quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quando David Cameron partia vitrinas

Numa cidade inglesa um bando de jovens parte uma vitrina, foge na noite e dirige-se a correr para o jardim botânico. A polícia segue-os, apanha alguns com seus telemóveis e põe-nos no calabouço.

O problema é que não se trata de um episódio ocorrido nestes dias. E que os jovens detidos não são desordeiros sub-proletários. Não, o episódio verificou-se há 24 anos em Oxford e os 10 jovens eram todos membros do Bullington Club, uma associação estudantil oxfordiana com 150 anos de idade, famosa pelas suas travessuras estudantis, suas bebedeiras e por considerar a vandalização de lojas e restaurantes como a melhor das distracções. Os problemas com donos de restaurantes, comerciantes e de denúncias à polícia são resolvidos com algumas indemnizações generosas vindas das gordas carteiras paternais. Algumas horas antes, os dez bravos jovens fizeram-se retratar nos degraus de uma grande escada, todos em uniforme do clube, roupa de recepção a 1000 libras esterlinas (1150 euros) cada uma. Dentre eles destaca-se um jovem David Cameron e um, também imberbe, Boris Johnson.

Acontece que hoje Cameron é o primeiro-ministro conservador e Johnson é presidente conservador da Grande Londres. E que tanto um como outro trovejam contra os vândalos que destroem as propriedades privadas. Tanto um como outro defendem a linha dura, a mão de ferro. Cameron quer recorrer ao exército e censurar as redes sociais; Johnson quer aumentar os efectivos da polícia. Sem sequer a menor compreensão por quem não faz outra coisa, no fundo, senão emular os seus gestos de outrora.

Mas, evidentemente, é característico da mentalidade de um filho do papá considerar que os outros não podem – e não devem – permitir-se aquilo que lhes foi permitido, a eles, por direito de nascimento e de extracção social.

Ler o texto completo de Marco D´Éramo no Resistir.info
 
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