Assinalou-se na passada terça-feira o «Dia europeu da internet segura».
Perguntar-se-á o leitor e bem sobre qual a sua utilidade.
Resultando sobretudo das pressões dos lobbies, cumprindo os objectivos da agenda política e ideológica da burocracia de Bruxelas e servindo essencialmente para desviar atenções do essencial, existem dias e anos europeus para todos os gostos, a esmagadora maioria deles completamente inúteis.
Mas - e voltando ao tema - como até pensamos que a internet segura é um tema importante, ocorreram-nos nesse dia algumas questões.
Aqui ficam elas:
Será seguro que 9 dos 12 servidores que asseguram a nível mundial o funcionamento da internet estejam localizados no mesmo país, os EUA?
Será seguro que a gestão da internet a nível mundial esteja nas mãos da ICANN, uma Organização do Departamento de Comércio dos EUA?
Será seguro que a Google - que protagonizou recentemente uma «guerra» contra a China – tenha realizado um acordo de com a Agência de Segurança Nacional dos EUA?
Porque será que 90% das mensagens do protesto twitter contra Chávez - apresentado como um exemplo de mobilização dos venezuelanos «livres» - partiu ou dos EUA ou da Colômbia?
E porque será que o mesmo aconteceu relativamente ao Irão?
Será seguro que o Facebook seja legalmente proprietário, com direitos de transmissão e venda, de todos os dados dos seus utilizadores e que a maior rede social do mundo seja gerida por uma empresa privada acusada de ter ligações indirectas à CIA?
Porque será que o Departamento de Estado norte-americano considera a Internet uma questão de segurança nacional e a NATO irá incluir o tema da segurança cibernética no seu conceito estratégico?
Curiosamente, ou nem por isso, nenhuma destas questões foi sequer tocada no dia europeu.
E isso suscitou-nos uma dúvida final:
Será porque se está a passar com a internet exactamente o mesmo que aconteceu noutros momentos da História mundial?
Ou seja a apropriação pelo capital e pelo imperialismo das conquistas civilizacionais da ciência e da técnica, transformando-as em instrumentos de domínio e opressão dos povos?
De facto, a luta de classes expressa-se de muitas formas, até em megabytes.