segunda-feira, 1 de agosto de 2011

1º de Agosto

Primeiro de Agosto, primeiro de inverno.

O dia quis corresponder ao provérbio. Esteve cinzento, chuvoso, invernoso.

Mas, pior que o clima meteorológico, foi o clima social.

Como alguma comunicação social sublinhou, este também pode ser chamado o 1º dia do inverno do nosso descontentamento, depois das "troivoadas" que sobre nós se abateram, ou estão a carregar o ambiente de nuvens de que tantos ainda não se aperceberam que cargas de água contém, que raios e coriscos transportam.

As tarifas dos transportes públicos postas hoje em prática são um sinal, e não são um sinal pequeno, são uma grande borbulha, uma enorme verruga.

Umas amostras:

+ 25,3% no passe simples (zona 1) na linha de Sintra

+ 15,2% nos passes L123

+ 16,0% nos passes Softlusa Barreiro-Terreiro do Paço

+ 20,0% no título T1 da STCP

+ 16,7% no bilhete (1 zona) do Metro de Lisboa

E vêm governantes falar, simultaneamente e com enorme descaro, de justiça social e de serviço público, e não falta quem sublinhe o nível das dívida das empresas públicas de transporte porque “a dívida” é a mãe de todos os males.

Mas, se é verdade que há que exigir racionalidade económica na gestão dos recursos, quaisquer que eles sejam, a avaliação dos serviços públicos não pode ser feita com base critérios de lucros e de dívida. Pela razão muito simples de que serviço público é um serviço que, no capitalismo, está fora da órbita do mercado, e tem de escapar à estrita contabilidade monetarizada (e com dinheiro artificial e crédito falso e falseado... tudo só negócio).

Que administradores e altos quadros de empresas de serviço público ganhem tanto (alguns muito mais que o PR), que só possam pôr o traseiro em estofos de carros de última gama, que passem por esses lugares em sinecuras ou trânsitos de/para lugares políticos e outros ainda melhor remunerados, que se metam em habilidosas operações especulativas, é escandaloso, por isso inaceitável. E a única coisa que gastos e dívidas com essa origem podem justificar não é a desvalorização ou anatematização do serviço público, nem o aumento desbragado do contributo que os utentes devem despender para terem direito... ao que têm direito!

E, já agora e com toda a pertinência: o que é isso de serviço público?, em que se distingue de uma mercadoria ou serviço em mercados onde se cruzam a oferta para multiplicar o capital-dinheiro e a procura daqueles que, com ela-mercadoria ou ele-serviço, satisfazem as suas necessidades, ou desejos que em necessidades foram tornadas?

Procurarei curtas respostas (minhas, claro!… embora com “ajudas”, como sempre) para estas perguntas tão actuais e de tão urgente reflexão e debate.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR