano e outras forças progressistas e democráticas do país.

terça-feira, 7 de junho de 2011

TEIA DE ENGANOS

 A democracia portuguesa saiu pouco dignificada das eleições de 5 de Junho.

A abstenção foi de 41,1%.

A campanha eleitoral do PSD, PS e CDS primou pela camuflagem do verdadeiro programa de governo: o pacote ditado pelo FMI/BCE/UE.

Os media ditos "de referência" cumpriram a sua missão de desinformar, encombrir e silenciar as consequências do pacote.

As questões sérias e graves não foram tratados pelos três partidos da direita e os seus acólitos nos media.

O cumprimento do cronograma de três anos ditado pela troika, prometido pelo líder do PSD, não levará a qualquer saída do tunel.

Resitir é preciso.

Publicado no Resistir.info

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Consolidação e avanço da CDU. A luta tem de continuar !

Com os resultados praticamente definidos, despeço-me desta noite eleitoral com as seguintes observações alinhadas ao instante e sem nenhuma hierarquização muito ponderada ou especial profundidade:

1 - Os resultados quase finais falam por si e atestam: uma clara derrota e um severo castigo eleitoral do PS (perda de 8 pontos percentuais em relação a 2009 e da posição de partido mais votado), o que significa que o seu desgaste e relativo isolamento eram tão grandes que nem conseguiu aproveitar a série de tiros no pé dados na campanha do PSD, de nada adiantando que o PS venha culpar o PCP e o BE pelo ascenso da direita porque o PS é que foi vítima de si próprio e da sua política e, depois de ter andado anos e anos a alimentar tigres (a direita) com bifes, não se pode queixar que os bichos já não se contentassem com ossos ou cenouras; uma expressiva vitória eleitoral do PSD, que conatndo com o CDS lhe dá direito a formar governo, baseada mais no cansaço com Sócrates e o governo do PS do que nos méritos ou esperanças com o PSD e o seu programa; um crescimento eleitoral do CDS que acaba por ser afectado por ficar longe das expectativas criadas pelas sondagens e cavalgadas por Paulo Portas, que beneficiou outra vez da regular amnésia sobre o seu passado como governante e alguma coisa deve ter beneficiado da táctica de se distanciar da vertigem ultra-liberal do PSD (coisa que meterá rapidamente na gaveta em troca de umas pastas governamentais); atentas as difíceis circunstâncias destas eleições, um significativo e importante resultado da CDU que, nas forças à esquerda da direita, é a única que regista um crescimento eleitoral e que elege mais um deputados ( por Faro, onde não elegia há 20 anos); uma séria quebra eleitoral do BE (menos 4,5 pontos percentuais do que em 2009) o que parece confirmar a volatlidade e outras características específicas de parte significativa do eleitorado deste partido.

2 - Nas suas linhas gerais ou mais determinantes, os resultados das eleições de hoje não são separáveis de um conjuntura de excepcional crise económica, financeira e social e de um contexto de poderoso condicionamento das opções dos leitores que, em 4/4, descrevi aqui assim: «julgo estar em marcha um nunca visto (e de contornos absolutamente asfixiantes) movimento de opinião publicada no sentido de expropriar as próximas eleições de conteúdos que, por definição, lhe deviam ser intrinsecamente inerentes, e de amarrar e formatar, em cínico nome do «pragmatismo» e de um suposto «estado de necessidade», as opções dos eleitores a um limitado quadro de escolhas de voto, alegadamente sustentado ou ancorado no ponto a que, em diversos domínios, o país chegou.» E que voltei a caracterizar em artigo escrito em 5 de Maio nestes termos : «não hesito ainda assim em sublinhar que, nunca depois do 25 de Abril, umas eleições decorreram ou se perfilaram num clima de pressão política e ideológica tão poderoso, persistente, sistemático e perigoso com vista a conformar as consciências e aprisionar a vontade dos cidadãos como o que se desenha para as eleições de 5 de Junho próximo. (...).Com efeito, todos os dias e semanas desfilam perante os nossos olhos na imprensa escrita e televisão e pelos nossos ouvidos nas rádios batalhões de comentadores, jornalistas, economistas, empresários e dirigentes políticos todos insistindo na inevitabilidade de certas medidas desgraçadas e brutais, todos proclamando a falta de alternativas credíveis ou razoáveis, todos baptizando o PS, o PSD e o CDS de «arco governativo», todos tratando o PCP e o BE como partidos de protesto e, numa falsidade do tamanho de uma catedral, apresentando-os como voluntariamente afastados de apetências de exercício governativo, todos no fundo trabalhando premeditada e activamente para que as eleições seja um simulacro democrático no qual, por causa das medidas acordadas pela troika portuguesa -PS, PSD e CDS – com a troika estrangeira – FMI, UE e BCE - estaria proibida a livre expressão de uma real vontade de mudança.»

E agora já posso dizer o que antes não podia: é que esta caracterização continha implicitamente a perfeita noção e consciência de que só assinaláveis voluntarismos, superficialidade ou inexperiência política podiam levar a pensar que os partidos à esquerda do PS desfrutavam de condições excepcionalmente favoráveis nesta batalha eleitoral em vez de terem pela frente, como sempre pensei, uma batalha dificil e especialmente complexa e exigente. Na verdade, raramente na história recente aconteceu que climas de angústia e certa desorientação colectiva, de medo do presente e do futuro, de aprisionamento numa barragem de factos consumados e de soluções asfixiantemente apresentadas como as únicas «credíveis» ou«exequíveis» fossem promissores territórios de espectaculares progressões eleitorais de forças de esquerda mais consistentes ou consequentes.

Neste sentido e no fim de uma campanha em que PS, PSD e CDS fugiram como o diabo da cruz da discussão do memorando de submissão e desgraça que tinham assinado como a troika estrangeira, não é de admirar que, em conjunto, os partidos com responsabiliades governativas nos últimos 35 anos, variações entre si à parte, não tenham sofrido o castigo eleitoral que claramente mereciam, continuando a beneficiar de comportamentos eleitorais de cidadãos em que entram coisas tão diversas e tão próximas como um dominante apego ao impulso para mudar de caras com secundarização das políticas, para a alternância sem alternativa, para o baralhar e tornar a dar e para uma nova confirmação de que muitíssimos passam o ano a dizer que «os partidos são todos iguais» mas afinal, no momento do voto, lá desarrincam alguma diferença que pesa nas suas escolhas limitadas.

3 - No plano dos resultados, parece-me ainda merecerem registo três dados principais: o primeiro é que, com toda a probabilidade, assistiremos à formação de um governo de coligação entre o PSD e o CDS sustentada numa maioria de deputados mas numa maioria eleitoral quase tangencial dado que a votação de PSD+CDS deverá andar à volta de 5o,37% (!!!) dos votantes ; o segundo é que, na linha dos resultados de 2009, volta a confirmar-se a interrupção do ciclo que durou de 1995 a 2005 em que o partido mais votado o era com percentagenss de votos acima dos 40% (de 40,2% a 45,3%) ; o terceiro é que, tal como já acontecera em 2009, os partidos do «bloco central» - PS e PSD - somam em conjunto cerca de 66,6% , portanto abaixo dos valores que atingiram entre 1987 e 2005 ( em que essa soma oscilou entre os os 72,4% e os 79,7%) .

4 - Como não sou um comentador independente, neutral ou isento (quando encontrarem um ofereçam-mo que levo-o para um museu) mas um comunista e velho combatente político, ninguém estranhará que, em particular, daqui fraternamente saude todos os militantes do PCP e do PEV, todos os activistas da CDU, todas as mulheres, homens e jovens que, com um esforço e abnegação que, quantitativa e qualitativamente, são singulares nas campanhas eleitorais construiram através da acção e da luta anteriores e da intervenção nesta campanha este bom resultado da CDU que, estando longe daquele que merece e de que a democracia precisa, representa um importante estímulo para que os comunistas e todos os outros democratas agregados na CDU prossigam com força e confiança renovadas as batalhas para vencer as densas ameaças e excepcionais perigos de retrocesso social que se perfilam não apenas para os trabalhadores mas para a maioria da população.

5 - Como tem acontecido, e o hábito não atenua a mágoa por assim ter voltado a ser quando se perfilam já para as próximas semanas uma calvalgada infame de agravamento das condições de dos portugueses, centenas de milhar de eleitores votaram nos partidos que não apenas aqui nos conduziram mas também estão comprometidos até à raiz de cabelos como todo um programa de orientações e medidas concretas que atingirão duramente os interesses objectivos dessas centenas de milhar de eleitores em agressões com que se virão a irritar e indignar mais à frente, atitude que tem causas muito complexas mas em que pesam também muito poderosamente os factores e circunstâncias referidos no ponto 2. Entretanto, é preciso não confundir compreensíveis desabafos individuais de sofá em noite eleitoral sobre esta situação com linhas de orientação política para o futuro. É que, como a luta tem de continuar e as eleições não decidem tudo, o que é preciso deixar claro é que serão bem-vindos às lutas todos e todas os portugueses e portuguesas que felizmente e em boa hora o queiram, independentemente da forma como votaram neste domingo e mesmo que não tenham votado.

Só para ninguém se esquecer do contexto mediático que sempre envolve e enevoa as legislativas portuguesas

Vítor Dias no o tempo das cerejas*
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR