domingo, 2 de maio de 2010

Os factos e a doutrina

No mesmo dia em que publica este relevante e espaçoso título na sua primeira página , o Público dedica-se, em editorial, a assinalar que (sublinhados meus) «Esta semana, num artigo no qual estabelecia as diferenças entre a situação económica e financeira de Portugal e da Grécia, a revista The Economist assinalava que uma das vantagens nacionais era precisamente a maior predisposição dos seus cidadãos para aceitarem programas de austeridade» mas que «a julgar pelos discursos de ontem no 1º de Maio, os sindicatos parecem não ouvir os apelos à ponderação.»

Dir-se-á que são azares de paginação ou de actualidade que levam a estes contrastes entre um título de primeira página e um editorial mas «penso eu de que» da ideologia e dos interesses dominantes a tratarem da sua vida.

De facto, não será por acaso ou por azar dos Távoras que o editorial em causa acusa os sindicatos de não ouvirem os ditos apelos à «ponderação» (melhor dizendo, à rendição) mas não se lembrou de exigir nada de semelhante aos senhores referidos na primeira página ou de apelar ao governo que realize uma nova «ponderação» das gravosas medidas que tem em preparação e em marcha contra os trabalhadores e mais vastos sectores da sociedade portuguesa.


Vítor Dias no o tempo das cerejas*
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR