A propósito do texto do Vítor Dias "Nem sempre galinha nem sempre sardinha" n' o tempo das cerejas não poderia de forma alguma deixar de chamar a atenção para outros dois textos do Sérgio Ribeiro no Anónimo séc. XXI que, com a devida vénia, reproduzo. Situações e locais diferentes, uma mesma realidade.
O antigo presidente francês Jacques Chirac - entre 1995 e 2007 - vai ser julgado por um alegado processo de corrupção de empregos fictícios na Câmara Municipal de Paris, da qual foi presidente entre 1977 e 1995. E, ao que parece, por mais coisas.
O Ministério Público pediu o arquivamento do processo, mas os magistrados não aceitaram e exigiram que Jacques Chirac seja julgado por "desvio de fundos públicos" e "abuso de confiança".
Os nomes e as faces eram conhecidos. Sabia-se da "rede". De repente, a(s) notícia(s). E tudo acontece após as eleições. Os "casos" e os despedimentos colectivos....
As situações sucedem-se. Há cruzamentos e "carreiras" político-empresariais que quase definem um comportamento geracional.
Depois, há silêncios. Ensurdecedores, como há quem goste de dizer, jogando um pouco com as palavras.
Acontece que, de vez em quando, irrompem redes e "faces ocultas" (ou semi) ficam a descoberto porque foram violadas regras que se deveriam auto (e altero) impor para que se pudesse conviver.
Haverá quem estranhe, face à informação que se tornou avassaladora. Mas como estranhar os excessos de corrupção num sistema por natureza corrupto?
E é o sistema - de valores, de regras, de convívio - que é posto em causa. Efemeramente, embora esteja sempre em causa. Efemeramente porque se privilegia o próprio sistema, se (re)ocultam os excessos, que só excessos são, e que, por só excessos serem, revelam a natureza do sistema.
Por isso, é preciso impedir que se vá ao fundo dos casos. Se há faces desocultadas, necessário se torna - ao sistema - que elas ocultem a razão por que existem, que se arranje (se necessário se tornar...) um ou outro "bode expiatório" para que siga a dança depois de localizada e cauterizada a "culpa"...
Até um dia!