terça-feira, 9 de agosto de 2011

Médicos cubanos – Ainda se ao menos fossem “competentes”...

Não há volta a dar-lhe!


Por mais que a medicina cubana e os seus profissionais sejam elogiados internacionalmente, por mais que os números relativos aos cuidados de saúde pública em Cuba façam corar (fariam, se houvesse vergonha) países do “primeiro mundo”... tudo isto independentemente do que se pense sobre o regime político daquela grande ilha das Caraíbas, já que não é esse o assunto deste post, a verdade é que os médicos e médicas cubanas são olhados com desconfiança em muitos lugares... quem sabe, com medo que entre um curativo, uma pequena cirurgia, ou uma simples consulta, eles assumam o papel de espiões, ou de “evangelistas” da Revolução. Portugal não é exceção.

Independentemente das reais intensões com que o disse, o senhor doutor bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, lá foi dizendo que, “sem desprimor e sem xenofobia” (claro, claro!), era natural que certos extratos da população portuguesa estivessem “satisfeitos” com os médicos cubanos... já que antes não tinham médico nenhum, isto apesar, acrescentou, de esses clínicos não terem as «competências adequadas» para exercer a função.

E lá fiquei eu, numa das minhas divagações costumeiras, a imaginar e a tentar enumerar as «competências» que os amigos e amigas cubanas não têm... e de facto, se pensarmos nisso, existem várias:

- Não têm a “competência” de passar atestados médicos para 25 polícias, todos no mesmo dia, meterem baixa de saúde fraudulenta.

- Não têm a “competência” de passar as férias em estâncias balneares de luxo, no estrangeiro, a pretexto de passarem meia dúzia de horas dessas férias a ouvir os senhores que lhes pagam as estadias, fazerem propaganda a mais uns novos medicamentos que eles devem passar a receitar... tendo ainda a suprema lata de chamar a isso “congressos”.

- Não têm a “competência” de montar clínicas vistosas, com consultas a custarem 100 euros (ou muito mais), mas que ao primeiro exame dispendioso que for necessário, mandam o doente ir ter à consulta que também têm num qualquer hospital público, onde farão o exame gratuitamente, ou quase... para depois continuarem o “tratamento” (e os pagamentos, obviamente!) na clínica privada.

- Não têm “competência” para, nas consultas do Serviço Nacional de Saúde, “cheirarem” os doentes que têm disponibilidade financeira para contornar as esperas e demais incómodos do serviço público, passando, a seu conselho, para a clínica privada onde têm o seu biscate paralelo.

Poderia continuar, mas estes poucos exemplos já dão para ver o quanto estes médicos e médicas cubanas são “incompetentes”. Tão “incompetentes” como as centenas e centenas de médicas e médicos, enfermeiras e enfermeiros portugueses que, no SNS, fazem o seu trabalho com amor, competência e honestidade. Todos longe, muito longe do milionário universo em que se movem os barões da medicina... e da Ordem.
 
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