segunda-feira, 3 de maio de 2010

As seis senhoras cubanas…

Realizou-se no passado sábado em Lisboa um debate promovido pela Associação de Amizade Portugal-Cuba onde participaram mais de uma centena de pessoas, além de conhecidos e conhecedores oradores, entre os quais o embaixador de Cuba em Portugal.

À excepção do Avante! nem um único órgão de comunicação marcou ali presença.

Estávamos nós em pleno gozo do nosso direito à indignação face a mais este boicote mediático quando, na passada segunda-feira, nos deparámos com várias notícias sobre Cuba, todas com o mesmo título: «Damas de Branco impedidas de protestar em Havana».

Ou seja, aqueles que ocultaram um debate com mais de uma centena de pessoas e com o representante do Estado cubano em Portugal, são os mesmo que optam por dar eco a uma «notícia» que nos «informa» de uma «manifestação» de seis – sim Seis! – mulheres cubanas.

 Mas se isto bastaria para provar que não estamos perante uma notícia mas sim uma campanha difamatória, a leitura das notícias clarifica ainda mais o seu carácter manipulador e enganoso.

Em primeiro lugar porque afinal as «Damas de Branco» se manifestaram – as próprias afirmam que «aguentámos 7 horas» e as fotos das agências internacionais que lá estiveram a cobrir livremente o «evento» comprovam-no.

Em segundo lugar porque o tal impedimento – que o não foi – foi nem mais nem menos que uma manifestação de cerca de uma centena de cidadãos cubanos – tão cidadãos como as tais seis senhoras – que expressaram exactamente da mesma forma, ou seja na rua, o seu desacordo com as razões da dita «manifestação».

Rapidamente foram transformados pela imprensa em «apoiantes castristas» e em «agentes de segurança do regime».

Do que as notícias não falam é do real objectivo da encenação destas seis senhoras e das agências de desinformação internacionais: esconder que no passado domingo, num país onde o voto é facultativo, 8 205 994 cubanos (94,69% dos eleitores) foram às urnas escolher os 12 mil 986 delegados às assembleias municipais do poder popular; que num país onde o voto é secreto, 91% dos votos recolhidos foram considerados válidos; que o Partido Comunista não concorre às eleições e que é o povo que escolhe os candidatos em assembleias de bairro e que nessa «terrível ditadura» terá que haver uma segunda volta na próxima semana em vários círculos porque, pasme-se, os eleitores optaram por não dar a alguns candidatos a maioria dos votos.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR