quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ícone do «sonho americano» foi ao fundo

General Motors apresenta falência

O governo dos EUA anunciou, domingo, que a multinacional General Motors entrava em processo de falência, único caminho para aceder aos fundos públicos necessários à sua «reestruturação».

A queda da GM é a maior falência da história do sector automóvel e a terceira maior bancarrota dos EUA, depois dos colapsos do grupo financeiro Lehman Brothers e da empresa de novas tecnologias WorldCom.

Um dia depois do anúncio governamental, a administração liquidatária da GM apresentava, num tribunal de Nova Iorque, o pedido formal de falência, iniciando, desta forma, o processo que lhe permite aceder à «reestruturação» concedida pelo Departamento do Tesouro.

As dívidas acumuladas pela GM ultrapassam os 172,8 mil milhões de dólares, o dobro dos activos da empresa, os quais estão avaliados em cerca de 83 mil milhões de dólares.

Mas o nascimento da «nova General Motors», como lhe chama a administração Obama, custa muito dinheiro.

Para a tal «reestruturação», os contribuintes norte-americanos vão desembolsar mais 30 mil milhões de dólares contra 60 por cento do capital social da empresa, soma à qual se juntam os 20 mil milhões de dólares injectados pelo Estado na GM no início da crise capitalista mundial.

Os governo central do Canadá e o governo regional do Ontário entram com mais 9500 mil milhões, passando a deter 12 por cento das acções da companhia que outrora liderou o mercado mundial da indústria automóvel.

Entre 1980 e 2008, a quota de mercado da construtora automóvel passou de 45 para 22 por cento.

As vendas caem incessantemente há um ano e meio a esta parte.

A utilização de fundos públicos é uma saída airosa para que a GM se possa descartar de milhões de dólares de dívidas, despedir milhares de trabalhadores – estima-se que sejam delapidados cerca de 24 mil postos de trabalho no prazo de um ano e meio –, encerrar cerca de 40 por cento dos seus concessionários e fechar as portas de 17 unidades de montagem e fábricas de componentes na América do Norte.

Obama foi desde já avisando que o processo de renascimento da General Motors será «doloroso para os americanos».

Mas não para todos.

Para descansar os investidores, o presidente dos EUA acrescentou que «o Estado não pretende mandar na GM».

A ideia é, antes, fortalecer a companhia para que saia rapidamente da situação precária em que se encontra, que é como quem diz, depois de nacionalizados os prejuízos provocados pelos que amassaram fortunas durante décadas, a nova GM, pronta a reproduzir capital, voltará às mãos privadas.

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