Em Honduras, milhares de pessoas continuam nas ruas em protesto ao golpe de Estado, não acatando o toque de recolher obrigatório.
Na capital, acampadas nas imediações da casa presidencial, elas reivindicam o retorno do presidente eleito, Manuel Zelaya, e da ordem institucional.
Apesar do caráter pacífico da vigília, o clima é de tensão, já que os militares intensificaram a repressão.
Manifestantes convocaram greve para amanhã
Nesta segunda, os protestos se estenderam a várias cidades do interior do país.
De São Pedro Sula, o ativista Alex Ramos informou que crescem as manifestações.
Simpatizantes de Zelaya tomaram as estradas que ligam a fronteira da Guatemala com San Pedro Sula, e a maioria das lojas e algumas indústrias da região estão fechadas.
Em outras cidades do país, como El Progreso, também foram registrados bloqueios de estradas e mobilizações.
Nas ruas, a população avalia que o clima é tenso.
O movimento na capital - cada vez mais forte - tenta, em vão, dialogar com os militares que se encontram nos arredores da casa presidencial, pedindo que não traiam a sua pátria, contou a colaboradora da Telesur, Adriana Sívori.
De acordo com ela, os efetivos militares tentam repelir os integrantes do protesto com a utilização de força.
Eles tentam abrir espaço nas avenidas próximas ao palácio governamental, bloqueadas pelos contrários ao golpe.
Dois grupos com 400 efetivos se encontram destacados para a repressão próximos à casa presidencial, em tanques e com armas de guerra e bombas lacrimogênicas, que chegaram a ser utilizadas, durante confronto com os manifestantes.
''Não ao golpe de Estado'', diziam os hondurenhos.Com a colaboração da polícia, os efetivos do grupo 'cobra' das Forças Armadas vão tomando posição nas ruas onde se mantêm os protestos.
Imagens transmitidas pela Telesur, mostram helicópteros sobrevoando a área e manifestantes sendo presos.
Até o momento, foram informadas as detenções de sete pessoas, entre as quais, três dirigentes sindicais do Srviço de Energia Elétrica da nação.
Um manifestante hondurenho morreu atropelado por um caminhão militar, nas imediações da empresa de telecomunicação Hondutel, perto da zona de protestos.
Segundo declarou o dirigente da federação Unitária de Trabalhadores, Juan Barahona, ele foi fortemente lesionado após o impacto com o veículo e morreu logo depois.
O incidente ocorreu no primeiro dia da resistência convocada pela Frente de Resistência Popular, da qual participam centrais sindicais, organizações campesinas e estudantes.
Para amanhã, foi convocada uma greve geral.
A iniciativa está sendo organizada pelas centrais sindicais.
Nenhum país reconhece novo presidente de Honduras
O presidente eleito das Honduras, Manuel Zelaya, deposto por militares na madrugada do último domingo, declarou que Roberto Micheletti, que assumiu interinamente o seu lugar, suicidou-se politicamente ao aceitar substituí-lo, num contexto de golpe. Nenhum Estado reconhece o novo presidente e crescem as manifestações internacionais contrárias ao levante militar. A Alba já anunciou que vai retirar seus embaixadores do país.
Dos Estados Unidos, passando pelo Grupo do Rio, União Europeia, América Central ou Alba, todos pediram a restituição de Zelaya na presidência de Honduras.
"Micheletti, você se suicidou politicamente", disse Zelaya, afirmando que "não pode haver dois presidentes, porque o povo só elegeu um".
Em declarações ao canal internacional Telesur, minutos antes de partir de São José da Costa Rica para Manágua, nesta segunda, Zelaya disse que vai regressar ao seu país para reassumir as funções e agradeceu a solidariedade expressa pela comunidade internacional, com especial menção aos Estados Unidos.
"Os Estados Unidos portaram-se muito bem", comentou Zelaya, reiterando ser falsa a carta de renúncia que lhe foi atribuída no Parlamento hondurenho.
Comunidade internacional apóia Zelaya A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, declarou, nesta segunda, que a prioridade dos EUA é restabelecer a ordem democrática e constitucional em Honduras.
Hillary disse que a remoção de Zelaya do poder pelos militares "evoluiu para um golpe de estado".
Segundo ela, a situação no país da América Central deve ser condenada por todos e que a nação deve "abraçar os princípios da democracia e defender a ordem constitucional".
No domingo, o próprio presidente dos EUA, Barack Obama, havia dito que a situação o preocupava e pedido respeito "às normas democráticas, ao império da lei e à Carta Democrática Interamericana”.
Os países latino-americanos que integram o grupo de esquerda Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) anunciaram que irão retirar seus embaixadores de Honduras, em protesto à deposição do presidente.
"Os países membros da Alba decidiram retirar os embaixadores e deixar em sua expressão mínima nossa representação diplomática em Tegucigalpa até que o governo legítimo do presidente Manuel Zelaya seja restituído plenamente em suas funções", disse o chanceler do Equador, Fander Falconi, lendo as conclusões de uma reunião do grupo.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, também pediu que Zelaya seja restabelecido nas suas funções e que os direitos do homem sejam respeitados totalmente, anunciou hoje o serviço de imprensa daquele organismo.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, também pediu que Zelaya seja restabelecido nas suas funções e que os direitos do homem sejam respeitados totalmente, anunciou hoje o serviço de imprensa daquele organismo.
"O secretário-geral exprime o seu firme apoio às instituições democráticas do país e condena a detenção hoje do presidente da República", diz um comunicado da Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade vai se reunir hoje para debater a situação em Honduras.
O canal Cubavision, 222 da MEO, transmite regularmente informação e imagens ao vivo, via TeleSur, donde se dá conta da forte oposição popular ao golpe.