Aliás sobre estas eleições e a sua interpretação aconselho uma vista de olhos pois tem muito mais matéria que merece reflexão.
Dos resultados quase finais, extraio o seguinte balanço global, por ordem não necessariamente hierárquica :
- O PS e o seu governo, José Sócrates e Vital Moreira sofrem uma monumental derrota o que fica bem expresso se se tiver em conta que se trata do seu segundo pior resultado (26,57%) desde o 25 de Abril (sendo o primeiro os 20% das eleições em 1985 em que surgiu o PRD);
- o PSD regista uma vitória importante e talvez algo inesperada mas com uma percentagem (31,68%) que está a anos-luz dos seus melhores resultados eleitorais e muito próximo de resultados de épocas em que ficou na oposição;
- os dois partidos do «bloco central» registam em conjunto o mais baixo valor de sempre - cerca de 58% - o que não pode deixar de ser interpretado com um justo desgaste da alternância sem alternativa e do rotativismo entre PS e PSD;
- a CDU obtém um importante êxito eleitoral (10,66%), que lhe dá uma excelente dinâmica para as legislativas, ao aumentar a sua votação, apesar do aumento da abstenção, em mais 70 mil votos, ao obter uma subida de 1,5 pontos percentuais e ao voltar a ser, após muitos anos, a força mais votada nos distritos de Setúbal, Évora e Beja.
- o BE, beneficiando sem dúvida de importantes deslocações de votos da área do PS (em que também terá pesado a sua inteligente táctica de aproximação a Manuel Alegre), regista um assinalável êxito ao mais que duplicar a votação (10,73%) e se elegesse um 3º candidato seria por ter mais 2500 votos - 0,05% - que a CDU.
-o CDS regista um resultado melhor (8,37%) do que se esperava e não escrevo que, apesar disso, desceu para quinta força política porque, como demonstrei em «post» anterior, isso não é critério sério ou decente de avaliação do resultado de um partido.
Por uma viragem à esquerda na política nacional, por mais força à CDU, a luta continua !