"Os negócios não estão a dar nada.
De facto não estão a ajudar.
O risco actual tornou as empresas mais nervosas.
Há um valor em espera.
As empresas dizem que estão a fazer cortes por haver um excesso de capacidade e que não contratam trabalhadores por não existir uma suficiente procura final mas há aí um paradoxo, um Catch-22.
Se não se está a contratar trabalhadores, não existe suficiente rendimento de trabalho, nem a confiança bastante do consumidor, enfim uma insuficiente procura final.
De facto, nos últimos dois ou três anos tivemos uma redistribuição massiva do rendimento do trabalho para o capital, dos salários para os lucros, aumentou a desigualdade do rendimento e a tendência marginal para gastar numa casa é maior que a tendência marginal para uma empresa poupar .
As empresas têm maior tendência a poupar que as famílias.
Assim a redistribuição do rendimento e da riqueza torna a procura agregada desadequada ainda pior".
"Karl Marx tinha razão. Num determinado momento, o capitalismo pode destruir-se a si próprio.
Não se pode continuar a mudar o rendimento do trabalho para o capital, sem ter um excedente de capacidade e falta de procura agregada.
Foi isso que aconteceu.
Pensámos que os mercados estão a funcionar mas não estão.
O indivíduo pode ser racional.
A empresa para sobreviver e prosperar, pode fazer descer os custos de trabalho cada vez mais mas os custos de trabalho são rendimento e consumo de outros.
É por isso que estamos perante um processo auto-destrutivo."
António Abreu no Antreus