A resistência do povo das Honduras continua.
Todos os dias e em alguns dias com participação redobrada.
Foi o que aconteceu na passada quarta-feira, em que centenas de milhares de hondurenhos ocuparam as ruas das principais cidades do país, exigindo o regresso do Presidente Manuel Zelaya.
Em todo o lado, as manifestações foram brutalmente reprimidas.
Na capital, Tegucigalpa, a polícia invadiu a Universidade Nacional Autónoma das Honduras (UNAH) e carregou violentamente sobre os três mil estudantes que ali se manifestavam, agredindo igualmente jornalistas e a própria reitora da Universidade.
Sublinhe-se o facto, bem elucidativo do carácter repressivo da ditadura instalada no país, de esta ser a primeira vez que a UNAH é invadida por forças policiais - não o tendo sido mesmo no tempo da cruel ditadura de Álvarez Martinez que, nos anos 80, às ordens da CIA, não apenas instalou o terror no país, como transformou as Honduras numa base de formação de terroristas, designadamente os 15 mil Contra que dali partiram para a Nicarágua com o objectivo de derrubar o governo revolucionário da Frente Sandinista.
Entretanto, registaram-se mais dois assassinatos: Roger Vallejo, professor, morto com um tiro na cabeça no decorrer de uma manifestação e outro professor, este dirigente sindical, assassinado com 25 punhaladas quando regressava a casa, depois de ter assistido ao velório de Vallejo.
Os média portugueses, fiéis a si próprios e aos seus selectivos critérios de desinformação organizada - e fechando nas gavetas de directores e chefes de redacção a liberdade de informação conquistada com o 25 de Abril - continuam a silenciar o que se passa nas Honduras, seguindo à risca as orientações do governo dos EUA.
Assim, nenhum jornal de ontem fez a mínima referência às manifestações de quarta-feira passada - e sobre elas o Diário de Notícias de hoje fornece uma «informação» que faz lembrar as «informações» do tempo do fascismo.
Diz o jornal, em menos de meia dúzia de linhas, que «continuam as manifestações a favor e contra o líder deposto» e que «estudantes apoiantes de Zelaya atiraram pedras e paus contra a polícia, tendo os agentes respondido com gás lacrimogéneo»...
Já no que toca às posições dos EUA sobre as Honduras, os média portugueses não deixam os seus créditos por mãos alheias.
O Público de ontem e o Diário de Notícias de hoje realçam e louvam a «imparcialidade dos EUA na crise política das Honduras»...
E que «imparcialidade» é essa?
O Governo de Obama explica:
«A política norte-americana nas Honduras não é de apoio a ninguém em particular»;
e, por isso, continua a explicar o Governo Obama, «Os EUA recusam considerar a hipótese de avançar com sanções económicas»;
além disso, o Governo Obama classifica de «acções provocatórias», as tentativas de Zelaya de regressar às Honduras...
Mais palavras para quê?
É o Governo Obama a confirmar o seu papel de direcção no golpe fascista das Honduras; e são os média portugueses, à semelhança dos seus gémeos internacionais, a confirmar o seu apoio a esse golpe fascista.
Apesar disso, HONDURAS RESISTE! - e, resistindo, VENCERÁ!
Honduras resiste publicado no Cravo de Abril