O relatório «Crescimento e Desigualdades», divulgado esta semana pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), afirma que Portugal é um dos países onde é maior o fosso entre ricos e pobres. Garante ainda o documento que em matéria de desigualdades na distribuição da riqueza o nosso País ombreia com os Estados Unidos, apenas atrás da Turquia e do México.
Trata-se, obviamente, de uma cabala contra o Governo Sócrates. Mais grave ainda, trata-se de uma gigantesca maquinação visando desacreditar os sucessivos governos PS e PSD – com ou sem o valioso contributo do CDS – que geriram os destinos nacionais, bem como os muito democráticos governos da imensa maioria dos países que integram a OCDE, pois segundo o referido estudo as desigualdades sociais não têm parado de aumentar nos últimos 20 anos.
«Em três quartos dos 30 países da OCDE, as desigualdades de rendimentos e o número de pobres aumentaram durante as duas últimas décadas» – lê-se no relatório, que vai ao ponto de afirmar que «as famílias ricas melhoraram muito a situação» em relação às mais pobres e que «o risco de pobreza se deslocou das pessoas idosas para as crianças e os jovens adultos».
Ora isto não faz sentido nenhum, tal como não faz sentido dizer que a pobreza das crianças se «situa hoje acima da média geral» – a OCDE considera que existe uma situação de pobreza quando os rendimentos são inferiores a 50 por cento da média de cada país –, pelo que «deveria chamar a atenção dos poderes públicos».
Estamos em crer que Michael Foerster, um dos principais autores do estudo, deve ser um perigoso terrorista, pelo que a esta hora já deve ter a cabeça a prémio no glorioso mundo capitalista, onde como se sabe a justiça social é um valor inestimável, como não se cansam de repetir nas mais diferentes línguas os governantes de serviço.
Veja-se o caso de Portugal, por exemplo. De Cavaco (primeiro-ministro) a Sócrates, passando por Soares ou Durão, Santana ou Guterres, sempre, mas sempre as políticas seguidas no País visaram a protecção dos mais desfavorecidos, a defesa dos interesses dos trabalhadores, o progresso social, o crescimento da economia, o desenvolvimento social.
E os resultados alcançados foram sempre, mas sempre um sucesso, e se ano sim, ano sim houve que pedir sacrifícios aos sacrificados alvos dessas políticas foi para conseguir mais e melhor. Ainda agora o Governo acaba de disponibilizar 20 mil milhões de euros do erário público, ou seja, do nosso dinheiro, aos bancos, em nome dos supremos interesses nacionais, evidentemente.
O mesmo se poderia dizer de qualquer dos restantes países da OCDE, onde o «fim da História» foi saudado como a prova inequívoca da superioridade moral e material do capitalismo. E vem agora um senhor Foerster qualquer, de dentro da barriga do sistema (sim, que a OCDE faz parte do sistema) dizer que afinal não só está tudo mal como vai de mal a pior?!!! Não pode ser.
Aqui anda marosca, e da grossa. Das duas, três: ou a OCDE perdeu a cabeça, ou vem aí borrasca. Curiosamente a organização aconselha os países membros a fazer «muito mais» para que as pessoas trabalhem mais, embora reconheça que só o trabalho não chega para evitar a pobreza, pois «mais de metade dos pobres pertencem a famílias que recebem fracos rendimentos de actividade».
Ou nos enganamos muito, ou isto quer dizer mais trabalho para salários de miséria.
Anabela Fino no jornal "Avante"
Trata-se, obviamente, de uma cabala contra o Governo Sócrates. Mais grave ainda, trata-se de uma gigantesca maquinação visando desacreditar os sucessivos governos PS e PSD – com ou sem o valioso contributo do CDS – que geriram os destinos nacionais, bem como os muito democráticos governos da imensa maioria dos países que integram a OCDE, pois segundo o referido estudo as desigualdades sociais não têm parado de aumentar nos últimos 20 anos.
«Em três quartos dos 30 países da OCDE, as desigualdades de rendimentos e o número de pobres aumentaram durante as duas últimas décadas» – lê-se no relatório, que vai ao ponto de afirmar que «as famílias ricas melhoraram muito a situação» em relação às mais pobres e que «o risco de pobreza se deslocou das pessoas idosas para as crianças e os jovens adultos».
Ora isto não faz sentido nenhum, tal como não faz sentido dizer que a pobreza das crianças se «situa hoje acima da média geral» – a OCDE considera que existe uma situação de pobreza quando os rendimentos são inferiores a 50 por cento da média de cada país –, pelo que «deveria chamar a atenção dos poderes públicos».
Estamos em crer que Michael Foerster, um dos principais autores do estudo, deve ser um perigoso terrorista, pelo que a esta hora já deve ter a cabeça a prémio no glorioso mundo capitalista, onde como se sabe a justiça social é um valor inestimável, como não se cansam de repetir nas mais diferentes línguas os governantes de serviço.
Veja-se o caso de Portugal, por exemplo. De Cavaco (primeiro-ministro) a Sócrates, passando por Soares ou Durão, Santana ou Guterres, sempre, mas sempre as políticas seguidas no País visaram a protecção dos mais desfavorecidos, a defesa dos interesses dos trabalhadores, o progresso social, o crescimento da economia, o desenvolvimento social.
E os resultados alcançados foram sempre, mas sempre um sucesso, e se ano sim, ano sim houve que pedir sacrifícios aos sacrificados alvos dessas políticas foi para conseguir mais e melhor. Ainda agora o Governo acaba de disponibilizar 20 mil milhões de euros do erário público, ou seja, do nosso dinheiro, aos bancos, em nome dos supremos interesses nacionais, evidentemente.
O mesmo se poderia dizer de qualquer dos restantes países da OCDE, onde o «fim da História» foi saudado como a prova inequívoca da superioridade moral e material do capitalismo. E vem agora um senhor Foerster qualquer, de dentro da barriga do sistema (sim, que a OCDE faz parte do sistema) dizer que afinal não só está tudo mal como vai de mal a pior?!!! Não pode ser.
Aqui anda marosca, e da grossa. Das duas, três: ou a OCDE perdeu a cabeça, ou vem aí borrasca. Curiosamente a organização aconselha os países membros a fazer «muito mais» para que as pessoas trabalhem mais, embora reconheça que só o trabalho não chega para evitar a pobreza, pois «mais de metade dos pobres pertencem a famílias que recebem fracos rendimentos de actividade».
Ou nos enganamos muito, ou isto quer dizer mais trabalho para salários de miséria.
Anabela Fino no jornal "Avante"