Nesta época que nos impingem como sendo de grande progresso e modernidade, pode parecer estranho ou antiquado alguém continuar a defender que a esmagadora maioria das nossas actividades económicas, sejam as produtivas, sejam as puramente financeiras, sejam os serviços, não deveriam nunca cair nas garras daqueles que não mexem uma palha a não ser no seu próprio interesse.
O sector da saúde está bem no alto da minha lista.
Acho mesmo que a transformação da saúde pública num negócio milionário é uma das realidades que mais ofende o espírito libertador e solidário de Abril.
Como num pequeno texto de um blogue dificilmente teria tempo para explicar devidamente esta minha “mania antiga”, deixo duas pistas que podem ajudar a entender o que penso... e porquê.
São duas notícias que nos chegam do Hospital de Braga, recentemente caído nas patas do Grupo Mello.
Na primeira notícia, os médicos são obrigados, tal como os doentes, a “concordar” com uma mudança de tratamento... mesmo que se dêem mal com essa mudança.
Razão?
A administração encontrou no mercado um medicamento mais barato, que acha (o que nem todos os especialistas acham) ser equivalente.
Na segunda notícia ficamos a saber que a partir de agora os novos doentes das especialidades de infecciologia, nefrologia, reumatologia e imunoalergologia, terão que rumar a outras paragens, pois ao que parece, o contrato de concessão do Governo, “esqueceu-se” destas especialidades e elas agora, segundo a administração, “não fazem parte do perfil assistencial do hospital”, um extraordinário eufemismo para definir tratamentos e doentes que não dão lucro aos investidores.
A reter, decididamente, fica a ideia de que em Braga, e se não nos pusermos a pau, um pouco por todo o lado, teremos que passar a escolher doenças que se enquadrem no perfil de negócio do Grupo Mello... ou de quaisquer outros abutres equivalentes a quem o desgoverno “socialista” vá oferecendo, um a um, os hospitais.
Samuel no Cantigueiro