quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Crise do Sistema Capitalista: As previsões

«Ninguém previu a crise», proclamam aos 4 ventos políticos, economistas, comentadores, analistas, jornalistas e tuti quanti.

De facto a capacidade de «previsão» dos arautos do capital e dos seus instrumentos é, nalguns casos verdadeiramente fascinante.

Exemplo paradigmático é o caso das agências de notação, ditas de «rating» (sobre o assunto ler AQUI, AQUI e AQUI).



Vejamos:



Em 2001 a Enron estava cotada como AAA (menção que remete para baixo risco), 4 dias antes de falir da forma como sabemos ter falido;

Atribuíram uma classificação AAA a centenas de milhares de milhões de dólares de activos duvidosos que se viria a perceber mais tarde serem quase todos lixo tóxico.

Dos títulos hipotecários subprime classificados com AAA em 2006, 93% – 93 por cento! - foram agora considerados lixo;

Não previram as implicações da crise das subprimes;

Não previram o afundamento do Lehman Brothers e da AIG;

Não previram o afundamento dos fundos de Bernard Madoff;

Em 2008 classificaram a Islândia com a notação mais elevado: AAA+.

Dois dias depois o governo islandês anunciava ao mundo a sua falência;

Não previram as implicações da crise do Dubai;

Não previram as implicações da crise na Grécia;

A dívida nacional dos EUA é de aproximadamente 12 milhões de milhões (trillion) de dólares (embora cresça tão rapidamente que é difícil estabelecer um número exacto).

Se todo o dinheiro na posse de todos os bancos, negócios e indivíduos dos Estados Unidos fosse reunido hoje e entregue ao governo dos EUA, não seria suficiente para liquidar a dívida nacional deste país.

Notação atribuída? AAA+;

E o PCP?

Como se costuma dizer «O PCP previu e preveniu»…

Resolução Política do XV Congresso, em Dezembro de 1996:

«Pelo seu volume desmedido, pela tendência a empolar-se cada vez mais, pelo risco aleatório do seu movimento, esse capital fictício financeiro-especulativo faz pairar sobre a economia dos países e do mundo a instabilidade monetária e o perigo de colapsos bolsistas devastadores.»

E assistimos à crise «asiática» de 1997/98.



Dezembro de 2000, no XVI Congresso, o PCP afirmava:

«Os constantes fluxos de capital-dinheiro, especialmente de curto prazo e de alto risco, provocam uma acrescida instabilidade no funcionamento do sistema financeiro e monetário internacional (…).

Mercados bolsistas e imobiliários irracionalmente inflacionados são alimentados por uma insustentável expansão do crédito que potencia o perigo e a dimensão de desastres. (…)».

E veio a crise económica de 2001/03.

Resolução Política aprovada, em Novembro de 2004, no XVII Congresso do PCP:

«No mercado imobiliário, cujos preços têm vindo a subir a níveis demasiado elevados, subsistem riscos de um ajustamento abrupto com consequências de expressão mundial.».

E veio a actual crise iniciada em 2007.

Resolução Política do XVIII Congresso, em Dezembro de 2008:

«A resposta do capitalismo à crise em que se debate tende para expressões de força cada vez mais violentas.

O que não significa que, quando necessário, como na presente crise, o Estado capitalista não procure recorrer a medidas de tipo keynesiano, visando a salvaguarda dos interesses do grande capital, com os quais a social-democracia se encontra estruturalmente comprometida.

É uma perigosa ilusão pensar que, mantendo intocável o poder económico e político do grande capital e a hegemonia do capital financeiro, é possível dar resposta aos anseios dos trabalhadores e dos povos e preservar a Humanidade de terríveis convulsões e regressões de civilização.

Só profundas transformações de carácter antimonopolista e anticapitalista impostas e defendidas pelas massas o podem conseguir.»

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR