sábado, 14 de novembro de 2009

500 Euros

Há daqueles dias que só nos apetece ir beber uma cerveja a qualquer lado.

A mim de vez em quando acontece-me.

Tenho um azar do caraças.

Onde vou a maior parte das vezes é só jovens.

Peço uma cerveja e, mesmo que a música que nos envolve esteja demasiado alta, ouve-se sempre o grupo do lado a falar das suas coisas. Coisas da vida (é da vida como diria alguém que eu conheço para fugir às questões incómodas).

Hoje calhou-me um miúdo, que eu conheço há alguns anos (no grupo do lado) a lastimar-se de os jovens com um salário de 500 euros, que está na moda, não terem qualquer hipótese de terem vida própria nem futuro.

Eu sei que a culpa também é minha.

Nunca, nos tempos que com ele convivi, lhe falei de luta de classes, de filho de trabalhador ter de ser trabalhador, de ter que lutar por uma vida melhor, de exploração do homem pelo homem, de socialismo, de desemprego, de coisas banais com que no dia a dia nos confrontamos nesta sociedade desigual em que temos de (sobre)viver.

Uma sociedade cada vez mais desumana, mais injusta, mais arbitrária. Uma sociedade onde alguns (poucos) criam fortunas abissais à conta da pobreza e da miséria de muitos.

O miúdo tem razão, está é desenquadrado, a sua revolta ou descontentamento levaram-no nas últimas autárquicas a ser candidato do PSD. Pois, até podia ter sido candidato do PS ou do Mietz. Dava no mesmo.

Enquanto não se procurar a razão de fundo, e ela está na luta de classes, nada feito. Mais nos afundamos.

A questão fundamental é capitalismo ou socialismo. A nossa opção é determinante.

Que a façamos.
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR