Durante algum tempo, foi contrariado que Teixeira dos Santos desempenhou nas TV e jornais o papel de vilão que lhe coube no "casting" da derrapagem das contas públicas.
Via-se-lhe na cara que preferia o papel de "técnico competente", o homem que matara o Liberty Valance do défice e deixara o herói ("Já o fiz antes e sei como fazê-lo") ficar com os louros e com a rapariga.
Aos poucos ganhou o gosto à coisa e o actor acabou por se transformar na personagem.
Só um "político competente", e não um "técnico competente", teria, sem corar, previsto para 2009 um défice de 2,2% e, depois, perante os factos, corrigir o tiro para 5% para, no final do ano, o corrigir de novo para 8,7% e, uns dias depois, no momento da apresentação do OE, o recorrigir ainda mais uma vez para 9,3%, disparando culpas em todas as direcções, da crise internacional às agências de "rating" (faltou o aquecimento global).
Agora, Teixeira dos Santos diz-se "disposto a abdicar de parte do seu salário, se for necessário".
Entretanto, e para já, vai "abdicando" dos salários alheios.
Ninguém pode acusá-lo de que não aprende depressa.