quinta-feira, 20 de março de 2014

O sentido das palavras


PCP: Seguro está numa "contradição insanável", diz Jerónimo

O secretário-geral do PCP afirmou hoje que o líder socialista está numa "contradição insanável", comentando o encontro da véspera entre António José Seguro e o primeiro-ministro e presidente social-democrata, Passos Coelho.


Passos Coelho convocara Seguro para um encontro, que durou três horas, na residência oficial do Chefe do Governo, em São Bento, e o líder do maior partido da oposição garantiu existirem "divergências insanáveis" relativamente à estratégia orçamental para o país.
"Era bom que explicitassem como querem resolver este problema de estarem com as medidas que condicionam a nossa soberania orçamental e, depois, dizem que há divergências com o Governo, que também está de acordo com esses parâmetros e regras que nos espartilham", continuou o líder comunista.
Para Jerónimo de Sousa, "não ficou claro, nessa conversa longa, onde se entendem e onde se desentendem".
"Uma coisa percebemos, o PS quer ser Governo. Não sabemos é que política defende. Há divergências insanáveis em quê? Por exemplo, no Tratado Orçamental? Estamos condicionados por esses instrumentos que o PS também aprovou", disse.
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Há "modas" linguísticas que contrariam o sentido das palavras.
Havia uma contradição evidente com a palavra irrevogável, agora há outra contradição também evidente, também gritante - insanável!
E temos os irrevogáveis que (se) revogam e os insanáveis que (se) vão saneando.
Tudo isto parece irrevogavelmente insano.
Tem de ser revogado em nome da sanidade.

quarta-feira, 19 de março de 2014

As boas intenções de Michel Barnier e da Comissão Europeia a propósito dos bancos


A Comissão Europeia publicou uma proposta de reforma da acção dos 30 estabelecimentos bancários europeus mais importantes. 

Tal proposta (a cujo conteúdo não será estranha a proximidade de eleições) não agradou aos bancos. 

Mas na verdade não têm grandes motivos de preocupação. 

Não é a Comissão Europeia quem manda nos grandes bancos. 

É o grande capital quem manda na Comissão Europeia.

terça-feira, 18 de março de 2014



Inés Guzmán:

«Caracas, 14 mar (EFE).- O governo da Venezuela voltou a colocar nesta sexta-feira no centro de suas críticas os Estados Unidos, para acusá-los de aprovar a violência nos protestos que explodiram há um mês, em um dia em que as manifestações perderam intensidade em praticamente todo o país.

O presidente, Nicolás Maduro, e o chanceler, Elías Jaua, atacaram o governo de Barack Obama em geral e o secretário de Estado, John Kerry, em particular, depois que nas últimas jornadas se tivessem repetido as críticas de funcionários nesse país e enquanto o Congresso americano estuda sanções contra o país sul-americano.

"Os Estados Unidos assumiram a liderança aberta da derrocada do governo da Venezuela, assim é, o governo dos EUA neste momento é refém das políticas do lobby republicano e do lobby de direita de Miami", disse Maduro em entrevista coletiva.

O presidente acrescentou que é "evidente" a participação dos Estados Unidos porque "há um sem número de declarações de ameaças de sanções de ameaças de intervenção, houve lobby como não se via há não sei quanto tempo".

Pouco antes, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, responsabilizou diretamente Kerry como o "principal encorajador da violência" no país, chamando-lhe de "assassino" do povo venezuelano.

"Não vamos baixar o tom, denunciamos o senhor como assassino do povo venezuelano, o senhor Kerry, não vamos baixar o tom a nenhum império até que vocês não ordenem a seus lacaios na Venezuela cessar a violência contra o povo", disse Jaua de forma dura em um ato de homenagem ao falecido líder Hugo Chávez.»

segunda-feira, 17 de março de 2014

Um escândalo silenciado: O Programa dos Estados Unidos para a deserção de Cooperantes médicos cubanos


A solidariedade cubana prestada a outros países através da deslocação de dezenas de milhares de médicos e outros profissionais de saúde constitui um dos mais notáveis exemplos de internacionalismo do nosso tempo. 

A essa incomparável acção humanitária o imperialismo responde com os mais rasteiros métodos mafiosos.

domingo, 16 de março de 2014

Catherine Ashton: Vítima do sistema de ensino superior de Bolonha


As raízes do processo de Bolonha remontam a tempos antigos e reflectem a necessidade de os impérios europeus educarem cretinos para preencher cargos nas estruturas governamentais. 

Desde então, o sistema de ensino Bolonha tem vindo a ser modernizado. 

Por exemplo, antes do início da guerra da informação, os formandos não escondiam as suas capacidades intelectuais. 

Actualmente, aprendem a fingir-se surdos, mudos, sujeitos a demência temporária e a pensamento incoerente; tudo isso faz com que eles adquiram as características de lutadores experientes e capazes a fim de defender os valores democráticos e as liberdades. Presentemente afinaram na perfeição tais competências especiais.

Ver o artigo completo de Dmitriy Sedov no Resistir.Info

sábado, 15 de março de 2014

Luta de massas e nada de aventuras


Uma análise sumária dos resultados das recentes eleições na Colômbia. 

Com uma taxa de abstenção próxima dos 60% e com os candidatos da União Patriótica obrigados a conduzir a sua campanha à margem do poder mediático dominante e sob a constante ameaça, repressão e agressão do poder militar e paramilitar.

Ver o artigo completo de Alberto Pinzon Sanchez  no ODiario.Info

sexta-feira, 14 de março de 2014

A promover o império da América: Golpe, pilhagem e duplicidade

O regime Obama, em coordenação com seus aliados serviçais, relançou uma virulenta campanha de âmbito mundial para destruir governos independentes, cercar e finalmente subverter competidores globais, e estabelecer uma nova ordem mundial centrada nos EUA-UE. 

Prosseguiremos com a identificação dos "ciclos" recentes da construção do império estado-unidense; os avanços e recuos; os métodos e estratégias; os resultados e perspectivas. 

Nosso foco principal é na dinâmica imperial que conduz os EUA rumo a maiores confrontações militares, até e incluindo condições que podem levar a uma guerra mundial. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

UCRÂNIA: IMPERIALISMO SAQUEIA 40 TONELADAS DE OURO

A pilhagem da Ucrânia intensifica-se em ritmo alucinante. 

Sexta-feira à noite, dia 7 de Março, um avião misterioso decolou do aeroporto de Boryspil com 40 toneladas de ouro. 

Essa quantidade corresponde às reservas do Banco Central da Ucrânia. 

Do golpe de estado em Kiev saiu um governo apoiado pelos EUA e integrado por neo-nazis. 

Ele está agora a pagar a factura ao imperialismo. 

Está-se a ver a "libertação" que as potências ocidentais oferecem ao povo ucraniano. 

A notícia está aqui .

Publicado no Resistir.info.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Desmontar a propaganda mentirosa de Passos & Portas

Está em curso uma gigantesca operação de propaganda do governo, com o apoio dos grandes media, e com a participação de muitos comentadores com acesso fácil ou instalados nos media, visando convencer a opinião pública, de que “o pior já passou”, e que a economia portuguesa está numa fase de recuperação e crescimento. 

Um embuste de tal dimensão só pode ser argumentado manipulando previsões, empolando dados e escondendo os que não interessam.

terça-feira, 11 de março de 2014

Um Portugal com futuro, numa Europa dos trabalhadores e dos povos

)

Intervenção de João Ferreira, 1º Candidato da CDU às Eleições para o Parlamento Europeu, Lisboa. 
Apresentação da Declaração Programática Eleitoral do PCP para as Eleições para o Parlamento Europeu

domingo, 9 de março de 2014

A não esquecer nas eleições de 25 de Maio

Afirmar isto é dizer que a vontade do povo não conta, que as eleições são um faz-de-conta e que a democracia é uma palavra oca, vazia e inútil.

Punblicado no o tempo das cerejas.

sábado, 8 de março de 2014

A propaganda domina os noticiários

É sabido que nos tempos que correm não há ofensiva imperialista que não seja acompanhada de uma campanha global de propaganda, desinformação, manipulação e mentira nos grandes media. 

 É o que está a suceder mais uma vez no caso da Ucrânia, entre outros exemplos actuais.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Manifestação das forças de segurança


Mais degrau menos degrau, o que importa é isto: 
grande descontentamento, poderosa manifestação

Publicado no o tempo das cerejas.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Mais ricos mais ricos! Quantos mais pobres mais pobres?


e 1,1 milhões de portugueses
sem médico de família!
além do resto...

Publicado no Anónimo Sec XXI.

segunda-feira, 3 de março de 2014

VITÓRIA DO POVO CIPRIOTA

Chipre derrotou as privatizações imposta pela UE. 

Sexta-feira, 28 de Fevereiro, o Parlamento de Chipre – após enormes manifestações populares – recusou-se a autorizar as privatizações selvagens impostas pela Troika. 

O plano de privatizações de três grandes empresas públicas teve 25 votos contra dos comunistas (AKEL) e outros partidos democráticos, 25 votos a favor e 5 abstenções. 

O plano de privatizações era um elemento chave do acordo com o FMI e a UE. 

Em consequência, após a rejeição do plano, o governo reaccionário local pediu a demissão.


O AKEL recusa com firmeza as privatizações, defende a saída de Chipre do Euro e o abandono da UE.

Notícias como esta não são divulgadas na TV portuguesa...

Publicado no Resistir.Info

domingo, 2 de março de 2014


sábado, 1 de março de 2014

A caminho da guerra

Da Ucrânia à Venezuela, de África e Médio Oriente aos mares da China, multiplicam-se os sinais de que a tendência predominante nas potências imperialistas é para a guerra generalizada, o autoritarismo mais violento e o fascismo. Seja pela via da agressão aberta e directa, seja através de grupos mercenários a soldo, os imperialismos em crise sistémica estão em guerra aberta contra os povos e em guerra surda entre si, como ainda recentemente comprovou o telefonema da «diplomata» dos EUA Victoria Nuland ao seu embaixador em Kiev. No combate contra governos que se atrevem a dar mostras de soberania, lançam mão de paleo-fascistas, cuja ligação directa às hordas nazis na II Guerra Mundial ninguém pode contestar. Tal como o fundamentalismo religioso mais retrógrado e reaccionário ékosher na Líbia ou na Síria, também o anti-semitismo dos fascistas ucranianos torna-se «europeu» e «democrático». A sra. Nuland confessou numa Conferência Internacional de Negócios patrocinada pela petrolífera Chevron (13.12.13) que nos últimos 20 anos os EUA gastaram mais de cinco mil milhões de dólares a subsidiar a subversão na Ucrânia. Entretanto são retiradas as ajudas alimentares aos norte-americanos com fome porque «não há dinheiro». 

Quem ache que isto é exagero faria bem em dar ouvidos a alguém que vem do coração do sistema e lhe conhece as entranhas, embora seja hoje dissidente. Paul Craig Roberts (PCR) pertenceu a governos de Ronald Reagan e foi vice-editor do Wall Street Journal. Hoje escreve que «a União Soviética servia de entrave ao poder dos EUA. O colapso soviético possibilitou a ofensiva neo-conservadora pela hegemonia mundial dos EUA. A Rússia sob Putin, a China e o Irão são os únicos entraves à agenda neo-conservadora. Os mísseis nucleares russos e a sua tecnologia militar tornam a Rússia o mais forte obstáculo militar à hegemonia dos EUA. Para neutralizar a Rússia, os EUA romperam acordos [...] expandiram a NATO para antigas partes constitutivas do império soviético […] e Washington alterou a sua doutrina de guerra nuclear para permitir um ataque nuclear inicial. […] O desenlace provável da ameaça estratégica audaciosa com que Washington está a confrontar a Rússia será a guerra nuclear» (14.2.14). Sob o título «Washington empurra o Mundo para a guerra», PCR escreve (14.12.13): «a guerra fatal para a humanidade é a guerra com a Rússia e a China para a qual Washington está a empurrar os EUA e os estados fantoches de Washington na NATO e na Ásia. […]. A única razão por que Washington quer estabelecer bases militares e mísseis nas fronteiras da Rússia é para negar à Rússia a possibilidade de resistir à hegemonia de Washington. A Rússia não ameaçou os seus vizinhos e […] tem sido extremamente passiva face às provocações dos EUA. Isto está a mudar […] tornou-se claro para o governo russo que Washington prepara um ataque inicial decapitador contra a Rússia. […] A postura militar agressiva de Washington face à Rússia e a China indicia uma auto-confiança extrema que costuma conduzir à guerra». Sobre a Ucrânia, escrevia PCR há mais de um mês (4.12.13): «A UE quer que a Ucrânia adira para que a Ucrânia possa ser pilhada, tal como o foram a Letónia, Grécia, Espanha, Itália, Irlanda e Portugal. […] Os EUA querem a adesão da Ucrânia para poderem aí posicionar bases missilísticas contra a Rússia». 

O ex-governante de Reagan não reconhece que o entrave decisivo ao belicismo imperialista é a luta dos povos. Mas é mais lúcido do que muitos que se afirmam “de esquerda” quando adverte a China e a Rússia contra as ilusões e concessões. «É pouco provável que a China se deixe intimidar, mas poderá minar-se caso a sua reforma económica abra a economia chinesa à manipulação ocidental» diz PCR (4.12.13), que também alerta contra a «quinta coluna» de «licenciados programados pelos EUA que regressam à China». E é cáustico para com a tolerância da Rússia e da Ucrânia «que de forma tola permitiram que grande número de ONG financiadas pelos EUA agissem como agentes de Washington sob a capa de “organizações dos direitos do homem”, “construtores de democracia”, etc.» (14.2.13). As ilusões sobre a natureza do imperialismo e sobre a traição dos aspirantes a serventuários ricos pagam-se caro. 

Os povos do mundo já pagaram um preço demasiado elevado. 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

União Europeia e EUA cúmplices do fascismo Ucraniano

A tragédia ucraniana não teria sido possível sem a cumplicidade da União Europeia e dos EUA. 

Na sua estratégia de cerco à Rússia os governos imperialistas do Ocidente e os seus serviços de inteligência incentivaram as forças extremistas que semearam o caos na Ucrânia ocidental, abrindo a porta à onda de barbárie em curso. 

Foram as autodenominadas democracias ocidentais quem financiou e armou os bandos fascistas que sonham com pogroms de comunistas e exigem arrogantemente a adesão da Ucrânia à União Europeia.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A luta continua pelas 35 horas! COMUNICADO DA COMISSÃO CONCELHIA DE ESTREMOZ DO PCP

A Comissão Concelhia de Estremoz do PCP denuncia a aplicação das 40 horas no município de Estremoz, medida gravosa contra os trabalhadores e suas famílias. 

O executivo da Câmara Municipal de Estremoz, numa postura de ataque aos trabalhadores e estrutura sindical (STAL), tudo tem feito para ser o mero executor das medidas impostas pelo governo PSD/CDS. Após a aplicação das 35 horas, por resultado da ordem do tribunal resultante da providência cautelar interposta pelo STAL, o executivo da Câmara vem uma vez mais confirmar a sua posição de ataque aos direitos dos seus trabalhadores. 

Em vez de fazer o caminho da negociação com a estrutura sindical (STAL), na construção de uma solução que dignifique e proteja os seus trabalhadores contra esta medida gravosa de aumento do horário de trabalho - o que tem sido feito por outras câmaras no distrito e no país - persiste em prejudicar os seus trabalhadores, roubando-lhes direitos. 

Lembramos que é urgente a assinatura do ACEEP que garanta aos trabalhadores o direito a continuarem a trabalharem as 35h. 

A “desculpa” de que o ACEEP seria apenas aplicado aos trabalhadores do STAL não pode servir, pois a CME tem o poder para deliberar e decidir estender este horário a TODOS os trabalhadores! 

A Comissão Concelhia de Estremoz do PCP solidariza-se com os trabalhadores do município, apelando à sua luta na reivindicação pela negociação do ACEEP, salvaguardando-se as 35 horas de trabalho, porque só assim poderão defender os seus direitos e vencer a pressão e o medo. 

A Comissão Concelhia de Estremoz do PCP reunida dia 24 de Fevereiro, exorta todos os trabalhadores do Município, jovens, reformados, população em geral, a intensificar a resposta, contra o pacto de agressão, contra as políticas de direita, na construção de uma política e um governo patriótico e de esquerda. 

Decidiu-se ainda, realizar no próximo dia 9 de Março, o almoço comemorativo dos 93 anos de luta do PCP. 

No ano em que se comemora o 40º aniversário do 25 Abril e da Revolução de Abril, a Concelhia do PCP apela à participação nas comemorações, bem como, na exigência da resposta, expressa na luta convocada pela CGTP-IN, de 8 a 15 de Março, com concentração em Évora, no dia Internacional da Mulher, pelas 11 h, no Largo das Alterações. 

A luta continua! 

Estremoz, 25 Fevereiro de 2014 

A COMISSÃO CONCELHIA DE ESTREMOZ DO PCP

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP - Sobre a situação na Ucrânia

Perante a recente e dramática evolução da situação na Ucrânia, o PCP expressa a sua condenação pelo autêntico golpe de estado levado a cabo pelos sectores mais reaccionários da oligarquia ucraniana com o apoio do imperialismo, após meses de desestabilização e de escalada de violência, desencadeadas após o anúncio da suspensão da assinatura do acordo de associação com a União Europeia em Novembro passado. 

Os acontecimentos evidenciam a instrumentalização por parte das potências imperialistas da NATO – concertadas com as classes dominantes na Ucrânia – do profundo descontentamento acumulado entre os trabalhadores e amplas camadas da população, resultante do desastre social e económico da restauração do capitalismo na Ucrânia nas últimas duas décadas. 

O PCP denuncia e condena a brutal ingerência e desestabilização dos EUA, da UE e da NATO na situação interna da Ucrânia que – promovendo e apoiando as forças de extrema-direita, neonazis e xenófobas e fomentando o exacerbar de tensões, de divisões e clivagens –, visa assegurar o domínio político, económico e militar deste imenso país, de forma a avançar na sua escalada de tensão e estratégia de confronto com a Federação Russa, realidade que representa uma acrescida ameaça à segurança e à paz na Europa e no Mundo.  
O PCP alerta para o real significado e perigos que representam o avanço das forças de extrema-direita e de cariz fascista e neonazi na Ucrânia – no que constitui uma séria ameaça à democracia, aos direitos e liberdades e à própria integridade e soberania do país –, assim como chama a atenção para projectos que a pretexto da “ajuda externa” procuram impor gravosas condições económicas e políticas. 

O PCP denuncia e rejeita a campanha e as acções anticomunistas e expressa a sua mais veemente condenação dos ataques perpetrados contra os militantes, dirigentes e sedes do Partido Comunista da Ucrânia, assim como das tentativas para limitar ou mesmo ilegalizar a actividade do Partido Comunista da Ucrânia. 

O PCP reafirma a sua solidariedade aos trabalhadores e ao povo ucraniano, assim como ao Partido Comunista da Ucrânia e a todos os militantes e simpatizantes comunistas ucranianos e à sua luta em prol da paz, do bem-estar social, da soberania e independência da Ucrânia.

Nota do PCP publicada aqui.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Destruir a Revolução Bolivariana, objectivo do Imperialismo

Na Venezuela a tentativa de golpe com recurso à força foi inviabilizada. 

O esforço para desestabilizar o país prosseguiu, mas o projecto de tomada do poder foi alterado. 

O governo define-o agora como «um golpe de estado suave». 

Uma campanha de desinformação que envolve os grandes media dos EUA e da União Europeia transmite diariamente a imagem de uma Venezuela onde a violência se tornou endémica, manifestações pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta, a inflação disparou e a crise económica se aprofunda. 

Esses media – incluindo os media nacionais de grande circulação - ocultam a realidade. 

Quem promove a violência é a extrema-direita, quem incendiou lojas da Mision Mercal que vende ao povo mercadorias a preços reduzidos, quem saqueia supermercados é essa oposição neofascista que se apresenta como “democrática». 

É ela que sabota a economia e organiza o açambarcamento de produtos essenciais.

Ler o artigo completo de Miguel Urbano Rodrigues no ODiario.Info.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Protestos na Ucrânia são cuidadosamente orquestrados – O papel do CANVAS, o grupo de treino em "revoluções coloridas" financiado pelos EUA


Os recentes protestos na Ucrânia têm o fedor de uma tentativa orquestrada a partir do estrangeiro para desestabilizar o governo de Vikor Yanukovych depois de este se ter afastado da assinatura de um Acordo de Associação com a UE que teria conduzido a uma profunda divisão entre a Rússia e a Ucrânia. 

 A estrela do box transformada em guru político, Vitaly Klitschko, tem-se reunido com o Departamento do Estado dos EUA e é um aliado próximo da CDU de Angela Merkel. 

O acordo de associação com a Ucrânia enfrenta a resistência de muitos estados membros da UE que por si próprios já têm problemas económicos profundos. 

As duas figuras da UE que mais pressionam por ele – os ministros dos Negócios Estrangeiros sueco e polaco, Carl Bildt e Radoslaw Sikorski, respectivamente – são bem conhecidos na UE como aliados próximos de Washington. 

Os EUA estão a pressionar fortemente a integração da Ucrânia na UE, assim como esteve por trás da fracassada "Revolução Laranja" de 2004 para separar a Ucrânia da Rússia num lance destinado a isolar e enfraquecer a Rússia. 

Agora ucranianos descobriram provas do envolvimento directo do grupo de treino de Belgrado financiado pelos EUA, o CANVAS, por trás dos protestos cuidadosamente orquestrados em Kiev.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O necessário debate sobre o Euro


João Ferreira, cabeça de lista do PCP às eleições europeias, considerou "a importância da adoção de medidas que preparem o país desde já face a qualquer reconfiguração da Zona Euro.

Neste sentido, torna-se urgente o esclarecimento e o debate não apenas acerca das dramáticas consequências para o país causados pela adoção do euro, mas também as formas de abandonar um sistema monetário que coloca a generalidade dos países da UE, e em particular Portugal, numa situação de decadência: política, económica, social, numa palavra: civilizacional. 

Desde a adesão de Portugal ao Euro a FBCF caiu 42% em termos reais e o PIB no final de 2013 atingia o nível de 2002. 

Por aqui se vê que permanecer na Zona Euro é continuar a seguir uma rota de desastre para o país, para o seu povo, enquanto um punhado de oligarcas acumula cada vez mais riqueza.

Artigo de Daniel Vaz de Carvalho para ler aqui no Resistir.Info.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Boxeur-electrão e outras peças

Não é uma novidade, mas tem interesse esta nova confirmação documental do modo como o imperialismo norte-americano se ingere, manipula, conspira e coloca os seus peões no tabuleiro em relação a Estados que se suporia soberanos e a instituições como a ONU.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Protestos orquestrados por Washington desestabilizam a Ucrânia


Os protestos no ocidente da Ucrânia são organizados pela CIA, pelo Departamento de Estado dos EUA e por organizações não governamentais (ONGs) financiadas pela UE que trabalham em conjunto com a CIA e o Departamento de Estado. 

A finalidade dos protestos é anular a decisão do governo independente da Ucrânia de não aderir à UE. 

Os EUA e a UE inicialmente estavam a cooperar no esforço para destruir a independência da Ucrânia e torná-la uma entidade subserviente ao governo da UE em Bruxelas.

Para o governo da UE, o objectivo é expandir a UE. 

Para Washington as finalidades são tornar a Ucrânia disponível para o saqueio por bancos e corporações dos EUA e trazer a Ucrânia para dentro da NATO de modo a que Washington possa ganhar mais bases militares na fronteira da Rússia. 

Há três países no mundo que estorvam o caminho da hegemonia de Washington sobre o mundo – a Rússia, a China e o Irão. 

Cada um destes países é atacado por Washington para derrube ou para que a sua soberania seja degradada pela propaganda e bases militares dos EUA que deixam os países vulneráveis a ataque, portanto coagindo-os a aceitar a vontade de Washington.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O governo e o grande capital apontam para a privatização da Segurança Social


Está em curso uma campanha com o objectivo de convencer a opinião pública de que a Segurança Social não é sustentável. Governantes, “comentadores”, porta-vozes das seguradoras e dos fundos de pensões, todos afinam pelo mesmo coro. 

Assente na ignorância e na mentira deliberada, esta campanha tem dois objectivos fundamentais: condicionar os pensionistas e reformados a aceitarem como necessários os roubos a que vêm sendo sistematicamente sujeitos, e preparar a opinião pública para o processo de privatização que o grande capital há muito pretende realizar.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Ucrânia e o renascimento do fascismo na Europa


A violência nas ruas da Ucrânia é muito mais do que uma manifestação da ira popular contra um governo. 

 É, ao invés, simplesmente o exemplo mais recente da ascensão da mais insidiosa forma de fascismo que a Europa já viu desde a queda do Terceiro Reich. 

 Os últimos meses assistiram a protestos regulares da oposição política ucraniana e seus apoiantes – protestos ostensivamente em resposta à recusa do presidente Yanukovich a assinar um acordo comercial com a União Europeia, encarado por muitos observadores políticos como o primeiro passo rumo à integração europeia. 

 Os protestos foram razoavelmente pacíficos até 17 de Janeiro, quando manifestantes armados com paus, capacetes e bombas improvisadas desencadearam uma violência brutal sobre a polícia, atacando edifícios governamentais, batendo em quem fosse suspeito de simpatias pelo governo e provocando destruição generalizada nas ruas de Kiev. 

 Mas quem são estes extremistas violentos e qual é a sua ideologia?

Leia o artigo completo aqui no Resistir.Info.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"A BEM DA NAÇÃO"

Antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, os ofícios provenientes de entidades governamentais eram finalizados com a frase "A BEM DA NAÇÃO".

Quarenta anos volvidos, eis que ressurge a frase sacramental.

Ao pé da assinatura de emails agora enviados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) está mais uma vez inscrita aquela frase consagrada pelo fascismo lusitano.

É o caso, por exemplo, dos emails enviados pelo Sr. Josué Rito Dias, do Departamento de Recolha de Informação do INE (Núcleo de Recolha Lisboa 7).

O fascismo tem raízes fundas.

Com as troicas (interna e externa) elas vêm ao de cima.

Publicado no Resistir.info

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vésperas de ditaduras do capital?

No país do 25 de Abril os serventuários da classe dominante conseguiram implantar um regime autocrático.

A fachada democrática esconde mal a ditadura do capital.

Mas não sou pessimista.

Anima-me a convicção de que o povo português, ao reencontrar-se com a História, volte em breve a assumir-se como sujeito.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O “milagre económico” do governo e o descalabro real do país

O governo e os seus acólitos e propagandistas têm em curso uma colossal operação de propaganda anunciando resultados económicos de milagrosa recuperação. 
Mas todos os indicadores da economia real mostram o contrário: prossegue a queda da riqueza produzida, do consumo das famílias, do investimento, da procura interna. 
Aumenta de forma incomportável a dívida pública. 
A “descida” do desemprego significa apenas que mais centenas de milhares de trabalhadores são obrigados a emigrar. 
Aumentam a pobreza e a desigualdade. 
A única garantia de recuperação é correr com este governo e pôr fim a esta política.

Ver o artigo de Eugénio Rosa no ODiario.Info.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

«Wall Street é o equivalente moderno da mafia»

Entrevista com Martin Scorcese

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sabia isto acerca da Síria?


A família Assad pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid.

As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e educação.

Na Síria as mulheres não são obrigadas a usar Burca. A Xariá (lei Islâmica) é inconstitucional.

A Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos.

Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social.

Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.

A Síria é o único país do mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar.

A Síria tem uma abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe.
Ao longo da história houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na zona.

Antes da guerra civil a Síria era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.

A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.

A Síria foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma descriminação social, política ou religiosa.

Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado.

Sabia que a Síria possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais?

Talvez agora se consiga compreender melhor a razão de tanto interesse pela Síria!

Publicado no Abril de Novo

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Nenhum sistema público de investigação e ciência se pode construir com base na precariedade

A declaração política que o PCP levou hoje à tribuna da Assembleia da República, Rita Rato afirmou que tudo faremos para responsabilizar o Governo e o Ministro da Educação e Ciência da decisão inaceitável de desmantelamento do SCTN, em defesa da dignidade na vida de milhares de pessoas, em defesa de um trabalho de décadas, em defesa de uma país mais justo e soberano que concretize os valores de Abril no futuro de Portugal.

A comunicação do regime

No léxico comunicacional dominante, o “regime” é um exclusivo dos países que quem manda nos media decidiu hostilizar.

A Coreia do Norte tem regime, mas a Coreia do Sul não tem.

Na América Latina há um regime e meio. Cuba tem sempre um regime.
A Venezuela tem dias: quando se trata de atacar a legitimidade do Governo de Nicolas Maduro, há o regime de Nicolas Maduro. Quando se trata de celebrar acordos comerciais com a Venezuela, já não há regime.
No resto das Américas, ainda não há regimes, mas há países que, pelas orientações progressistas que prosseguem, ainda se arriscam a ter regime.

Em África, há um sector dos media que elege Angola como um dos poucos países africanos que tem regime. O regime de Eduardo dos Santos.
Na CPLP, mais ninguém tem regime. E mesmo Angola, tem dias.
O Zimbabwe de Mugabe passou por uns tempos em que tinha regime, mas tem andado esquecido. Deixou de ser uma prioridade mediática e perdeu o regime, até ver.

No Médio Oriente, só há dois regimes: o da Síria e o do Irão.
Felizmente para o Katar, para o Bahrem, ou para a Arábia Saudita, que aí não há regimes.
Como já não há regimes no Iraque ou na Líbia. Aí a situação conheceu uma grande mobilidade. Sadam e Kadafi viveram muitos anos no poder sem ter regime. Mas um belo dia passaram a ter regime e foram apeados pelas armas para que os respectivos países deixassem de ter regime. Hoje já não há regimes nesses países.

A China é um caso paradigmático. Quando se trata de noticiar condenáveis casos de corrupção muito semelhantes aos que ocorrem em países onde não há regime, dá-se mesmo um upgrade, e refere-se o regime comunista, em caixa alta e com símbolos coloridos em fundo, mas quando se trata de noticiar a venda da EDP ou dos seguros da Caixa a chineses, o regime subitamente eclipsa-se, e os chineses passam a ser unicamente chineses, ou seja, deixam de ter regime.

Na Europa, a Rússia voltou de há uns anos para cá a ter regime. Com o fim da URSS deixou de haver regime, mas como os oligarcas russos decidiram guardar para si os proventos da restauração capitalista, frustrando as expectativas dos oligarcas de outras paragens, voltaram a ter regime.
Eles e todos os que se queiram dar bem como eles: Ucrânias, Biolorrússias e seja quem for.
A Ucrânia está dividida: há os que lutam pelo regime e os que lutam para não ter regime.

António Filipe no Facebook.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A DENÚNCIA, O SILÊNCIO E A INFÂMIA


A revelação de Manuela Ferreira Leite, em programa televisivo na 5ª feira à noite, foi seguida por um silêncio quase sepulcral. Nenhum dos jornais que se auto-proclamam como "referência" mencionou o assunto. A excepção honrosa foi o jornal i . 


Pela boca da ex-ministra das Finanças e antiga dirigente do PSD ficou-se a saber que:

     1) o governo P.Coelho-P.Portas fez uma reserva oculta de 533 milhões no Orçamento de Estado de 2014;

     2) que tal reserva daria para cobrir folgadamente as consequências do chumbo no Tribunal Constitucional – "ainda sobrariam 200 milhões", disse ela;

   3) que portanto a sanha persecutória do governo contra os reformados, com cortes drásticos nas pensões, não tem qualquer razão de ser;

   4) que desconhece a que se destina o enorme "fundo de maneio" de 533 milhões à disposição da actual ministra das Finanças – "no meu tempo este fundo era apenas de 150 milhões", disse Ferreira Leite.
Verifica-se assim que a infâmia do governo Coelho-Portas é ainda maior do que se pensava. 

Há recursos orçamentais vultosos que são sonegados, reservados a finalidades desconhecidas do público. 

E, apesar disso, o governo pratica uma nova e brutal punção sobre os magros rendimentos dos pensionistas.

In Resistir.info

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Muitas barricadas, um planeta


Palpitam as veias abertas do nosso planeta. Enquanto a tirania se lança sobre todos, cada povo levanta a sua barricada. 
Já não vivemos os tempos em que se proclamava o fim da história. 
Na antiga capital de Castela, a população do bairro Gamonal subleva-se contra a construção de um dispendioso boulevard. Ardem contentores do lixo e as ruas estão bloqueadas com destroços. Sob ordens da autarquia, a polícia avança sobre quem protesta. 
Repetem-se as imagens em Hamburgo. Incontroláveis, milhares de jovens resistem, dia após dia, à repressão. Tudo começou com o despejo de um centro social. O governo alemão decretou o estado de emergência para poder reprimir indiscriminadamente. Há 91 anos, foi ali que a população se levantou em armas e tomou o poder durante três dias sob orientação dos comunistas. 
No País Basco, mais de 130 mil pessoas invadiram as ruas de Bilbau para responder com amor aos seus heróis que apodrecem nas prisões espanholas e francesas. 
Também os colombianos se revoltam em Bogotá. A procuradoria destituiu o ex-guerrilheiro que dirige a autarquia da capital por ter reestruturado a forma como se recolhia o lixo. Um golpe de Estado que só seria possível numa novela de García Márquez. À frente da varanda da presidência e perante milhares de pessoas, Gustavo Petro já anunciou que vai resistir à decisão e pede uma muralha popular contra o fascismo. 
Ao mesmo tempo, a América Latina exige a libertação de Francisco Toloza, dirigente da esquerda colombiana sequestrado pelo Estado. 
Mais a norte, no México, os corredores do poder remoem-se em preocupações. Centenas de mexicanos organizam-se com as suas próprias armas para fazer frente ao narcotráfico e à máfia. São os próprios que defendem as suas cidades num ambiente de terror em que a própria polícia está comprada pelos traficantes. 
E bem no coração de Paris, ao mesmo tempo que em Istambul, é o grito indignado do povo curdo que não deixa cair no esquecimento o triplo homicídio de militantes da guerrilha independentista PKK. Há um ano, Fidan, Sakine e Leyla foram assassinadas na capital francesa e todavia não há respostas por parte do Estado francês. 
O que também pouco muda é o silêncio sobre a luta do povo sarauí que completa mais de 40 anos pela libertação nacional e social. 
E percorrendo cada estrada, cada caminho de terra batida, havíamos de tropeçar com a resistência de povos que fazem peito ao capitalismo. 
Só passaram catorze dias sobre 2014 e já não há dúvidas de que ficará para a história como mais um ano marcado pela luta.

Publicado por Bruno Carvalho no MANIFESTO74.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A má distribuição da carga fiscal em Portugal, o agravamento das desigualdade e a manipulação do factor de sustentabilidade


É habitual a afirmação de que a carga fiscal em Portugal é muito elevada, atingindo já níveis incomportáveis. 

No entanto, quando se fazem comparações internacionais nomeadamente com os países que integram a UE, os dados parecem não confirmar tal afirmação.

Ver aqui o texto em PDF de Eugénio Rosa e publicado no ODiario.info.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A normalização da pobreza

No outro dia fui a um supermercado e quando estava na fila para pagar, vi que atrás de mim estava um rapaz que trabalha numa oficina onde costumo ir. Reparei que trazia com ele a filha. Pensei: "o rapaz que costumo ver manchado de óleo tem, pelo menos, uma filha e pode ter mais. Evidentemente ele come, tal como os seus filhos, a sua mulher, se existir e, por isso faz compras." e continuei..."ele não deve ganhar muito na oficina, provavelmente salário mínimo... como pode alimentar a família com um salário mínimo? ou talvez dois se a mulher estiver empregada..." e fiquei a olhar, confesso.

A resposta foi fulgurante quando o rapaz encheu o tabuleiro rolante com pacotes de arroz e latas de atum.
Arroz. Atum enlatado. Nada mais.

Há uns anos atrás, antes da nova vaga da crise sistémica do capitalismo, as dificuldades existiam, sem dúvida. O capitalismo nunca teve como objectivo o desenvolvimento humano, mas em alguns momentos, esse desenvolvimento foi um sub-produto do capitalismo. Não pode, no entanto, tal desenvolvimento continuar, pelo simples facto de que o capitalismo aproxima-se aceleradamente dos seus limites materiais e, esperemos, dos seus limites históricos. 

Que a um idoso fosse roubada uma parte de uma reforma.
Que a um trabalhador fossem roubados dois salários.
Que aos jovens fosse negado o direito a estudar e a aprender.
Que aos portugueses fosse negado o direito à Cultura.
Que gente morresse às portas dos hospitais porque não tem dinheiro.
Que as crianças tenham fome, cada vez mais fome e cada vez mais crianças com fome.
Que as filas do desemprego se encham de novos e velhos, de cabeça baixa ante a tristeza da inutilidade a que os "mercados" os votaram.
Que famílias inteiras vivam da mendicância.
Que nos orgulhemos de ser um povo que dá muito ao banco alimentar.
Que as fábricas fechem enquanto ficamos sem trabalho.
Que os jovens partam tristes.
Que os pais chorem a partida dos filhos tristes.
Que ter alimento seja "sorte" e ter "saúde" seja graças a deus.
Que gente que trabalha esteja condenada a comer arroz com atum enlatado, por vezes talvez nem isso.

Com tudo isso nos indignaríamos à explosão. Mas fomos neutralizados, os nossos limites da tolerância perante a miséria foram movidos, gradualmente. Fomos delicadamente treinados a aceitar o que antes jamais poderíamos aceitar. Delicadamente mesmo quando à força, porque fomos confrontados com uma técnica de choque e espanto que nos impõe a miséria como facto consumado, mas crescente. E antes do choque e espanto fomos chamados a escolher os nossos próprios carrascos, entre PS e PSD. 

Mesmo os que lutam, mesmo os que se indignam, viram movidos os limites da indignação, porque não são imunes. E a sociedade estará em movimento de progresso quando a nossa indignação for mais sensível e não, como agora, se torne cada vez mais um atributo humano em contracção. 

A normalização da indignidade faz dela regra. A normalização da indignidade é o fascismo.

Quanto mais indigna é a vida mais dificilmente nos indignamos. 


Publicado por Miguel Tiago no Manifesto74.
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR