segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A "lei" do medo e a liberdade

Na RTP foi noticiado assim:

"Reforma trucida funcionários que não aderem.
O secretário de Estado da Administração Pública diz que os trabalhadores que não aderirem à reforma vão ser "trucidados".
Os sindicatos não gostaram da expressão e exigem um pedido de desculpas."

E no "Correio da Manhã" assim:

«O secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, diz que o "mítico dia 1 de Janeiro de 2009" não marcará o início da reforma da Administração Pública, porque ela "já está no terreno" e alerta que quem não cumprir as exigências que a lei impõe "será trucidado".
"Trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma serão trucidados", afirmou o governante, no encerramento do Congresso Nacional da Administração Pública.
Para Castilho dos Santos, os funcionários devem ter a noção de que "a reforma já não pode andar para trás", pelo que "trucidará quem não estiver com ela".»

Esta não é uma situação nova. Muita gente já sentiu, aos mais variados níveis, normalmente em gestões do PS mas não só, seja no governo ou noutras, este tipo, e outros, de ameaças, sempre na tentativa de calar quem deles discorda ou tem opiniões diferentes.

A diferença é a forma. Quem em cada lugar se dedica a esta actividade, uma espécie de bullying* para adultos, fazem-no normalmente em conversas individuais com as pessoas que querem atingir.
Aqui tentou-se ao molho, talvez por pensarem que é mais eficaz e dar menos trabalho.

Caberá, naturalmente, a quem já sentiu na pele estas situações trabalhar para impedir que elas aconteçam, caso contrário, passarão o resto das suas vidas de cócoras, lambendo as botas deste tipo de gente e sempre sujeitos a que as ameaças se cumpram.

Dar combate a esta "lei" do medo que nos querem impor é acima de tudo um acto de luta pela liberdade, a que os cidadãos não devem ficar indiferentes.

* O termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os actos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR