O PS tem um problema com a corrupção que, sendo o PS Governo, se torna um problema do país.
Sempre que o tema vem à baila, designadamente na AR, o PS mostra-se patentemente incomodado, e tal incómodo manifesta-se numa torrente de palavras e declarações de intenção que, por um motivo ou por outro (e pode legitimamente recear-se que seja por outro), nunca se traduz em actos.
Paralelamente, se hoje, em Portugal, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um corrupto ir parar à cadeia, isso deve-se fundamentalmente a um Código Penal aprovado pelo PS.
Ao mesmo tempo, o deputado socialista que mais batalhou por eficazes leis anti-corrupção passou a…ex-deputado.
Agora é o enriquecimento ilícito de titulares de cargos públicos.
Os portugueses habituaram-se a ver gente que ocupa ou ocupou lugares de decisão política aparecer a vender cabritos sem ter, que se saiba, cabras e pareceria natural que a lei lhe perguntasse (como já faz no domínio fiscal) donde vieram os cabritos.
O PS acha a pergunta imprópria, e nem permite que o TC se debruce sobre ela.
Que hão-de pensar os portugueses?
Manuel António Pina no Jornal de Notícias.