terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dialéctica da luta de classes

A burguesia é a classe que nega discursivamente a existência das classes sociais tendo como interesse objectivo manter a (sua) sociedade de classes.

Portanto, a dialéctica da burguesia na sua actuação quotidiana resume-se a uma negação da sua afirmação presente.

O proletariado é a classe que afirma a existência real das classes tendo como interesse último e objectivo superar a(s) sociedade(s) de classes.

Portanto, a dialéctica do proletariado na sua acção quotidiana resume-se a uma afirmação pela sua negação futura.



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NATO prestes a conquistar a Líbia, com um banho de sangue

Após 7 mil bombardeamentos aéreos, do fornecimento de equipamento militar de todo o tipo e de financiamento aos grupos rebeldes, a NATO pode estar prestes a conquistar um território e os seus poços de petróleo e a liquidar fisicamente todos os que se opuseram à agressão, incluindo o próprio Kadhafi.

O que parece certo é que ele não fugirá e bater-se-á até ao fim, a fazer fé em anteriores declarações.

Os depósitos soberanos noutros países irão ser abertos, após uma investidura à pressa de um qualquer governo para pagar...a consolidação desta situação e a perseguição aos alvos que a NATO definirá.

Para o chamado Tribunal Penal Internacional (TPI) terá já sido levado o filho de Kadhafi que tem sido o porta-voz da Líbia nas últimas semanas.

Não partilhando de simpatias com Kadhafi, valorizo a sua determinação anti-imperialista, que teve compromissos há uns anos atrás, e sei bem que coisa é essa do TPI  - braço "jurídico" armado das estratégias de genocídio dos EIUA e NATO.

Os EUA e as França já se declararam disponíveis (hipocrisia....) para constituirem um protectorado, certamente para sanearem políticamente a população de "indesejáveis" e para controarem os poços do petróledo.

Prossegue assim, a realização dos objectivos estratégicos definidos há dez/ vinte anos no Pentágono.

Face ao risco de uma crise financeira que atingiria os EUA, estes e a NATO deveriam conquistar as rotas do petróleo do Mediterrâneo às fronteiras da Rússia.

É uma guerra muito vasta que dia-a-dia alarga cada vez mais o seu teatro: Líbano, Palestina, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e algum mudar de moscas na Tunísia, no Egipto e Marrocos, com ditaduras frágeis.
 






domingo, 21 de agosto de 2011

Reflexões lentas - num domingo de manhã

Retiradas (as reflexões) de "dias de agora", acabadas de escrever e que me vi impelido (?!) a publicar aqui:
«(...)

Há uma tese a borbulhar sobre a espécie humana, que quer saltar “cá para fora” e não encontra, neste momento…, melhor saída que aqui.

Então é assim.

A espécie humana dividir-se-ia, segundo quase consensual rotulagem, em duas sub-espécies.
Haveria a sub-espécie dos bons, que seria uma “espécie” de “supra-espécie”, que assim nascem ou que a tal – a bons – ascendem, a pulso-apenas-seu, com muito trabalho, mérito ou outros atributos, ou a pulso-ajudado-por-outros já lá nascidos ou lá chegados por sorte, dado o lado para tinham virado o rabinho ao nascer, por méritos e atributos que, entre-si, os bons valorizam e premeiam.

Depois – depois… mas noutra escala nas "espécies" –, haveria os maus, os que são assim e pronto, pertencem a essa infra-espécie e dela não podem ou (o que é bem pior) não querem sair.
São maus e pronto, não há nada a fazer senão combatê-los e impedir que façam o mal que os (pre)enche e que apenas dificultam o bem-estar (melhor: o bem-bom-ser) dos bons.
É essa infra-espécie de gente, mal-nascida e/ou mal-crescida, que pratica todas as malfeitorias.
Eles fazem revoluções, descolonizações, parece que vivem para perturbar a boa vida dos bons.

Será justo dizer, à laia de entre parenteses, que nem sempre os maus assim se comportam, que passam muito tempo calminhos, amansados pelas concessões que os bons vão fazendo, com essa intenção para que não haja agitação social que os incomode.
No entanto, mesmo assim, e mesmo quando muitos dos bons não se eximem à caridadezinha que os ajudará a ser melhores ainda (eventualmente) numa vida eterna reservada aos melhores dos bons, há sempre uns maus que são os piores dos maus, do piorio.
Estão sempre insatisfeitos, rezingando, conspirando, agitando, a preparar ou a realizar revoluções e descolonizações.

Eles são uns assassinos (mesmo quando conseguem os seus fitos sem matar ninguém), eles invadem países (mesmo quando só lá entram se chamados pelos maus "de dentro" para impedir que os bons recuperem, com ajuda dos bons "de fora", o que teriam perdido de bem-bom), eles prendem os bons e os que ao seu serviço estão para os derrubar (até abrem campos de reeducação e, para casos mais graves de bondade, asilos psiquiátricos), eles levantam muros (o que são verdadeiros símbolos da sua maldade intrínseca).

Eles estão às ordens de Moscovo (quando havia), ou do Corão (quando convém), ou de outras etiquetas que oportunamente se lhes colam, e têm estirpes muito resistentes (por isso, as mais perigosas) como a estirpe dos comunistas.
Porque estes, os comunistas, são os mais maus que denunciam – e, fanaticamente, explicam porquê – que os bons matam que se fartam (mesmo, e muito!, crianças, gente quando os alvos são “só” militares), que invadem e ocupam países (mesmo quando ninguém "de dentro" os chama, a não ser alguns raros bons e, sobretudo, as riquezas do solo, do sub-solo e plataformas marítimo-petrolíferas ou outras), eles prendem e têm campos de concentração em territórios ocupados, e fazem de aviões e aeroportos meios de transporte, como se gado fosse, de piores dos maus ou de alguns que suspeitam que piores dos maus possam ser), eles levantam muros em muitos lados (na América do Norte, entre os Estados Unidos e o México, em Chipre, no Sahara, a separar territórios ocupados por Marrocos do povo que os considera seus, entre a Palestina e territórios ocupados da Palestina, sei lá se em mais lugares)… embora muro, muro, haja (ou houve… aleluia!), penas um, o dos maus, o de Berlim.
Há que acrescentar, para que não fiquem dúvidas, que tudo o que de aparentemente mau a "super-espécie" dos bons faz é, evidentemente, por bem, enquanto tudo o que a "infra-espécie" dos maus faz de efectivamente bom é, evidentemente, por mal.
Isto a propósito de (...) como poderia ter sido da reforma agrária, que tantos bons latifundários (NÃO!) assassinou, e que "obrigou" a matar alguns maus.

Isto a propósito de terrorismo que é “arma” que os maus (falo dos comunistas) não utilizam, mas que os bons USAm e abUSAm, nalguns casos com o requinte de o fazerem por forma que a história seja contada como se alguns actos terroristas tivessem sido da autoria dos maus.

(...)»

sábado, 20 de agosto de 2011

A ferro e fogo

O primeiro-ministro inglês não tem dúvidas. As revoltas nas ruas das cidades inglesas são apenas «criminalidade». Resultam dum «colapso moral» e de: «Irresponsabilidade. Egoísmo. Comportamentos que ignoram as consequências dos próprios actos. […] Recompensas sem esforço. Crime sem castigo. Direitos sem responsabilidades» (CNN, 15.8.11). Alguém deveria oferecer um espelho a David Cameron. A sua caracterização assenta que nem uma luva à criminosa, mentirosa e corrupta classe dirigente do seu país, que nos últimos anos enriqueceu de forma obscena através das falcatruas bolsistas e financeiras, da guerra, dos subsídios estatais, das isenções fiscais, das privatizações e pilhagem da riqueza pública, da mentira sistemática do império mediático de Rupert Murdoch. E que agora acha que cabe ao povo britânico pagar a factura dos seus desmandos.

São seguramente condenáveis as destruições de lojas e casas nas cidades inglesas. Mas quem elogiou a incomparavelmente mais grave destruição de Tripoli, Bagdade ou Belgrado? São condenáveis as violências sobre cidadãos inocentes nas ruas inglesas. Mas no dia 8 de Agosto aviões da NATO matavam 85 civis na aldeia de Majar, a 150 km de Tripoli: 33 crianças, 32 mulheres e 20 homens (Globe and Mail, 9.8.11). Violências de gangs são inaceitáveis. Mas quem transformou os gangs narcotraficantes e assassinos do UÇK, dos mudjahedines afegãos ou dos «rebeldes» de Bengasi em «governos», entregando-lhes cidades, territórios e redutos para os seus tráficos e crimes? E o que nos contam na comunicação social sobre os distúrbios será verdade? O Estado inglês tem um extensíssimo historial de violência e mentira. Foi assim nos anos da revolta na Irlanda do Norte (com casos escandalosos como os Birmingham Six ou os Guilford Four). É assim nos nossos dias. Desde 1998 morreram 333 pessoas sob detenção policial, sem que alguma vez um polícia tenha sido condenado (Guardian, 3.12.10). Em 2005 foi assassinado a sangue frio, após perseguição policial, o jovem brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com «um árabe». Na altura a polícia mentiu. No incidente que agora despoletou os distúrbios, depois de inicialmente a polícia ter dito que o jovem Duggan morrera numa troca de tiros com a polícia, a comissão de fiscalização da polícia veio confessar que apenas a polícia disparou (Guardian, 9.8.11). Testemunhas afirmam que Duggan foi assassinado a sangue frio, depois de imobilizado pela polícia. O chefe da Polícia Metropolitana de Londres demitiu-se há poucas semanas, após o escândalo que revelou um grau de podridão assinalável no triângulo imprensa-polícia-governo de Sua Majestade. Curiosamente, o dito trio aparece agora na contra-ofensiva política, distribuindo aos sectores mais pobres da sociedade inglesa sermões de moral e ameaças de duríssima repressão policial e social. O jornalista que despoletou o escândalo apareceu morto, tal como aconteceu com David Kelly, que em 2003 denunciou à imprensa as mentiras do governo Blair sobre a guerra no Iraque. Nada de suspeito, claro.

No Reino Unido como no resto do mundo capitalista, os anos da crise foram fartos para os senhores do dinheiro. Segundo a lista elaborada pelo Sunday Times, só no último ano os mais ricos viram as suas fortunas aumentar 20% (Telegraph, 7.5.11). A manterem-se as tendências actuais, o fosso nos rendimentos será, em 2030, apenas comparável ao que existia no tempo da Rainha Vitória (Guardian, 16.5.11). Lá como cá, os lucros privados são sustentados pelas dívidas públicas e por um ataque selvagem às condições de vida de quem trabalha. Para boa parte da juventude trabalhadora britânica, o sistema apenas oferece como saída combater (e morrer) nas guerras ou nos gangs. Ironicamente, nem mesmo uma carreira na polícia é agora possível, pois os cortes do governo conservador-liberal implicam que 34 mil postos de trabalho na polícia vão desaparecer nos próximos quatro anos (Guardian, 21.7.11).

A explosão inglesa é mais um sinal de que o sistema capitalista dos nossos dias está em profunda crise. Foi quase simbólico que os distúrbios nas ruas acompanhassem os distúrbios nas bolsas e nos mercados. A classe dirigente inglesa só fala em repressão e mão dura. O capitalismo já nada mais tem para oferecer senão miséria, guerra e violência.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Assobiar para o Ar

ENTRE Janeiro e Maio deste ano, ALGUNS portugueses, por sinal os mais prósperos e endinheirados - e também os menos patriotas - continuaram a colocar os seus "pés-de-meia" a recato dos cobradores de impostos e de outros fenómenos do foro contributivo,  transferindo-os para os paraísos fiscais, também conhecidos por "offshores".

O Banco de Portugal apurou que os valores envolvidos nestas exportações de capitais rondarão os 1,32 mil milhões de euros, o que dá uma simpática média de 9 milhões de euros diários, representando um aumento de 700 por cento, relativamente a 2010.

Quanto ao Governo, mais preocupado em manter-se submisso e nas boas graças da troika, e insensível para com as dificuldades que está a criar aos OUTROS portugueses, continua a assobiar para o ar, deixando que os milhões lhe passem mesmo ao lado, ao mesmo tempo que vai imaginando novas formas de extorquir mais fundos aos contribuintes do costume, os tais OUTROS portugueses que continuam a viver - dizem os economistas aparentados com o sistema - acima das suas possibilidades.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
CGTP-IN apela à indignação e resistência
Contra a liberalização dos despedimentos, sindicatos e comissões de trabalhadores entregaram, dia 12, na Assembleia da República, mais de dois mil pareceres apreciados e aprovados em reuniões e plenários por milhares de trabalhadores. A central apela à indignação e ao exercício do direito de resistência.
Casos graves na SN Seixal
Três acidentes de trabalho, em dois dias da mesma semana, vieram evidenciar os efeitos da retirada de direitos, da elevada precariedade e da limitação da liberdade na SN Seixal.
Revogação das taxas moderadoras
A necessidade imperiosa de revogar as taxas moderadoras volta à ordem do dia por iniciativa do PCP, que entregou na AR um projecto de lei nesse sentido, em nome do «respeito por aqueles que menos têm e mais precisam».

Solução é mais emprego
Uma semana depois da eclosão dos distúrbios em várias cidades da Grã-Bretanha, a população do bairro londrino de Tottenham saiu à rua para dizer ao governo que a solução não é mais polícia e cortes, mas empregos e educação

Crise humanitária na Líbia
A população civil líbia é a principal vítima do embargo e dos bombardeamentos da NATO contra o país, adverte o Comité Internacional da Cruz Vermelha, para quem os castigos impostos pela ONU são incompatíveis com o direito internacional.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quando David Cameron partia vitrinas

Numa cidade inglesa um bando de jovens parte uma vitrina, foge na noite e dirige-se a correr para o jardim botânico. A polícia segue-os, apanha alguns com seus telemóveis e põe-nos no calabouço.

O problema é que não se trata de um episódio ocorrido nestes dias. E que os jovens detidos não são desordeiros sub-proletários. Não, o episódio verificou-se há 24 anos em Oxford e os 10 jovens eram todos membros do Bullington Club, uma associação estudantil oxfordiana com 150 anos de idade, famosa pelas suas travessuras estudantis, suas bebedeiras e por considerar a vandalização de lojas e restaurantes como a melhor das distracções. Os problemas com donos de restaurantes, comerciantes e de denúncias à polícia são resolvidos com algumas indemnizações generosas vindas das gordas carteiras paternais. Algumas horas antes, os dez bravos jovens fizeram-se retratar nos degraus de uma grande escada, todos em uniforme do clube, roupa de recepção a 1000 libras esterlinas (1150 euros) cada uma. Dentre eles destaca-se um jovem David Cameron e um, também imberbe, Boris Johnson.

Acontece que hoje Cameron é o primeiro-ministro conservador e Johnson é presidente conservador da Grande Londres. E que tanto um como outro trovejam contra os vândalos que destroem as propriedades privadas. Tanto um como outro defendem a linha dura, a mão de ferro. Cameron quer recorrer ao exército e censurar as redes sociais; Johnson quer aumentar os efectivos da polícia. Sem sequer a menor compreensão por quem não faz outra coisa, no fundo, senão emular os seus gestos de outrora.

Mas, evidentemente, é característico da mentalidade de um filho do papá considerar que os outros não podem – e não devem – permitir-se aquilo que lhes foi permitido, a eles, por direito de nascimento e de extracção social.

Ler o texto completo de Marco D´Éramo no Resistir.info

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O RECADO

Segundo o jornal i, «o multimilionário norte-americano Warren Buffett enviou um recado a Barack Obama».

Diz Buffett, num artigo publicado no New York Times, que «a partilha de sacrifícios pedidos à população é injusta para as classes mais pobres»

Por isso clama: «Parem de mimar os super-ricos».

(e explica que no último ano, enquanto ele pagou de impostos apenas 17, 4% do seu rendimento, «as taxas de impostos das 20 pessoas que trabalham no meu escritório, foram de entre 33% e 41%»).

É claro que Buffett sabe que a fortuna que tem foi conseguida através da exploração.

E sabe também que a actual crise do capitalismo, que assume aspectos de extrema gravidade, está a evidenciar de forma clara, as fragilidades do capitalismo.

E sabe, por isso, que para continuar a ser o que é - o homem mais rico do mundo - é preciso que o sistema capitalista funcione...

Porque, homem prevenido que é, sabe ainda que, como disse o economista Nouriel Roubini ao Wall Street Journal, «Marx estava certo quando disse que o capitalismo pode destruir-se a si próprio»...

Em todo o caso, o «recado» de Buffett a Obama merece ser registado... tanto mais quanto, por cá, continuamos a ouvir dizer todos os dias que «os sacrifícios são para todos»...

E não parece muito provável que um qualquer amorim ou belmiro envie idêntico «recado» ao Passos/Portas...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Marx tinha razão. A certa altura o Capitalismo pode destruir-se a si próprio", diz hoje em entrevista ao Wall Street Journal, Nouriel Roubini

"Os negócios não estão a dar nada.

De facto não estão a ajudar.

O risco actual tornou as empresas mais nervosas.

Há um valor em espera.

As empresas dizem que estão a fazer cortes por haver um excesso de capacidade e que não contratam trabalhadores por não existir uma suficiente procura final mas há aí um paradoxo, um Catch-22.

Se não se está a contratar trabalhadores, não existe suficiente rendimento de trabalho, nem a confiança bastante do consumidor, enfim uma insuficiente procura final.

De facto, nos últimos dois ou três anos tivemos uma redistribuição massiva do rendimento do trabalho para o capital, dos salários para os lucros, aumentou a desigualdade do rendimento e a tendência marginal para gastar numa casa é maior que a tendência marginal para uma empresa poupar .

As empresas têm maior tendência a poupar que as famílias.

Assim a redistribuição do rendimento e da riqueza torna a procura agregada desadequada ainda pior".

"Karl Marx tinha razão. Num determinado momento, o capitalismo pode destruir-se a si próprio.

Não se pode continuar a mudar o rendimento do trabalho para o capital, sem ter um excedente de capacidade e falta de procura agregada.

Foi isso que aconteceu.

Pensámos que os mercados estão a funcionar mas não estão.

O indivíduo pode ser racional.

A empresa para sobreviver e prosperar, pode fazer descer os custos de trabalho cada vez mais mas os custos de trabalho são rendimento e consumo de outros.

É por isso que estamos perante um processo auto-destrutivo."

António Abreu no Antreus




domingo, 14 de agosto de 2011

Eles roubam tudo...

Roubar é a sua profissão: eles roubam, roubam, roubam...

Roubam todos os dias e a todas as horas; roubam nos dias úteis e nos dias inúteis; roubam nos domingos, nos feriados e nos dias santos; roubam enquanto dormem e roubam quando estão acordados.

Eles roubam, encapotados, congelando salários e reformas, e roubam, sem máscara, subsídios de Natal a trabalhadores e reformados.

Eles roubam, à mão armada, o direito ao emprego aos jovens e roubam, a tiro, aos idosos, o direito à dignidade, condenando-os a reformas de miséria.

Eles roubam, em quadrilha, o direito ao pão a milhões e, sempre em quadrilha, concedem-lhes o direito à caridadezinha ultrajante e anti-humana.

Eles roubam direitos laborais e roubam direitos humanos fundamentais aos cidadãos.

Eles roubam serviços públicos essenciais, roubam o direito à saúde, à educação, à habitação – e roubam o direito à felicidade.

Eles roubam, roubam, roubam...

Eles roubam aos que trabalham e vivem do seu trabalho.

Eles roubam aos que já trabalharam e ganharam, com trabalho, o direito a uma velhice digna.

Eles roubam o emprego aos que querem trabalhar, pondo-lhes à frente espessos muros.

Eles roubam, roubam, roubam...

Eles roubam ao País a sua independência e, rastejantes, levam o roubo à boca dos grandes e poderosos da Europa e do mundo, aos quais lambem as mãos.

Eles roubam Abril – a democracia, a liberdade, a justiça social, a soberania nacional, a Constituição, o futuro – e semeiam sementes do passado que Abril venceu.

Eles roubam, roubam, roubam...

Roubar é a sua profissão.

E, quais robins dos bosques de patas para o ar, roubam aos pobres para dar aos ricos – e enchem, com o roubo, os cofres das grandes famílias, dos exploradores, dos vampiros parasitas.

E se alguém se engana com o seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada, eles roubam tudo e não deixam nada.

E poisam em toda a parte: poisam no governo e na presidência da República; poisam nas administrações das grandes empresas públicas e privadas; poisam nos bancos falidos fraudulentamente e nos bancos que, fraudulentamente, levam à falência as pequenas e médias empresas.

Poisam nos prédios, poisam nas calçadas...

A luta os vencerá.

sábado, 13 de agosto de 2011

Redução da TSU tem impacto nulo nas exportações e aumenta lucro dos patrões

O governo acabou de divulgar o “Relatório da Desvalorização Fiscal” onde analisa o impacto da redução da Taxa Social Única (TSU) das empresas. E a conclusão que se tira é que a redução da TSU teria um impacto reduzido ou mesmo nulo no aumento da competitividade as exportações. De acordo com os dados do próprio relatório do governo, uma redução da TSU de 3,7 pontos percentuais, como se propõe no relatório, determinaria uma redução média dos custos das empresas exportadoras entre 0,93% e 1,53%. É evidente que uma redução dos preços das exportações com esta dimensão não aumentaria a sua competitividade.

A redução de 3,7 pontos percentuais na TSU paga pelas empresas determinaria uma perda de 1.480 milhões € de receita para a Segurança Social. Para compensar esta redução de receitas seria necessário, por ex., aumentar a actual taxa reduzida de 6% para 8,4%, e a taxa intermédia de 13% para 23%. Só assim é que se poderia obter um volume de receitas daquele montante. E como se sabe a taxa reduzida de IVA incide sobre bens essenciais (pão, leite, queijo manteiga, azeite, peixe, carne, legumes, frutas, iogurtes, cereais, massas alimentícias, sal, arroz, sal, água, electricidade, e gás). E a taxa de IVA intermédia incide sobre conservas de carne, peixe e produtos hortícolas, sobre óleos e margarinas, café, vinho e sobre serviços de restaurantes, cafés, bares, etc.. É evidente que o aumento do IVA sobre todos estes bens e serviços essenciais, determinaria subida imediata dos preços, o que faria aumentar ainda mais a taxa de inflação que é já de 3,2%. As classes da população mais atingidas por este aumento do IVA seriam as de rendimentos mais baixos já que, segundo o INE, o que gastam com alimentação (23,7% do orçamento familiar) é o dobro do gasto pelas classes de rendimentos mais altos (apenas 11,3%).

Como reconhece o próprio relatório o aumento do IVA determinaria “uma redução dos salários reais e do rendimento real das famílias” (pág. 21), o que causaria uma redução do consumo interno que teria, como consequência, “uma redução do PIB” (pág.22 do Relatório), portanto teria um forte efeito recessivo. Tal situação determinaria que “no primeiro ano a receita fiscal diminui e verifica-se um aumento do défice orçamental” (pág. 21 do relatório). Em resumo, o aumento do IVA teria um forte efeito recessivo, agravando a recessão económica, reduzindo os salários reais e os rendimentos das famílias, diminuindo o consumo interno, o que determinaria o aumento das falências e do desemprego, e ainda provocaria subida do défice orçamental. E naturalmente o governo utilizaria depois o agravamento do défice para impor mais medidas de austeridade, e mais sacrifícios aos portugueses, continuando assim o circulo vicioso infernal, que só poderia levar o país e os portugueses a um maior desastre.

Uma outra justificação para reduzir a TSU paga pelos patrões são os resultados obtidos através do modelo matemático PESSOA. Este modelo foi elaborado pelos técnicos do FMI dirigidos pelo sr. Blanchard, seu director, o mesmo que defendeu em Portugal uma redução de 20% nos salários para aumentar a competitividade, e também o que, numa revista do FMI, confessou que se tinha enganado pois não conseguiu prever a crise internacional de 2008 nem os seus efeitos mesmo depois dela se ter declarado. Segundo aquele modelo a competitividade das exportações aumentaria com a redução da TSU. Mas quem estudou modelos matemáticos sabe bem que eles não são nem credíveis nem fiáveis, pois não têm em conta muitas variáveis da realidade que é extremamente complexa e que por isso não é possível de a captar e prever através desses modelos que, para serem exequíveis, simplificam arbitrariamente a realidade. A prova-lo está a incapacidade para prever a crise de 2008, a falência estrondosa da LTCM, dirigida por dois prémios Nobel, e de muitos bancos de investimento que utilizavam modelos matemáticos extremamente sofisticados. O relatório está cheio de afirmações que revelam que os próprios autores do relatório, que utilizaram o modelo PESSOA, não acreditam nesses resultados. Eis algumas dessas afirmações: Logo no inicio da pág. 21 do relatório se afirma que “a interpretação dos resultados deve ter em conta o facto dos modelos de equilíbrio geral, tal como todos modelos económicos, serem representações estilizadas da realidade e serem baseados em hipóteses simplificadoras que condicionam os seus resultados” . É evidente que os resultados assim obtidos não são fiáveis nem credíveis. No entanto, as confissões constantes do próprio relatório não ficam por aqui. Na pág. 22 acrescenta-se o seguinte: “As simulações são conduzidas num contexto de credibilidade e antevisão perfeitas” . Assim o modelo pressupõe que todos os patrões vão reduzir os preços e não aproveitar a baixa da TSU para aumentar os lucros. E isso certamente não acontecerá. E as citações podiam continuar, mas estas parecem ser já suficientes.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Olha, olha, é a competitividade, pá ! Só uma inocente pergunta

Tá bem, pronto, fazemos de conta que sim, não se fala mais nisso, a descida da taxa social única é para favorecer a competitividade das empresas portuguesas.

Mas, ó grandes e faiscantes inteligências nacionais (e internacionais) que governam este protectorado, vexas. são capazes de me explicar se esta subida de 17 pontos na taxa do IVA sobre a energia, para além de um brutal assalto à mão armada aos orçamentos dos consumidores domésticos, também é para tornar mais competitivas as empresas portuguesas ?.



Vítor Dias no o tempo das cerejas*

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Fazer frente à ofensiva
Jerónimo de Sousa participou, no sábado, em dois comícios no distrito do Porto – junto à praia, em Vila Nova de Gaia, e na tradicional Festa da Unidade em São Pedro da Cova. Duas expressivas afirmações públicas da necessidade de Fazer Frente! à ofensiva contra os direitos do povo português.
Atentado à dignidade na Mundet
Os ex-trabalhadores da Mundet, reunidos, dia 5, no refeitório das antigas instalações da corticeira, no Seixal, formaram uma comissão de luta para dar resposta ao ultraje de terem recebido compensações de miséria, por meses de salários e indemnizações em atraso, depois de uma espera de 23 anos.
Insolvência obscura
O favorecimento ao grupo Amorim pode estar por detrás da insolvência obscura das empresas Subercor e Vinocor, admite o PCP, que se solidarizou com a luta dos trabalhadores em defesa dos seus salários e postos de trabalho.
Liquidação total
O Estado perde instrumentos de protecção da economia e da soberania ao abdicar dos direitos especiais em empresas estratégicas como a GALP ou a EDP, acusa o PCP, para quem as alterações à Lei-quadro das Privatizações, aprovadas na AR, são o corolário de uma traição ao interesse nacional.
Das críticas à continuidade
Nuno Crato e a nova equipa do Ministério da Educação e Ciência decidiram prosseguir a política do PS – criticada pelo PSD na oposição – e vão lançar no desemprego milhares de docentes contratados e deixar que milhares de professores do quadro fiquem com «horários zero», acusa a Fenprof.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Para começar bem o dia...

O Ministério da Saúde suspende os reembolsos directos aos “utentes” do Serviço Nacional de Saúde a partir de hoje.

Por circular de ontem, a Administração Central do Sistema de Saúde suspende o pagamento de reembolsos directos aos utentes.

"No âmbito da redefinição das regras de acesso às prestações de saúde e tendo em conta os compromissos internacionais do Estado português, tornar-se necessário, de acordo com as orientações da tutela, reavaliar a função dos reembolsos director aos utentes do Serviço Nacional de Saúde" (…) "são suspensos, com carácter obrigatório para todas as instituições e serviços integrados no Serviço Nacional de Saúde, os reembolsos directos aos utentes relativos a prestações de saúde, incluindo transporte não urgente de doentes". Estão abrangidos os reembolsos com próteses, calçado ortopédico, serviços de estomatologia e tratamentos termais.

"A suspensão abrange todos os pedidos de reembolso, que sejam apresentados no dia útil seguinte ao da data da circular", isto é, hoje.

Chama-se atar e pôr ao fumeiro.







terça-feira, 9 de agosto de 2011

Médicos cubanos – Ainda se ao menos fossem “competentes”...

Não há volta a dar-lhe!


Por mais que a medicina cubana e os seus profissionais sejam elogiados internacionalmente, por mais que os números relativos aos cuidados de saúde pública em Cuba façam corar (fariam, se houvesse vergonha) países do “primeiro mundo”... tudo isto independentemente do que se pense sobre o regime político daquela grande ilha das Caraíbas, já que não é esse o assunto deste post, a verdade é que os médicos e médicas cubanas são olhados com desconfiança em muitos lugares... quem sabe, com medo que entre um curativo, uma pequena cirurgia, ou uma simples consulta, eles assumam o papel de espiões, ou de “evangelistas” da Revolução. Portugal não é exceção.

Independentemente das reais intensões com que o disse, o senhor doutor bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, lá foi dizendo que, “sem desprimor e sem xenofobia” (claro, claro!), era natural que certos extratos da população portuguesa estivessem “satisfeitos” com os médicos cubanos... já que antes não tinham médico nenhum, isto apesar, acrescentou, de esses clínicos não terem as «competências adequadas» para exercer a função.

E lá fiquei eu, numa das minhas divagações costumeiras, a imaginar e a tentar enumerar as «competências» que os amigos e amigas cubanas não têm... e de facto, se pensarmos nisso, existem várias:

- Não têm a “competência” de passar atestados médicos para 25 polícias, todos no mesmo dia, meterem baixa de saúde fraudulenta.

- Não têm a “competência” de passar as férias em estâncias balneares de luxo, no estrangeiro, a pretexto de passarem meia dúzia de horas dessas férias a ouvir os senhores que lhes pagam as estadias, fazerem propaganda a mais uns novos medicamentos que eles devem passar a receitar... tendo ainda a suprema lata de chamar a isso “congressos”.

- Não têm a “competência” de montar clínicas vistosas, com consultas a custarem 100 euros (ou muito mais), mas que ao primeiro exame dispendioso que for necessário, mandam o doente ir ter à consulta que também têm num qualquer hospital público, onde farão o exame gratuitamente, ou quase... para depois continuarem o “tratamento” (e os pagamentos, obviamente!) na clínica privada.

- Não têm “competência” para, nas consultas do Serviço Nacional de Saúde, “cheirarem” os doentes que têm disponibilidade financeira para contornar as esperas e demais incómodos do serviço público, passando, a seu conselho, para a clínica privada onde têm o seu biscate paralelo.

Poderia continuar, mas estes poucos exemplos já dão para ver o quanto estes médicos e médicas cubanas são “incompetentes”. Tão “incompetentes” como as centenas e centenas de médicas e médicos, enfermeiras e enfermeiros portugueses que, no SNS, fazem o seu trabalho com amor, competência e honestidade. Todos longe, muito longe do milionário universo em que se movem os barões da medicina... e da Ordem.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pragmatismo ou Ideologia?

Uma das linhas ideológicas do actual Governo é a tentativa de se apresentar a si próprio como um governo sem ideologia, um governo pragmático para fazer o que é necessário, custe o que custar.

É a repetição do estafado truque das classes dominantes, de apresentarem a sua ideologia como a verdade eterna, de transformarem os seus interesses de classe em dogmas absolutos, inquestionáveis, eternos.

Assim disfarçada de verdade suprema, como o «a bem da nação» de que a nação tão má memória guarda, a ideologia das classes dominantes reivindica para si própria uma qualidade divina, e onde os seus executantes adquirem qualidades ligadas à capacidade revelada para fazer vencer o bem contra o mal – nuns casos corajosos e pragmáticos, noutros incompetentes e desonestos. Imaginem que vos assaltam a casa. Seguramente que não exclamariam «Que corajosos, roubaram-me em plena luz do dia!» ou «Que pragmáticos, em três minutos até os colchões levaram!». A força dos mecanismos de dominação ideológica expressa-se na capacidade de colocar milhões de vítimas a chamar corajoso ao Sócrates e pragmático ao Passos Coelho.

Neste cenário, a luta de classes não existe, só o confronto entre o bem e o mal. Retirada a sua própria ideologia da categoria de ideologia, a palavra passa a ser um anátema usado sobre os que se lhe opõem: estão a fazer ideologia! E então, colocam a questão: querem um governo pragmático ou ideolóóóóógicoooo? (Deve ser lido com a entoação da voz-off de um filme de terror...)

Mas desde logo, esta contradição entre pragmatismo e ideologia não faz sentido nenhum. Uma coisa é a capacidade de executar um determinado programa, e outra completamente diferente é qual o programa que se pretende executar. Tão pragmático é roubar o subsídio de férias para o injectar na banca como o seria nacionalizar toda a banca e aumentar os salários. Tão pragmático é roubar o abono de família para o entregar aos accionistas da PT, como o seria cobrar os impostos devidos a esses accionistas e aumentar o abono de família.

E colocando a questão errada fogem à pergunta que ilumina: Querem um Governo ao serviço dos capitalistas ou ao serviço do povo e dos trabalhadores?

domingo, 7 de agosto de 2011

Uma nota de 500... €uros

Nota prévia: fui a Lisboa almoçar a casa amiga, e fui de "expresso" e a ler o Expresso. Uma breve notícia, nas "últimas", fez-me fazer o que estou sempre disposto a fazer: sacar da "arma-notebook" e disparar.

Qual o quê? Aquele autocarro é dos que enganam a clientela... não tinha o wi-fi anunciado!

Senti-me lesado, mas nem posso protestar porque a "rede de expressos" não diz que todos os autocarros estão equipados... diz "wi-fi a bordo", diz "ligue-se ao mundo enquanto viaja" (com um computador - e um sorriso - aberto sobre os joelhos), mas também diz "100 autocarros equipados".

Desisti, claro... e terei ido a fazer outras coisas mais urgentes e úteis que "postar" o que, agora, vai abaixo.

Segundo a últimas do Expresso, a Espanha pondera retirar notas de 500 €uros.

Porquê? Para combater o branqueamento de capitais! «Segundo o "Centro Nacional de Inteligência" (?) espanhol, 90% de todas as notas de €500 da União Europeia já foram utilizadas em Espanha.»

Quando em 1997 publicámos o Não à Moeda Única, num dos parágrafos da introdução pode ler-se: « (...) os trabalhadores portugueses poucas notas acima das de 50 euros lhes virão (ou viriam) a passar pelas mãos ou debaixo dos olhos, como aliás já lhes acontece hoje com essa nota de 10.000$ para eles quase invisível (...)», o que nos muitos debates em que participei fui "apimentando", dizendo que se, para se "lavar dinheiro" se pagassem salários em notas de 500 €uros, grande parte dos trabalhadores ainda viriam a ter de dar troco no final dos meses. Isto há 14 anos! Repare-se que, hoje, ainda se regateia o salário mínimo nacional que não chega a uma nota dessas.

Por outro lado, com a criação desta nota, passou a ser muito fácil transportar grandes quantidades de capital-dinheiro em pequenas pastas ou maletas. Ou "lavar" uma operação de tráfico criminoso com a compra de uma ou duas embalagem ou de detergente ou outros produtos numa grande superfície e receber, das caixas, o troco de uma nota de €500 em notas mais pequenas e moedas! E de cada compra destas ficar-se com mais de 400 €uros imaculados...

sábado, 6 de agosto de 2011

HIROSHIMA E NAGASÁQUI

Há 66 anos - nos dias 6 e 8 de Agosto de 1945 - os EUA lançaram duas bombas atómica sobre as cidades de Hiroshima e Nagasáqui.

Tratou-se do mais desumano, cruel e horroroso morticínio da História: mais de 200 mil pessoas tiveram morte imediata e as consequências das duas explosões continuam ainda hoje a fazer-se sentir, matando.

Os criminosos «justificaram» a sua acção monstruosa com duas ordens de razões - «exigências militares» e «necessidade de salvar milhares de vidas humanas»- ambas falsas, como facilmente se depreende se tivermos em conta que, por um lado, a Alemanha nazi capitulara três meses antes e que, por outro lado, o imperador do Japão tinha decidido render-se dois meses antes e tinha encetado contactos com a URSS, pedindo a sua interferência no sentido de pôr termo à guerra.

Os EUA utilizaram, então, as mesmas «justificações» que hoje utilizam no Iraque, no Afeganistão, na Líbia...

Na verdade, «salvar vidas humanas» - «proteger civis»... - é sempre a preocupação primeira destes paladinos dos direitos humanos, da liberdade e da democracia...

Demonstração inequívoca dessa preocupação humanista é o objectivo expresso pelo general Curtis Le May, chefe da Força Aérea dos EUA de «fazer regressar o Japão à Idade da Pedra»...

Na verdade, para os EUA e para os seus lacaios europeus da altura (Churchil em primeiro lugar), a União Soviética - prestigiada pelos êxitos da sua revolução e pelo papel decisivo e determinante que desempenhara na derrota dos nazis - constituía o inimigo a abater.

E foi essa a razão fundamental que esteve na origem do lançamento das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasáqui.

«A posse e o uso da bomba atómica tornará a Rússia mais controlável», dizia James Byrnes, então secretário de Estado dos EUA.

E Churchil não escondia o seu entusiasmo: «Nós temos agora nas mãos qualquer coisa que restabelecerá o equilíbrio com os russos».

Na verdade, o bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasáqui foi a primeira grande operação da guerra fria.













sexta-feira, 5 de agosto de 2011

GOVERNO VAI APOIAR FAMÍLIAS CARENCIADAS: Lá vai o pessoal espatifar os 60 cêntimos a beber cerveja e a comer doces...



"O Governo vai destinar 5 milhões de euros de apoio às famílias vulneráveis, nomeadamente na eletricidade e no gás", estando "prevista uma tarifa social para pessoas de menores rendimentos e esperamos que a tarifa social de eletricidade abranja 700 mil famílias e que a tarifa social de gás abranja 150 mil famílias", anunciou o cromo do neoliberalismo tuga que o Pedro botou no ministério da Economia.

Dividindo os 5 milhões de euros, por 12 meses e 700 mil familias, resulta um apoio de 60 cêntimos por mês. Espera-se agora que o pessoal atribua o devido valor a este Colossal esforço do Governo em tempo de Crise, dê aos 60 cêntimos uma utilização responsável e sobretudo não vá, como dizia a ex-deputada do PSD, espatifar o dinheiro todo "a beber cerveja e a comer doces".



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Mobilização popular contra Governo do capital
O actual Governo PSD/CDS está ao serviço do grande capital e dos seus interesses e as medidas assumidas nestes primeiros 30 dias provam isso mesmo. A acusação é da Comissão Política do Comité Central do PCP, que anunciou a realização de uma acção de contacto com os trabalhadores e o povo, de denúncia da política do Governo e afirmação das propostas do Partido, a decorrer ao longo do mês de Agosto.
As mentiras do Governo
Comunistas, sindicatos e utentes desmontam um por um os argumentos utilizados pelo Governo para justificar os brutais aumentos do preço dos transportes
Governo quer ilegalizar comunistas
O governo da República Checa vai apresentar uma acção em tribunal requerendo a ilegalização do Partido Comunista da Boémia e Morávia
Apartheid na Palestina
O deputado comunista ao Parlamento Europeu, João Ferreira, visitou recentemente a Palestina e Israel e sustenta que não é exagerado falar em apartheid.

Cultura para o povo
Faltam apenas 28 dias para o início da Festa do Avante, momento marcante da vida política e cultural do País, que decorre quando está em curso a mais violenta ofensiva desde os tempos do fascismo contra os direitos dos trabalhadores e do povo e num País que é hoje alvo de um programa ilegítimo de submissão e agressão que PS, PSD e CDS assumiram com a União Europeia e o FMI.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

1º de Agosto

Primeiro de Agosto, primeiro de inverno.

O dia quis corresponder ao provérbio. Esteve cinzento, chuvoso, invernoso.

Mas, pior que o clima meteorológico, foi o clima social.

Como alguma comunicação social sublinhou, este também pode ser chamado o 1º dia do inverno do nosso descontentamento, depois das "troivoadas" que sobre nós se abateram, ou estão a carregar o ambiente de nuvens de que tantos ainda não se aperceberam que cargas de água contém, que raios e coriscos transportam.

As tarifas dos transportes públicos postas hoje em prática são um sinal, e não são um sinal pequeno, são uma grande borbulha, uma enorme verruga.

Umas amostras:

+ 25,3% no passe simples (zona 1) na linha de Sintra

+ 15,2% nos passes L123

+ 16,0% nos passes Softlusa Barreiro-Terreiro do Paço

+ 20,0% no título T1 da STCP

+ 16,7% no bilhete (1 zona) do Metro de Lisboa

E vêm governantes falar, simultaneamente e com enorme descaro, de justiça social e de serviço público, e não falta quem sublinhe o nível das dívida das empresas públicas de transporte porque “a dívida” é a mãe de todos os males.

Mas, se é verdade que há que exigir racionalidade económica na gestão dos recursos, quaisquer que eles sejam, a avaliação dos serviços públicos não pode ser feita com base critérios de lucros e de dívida. Pela razão muito simples de que serviço público é um serviço que, no capitalismo, está fora da órbita do mercado, e tem de escapar à estrita contabilidade monetarizada (e com dinheiro artificial e crédito falso e falseado... tudo só negócio).

Que administradores e altos quadros de empresas de serviço público ganhem tanto (alguns muito mais que o PR), que só possam pôr o traseiro em estofos de carros de última gama, que passem por esses lugares em sinecuras ou trânsitos de/para lugares políticos e outros ainda melhor remunerados, que se metam em habilidosas operações especulativas, é escandaloso, por isso inaceitável. E a única coisa que gastos e dívidas com essa origem podem justificar não é a desvalorização ou anatematização do serviço público, nem o aumento desbragado do contributo que os utentes devem despender para terem direito... ao que têm direito!

E, já agora e com toda a pertinência: o que é isso de serviço público?, em que se distingue de uma mercadoria ou serviço em mercados onde se cruzam a oferta para multiplicar o capital-dinheiro e a procura daqueles que, com ela-mercadoria ou ele-serviço, satisfazem as suas necessidades, ou desejos que em necessidades foram tornadas?

Procurarei curtas respostas (minhas, claro!… embora com “ajudas”, como sempre) para estas perguntas tão actuais e de tão urgente reflexão e debate.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR