domingo, 15 de novembro de 2009

A ORDEM NATURAL DO CAPITALISMO

Segundo um relatório da UNICEF ontem divulgado, «no mundo, mais de 200 milhões de crianças de menos de cinco anos de idade passam fome».

Este número é, por si só, elucidativo do estado actual do mundo - e, portanto, do carácter do sistema político, económico, social e cultural que, porque é dominante, é o responsável por este estado do mundo: o capitalismo.

No entanto, para além do horror deste número, há outros horrores.
O relatório diz respeito a «crianças com menos de cinco anos de idade», mas...
e as crianças irmãs mais velhas dessas crianças?: é mais do que previsível que, em casas onde os mais pequeninos passam fome, o mesmo aconteça aos maiorzinhos...
E quantos milhões são esses maiorzinhos?

E os pais dessas crianças com menos e com mais de cinco anos de idade?: certamente, ninguém - nem o mais assanhado dos propagandistas do capitalismo - os imagina a banquetear-se diante dos filhos a morrerem de fome...
E quantos milhões são esses pais?

Com esta simples reflexão, pretendo chamar a atenção para o facto de estes números revelados pela UNICEF - sem dúvida elucidativos da brutal desumanidade que caracteriza o sistema capitalista - ficarem muito aquém da realidade

Na verdade, em cada casa onde há uma criança que passa fome, há uma família, um núcleo de seres humanos, cercados por um espesso muro de ausência de direitos humanos.
De ausência de justiça.
De ausência de liberdade.

E, ao contrário do que diz a ideologia capitalista, esta não é uma «ordem natural das coisas»: é, isso sim, a ordem natural do capitalismo.

O capitalismo para o qual a única alternativa é o socialismo.

Publicado por Fernando Samuel no Cravo de Abril.
 
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