terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sapatos atirados ao "boneco"?


Muntadar al-Zaidi, o jornalista iraquiano que atirou os seus sapatos contra Bush, esteve (e continuará a estar) a ser interrogado para se apurar se foi pago por alguém para cometer a tentativa de agressão. Terá sido também sido submetido a testes de droga e álcool.

É daqueles actos, pela simplicidade do protesto, da raiva ou seja lá do que for, mas também pela sua espectacularidade, marcará definitivamente a vida e a carreira do jornalista. E marcará igualmente a denúncia das barbaridades e atrocidades cometidas contra aquele país e aquele povo, pela "coligação" de cuja fotografia fizeram parte, além de Bush, Blair, Aznar e Barroso.

Se para o Departamento de Estado, pela voz de Robert Wood "este foi um incidente isolado e de cunho particular, que não vê a direcção que estamos tomando agora no Iraque, que é muito, muito positiva, e esperamos que continue assim" e que o jornalista "apenas queria aparecer", já para todos aqueles que condenaram e condenam a intervenção americana no Iraque é um episódio que vai muito mais além.

Quando milhares de iraquianos exigem a sua libertação, quando dezenas de advogados árabes o querem defender, quando os sapatos se tornam um simbolo da resistência à ocupação, mostra que o acto teve outras consequências.

De facto é uma despedida condigna a Bush. Muntadar Al-Zaidi teve a coragem de levantar-se e chamar-lhe "cão", apesar de rodeado de um enorme aparato de segurança, e atirar-lhe os sapatos (um grave insulto na cultura árabe).

Óbviamente que o "insulto" não é comparável com as centenas de milhares de mortos que a invasão terá originado e que a sua libertação é uma exigência fundamental de todos.

Gostaria de dizer que, tal como acontece nos acidentes de automóveis, os testes de álcool e drogas deveria também ser feito a Bush. E já agora um exame clínico para se tentar perceber a sanidade mental do homem. É que sendo a figura mais visível responsável por tantos mortos algo não está bem naquele personagem.

 
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