sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A manchete errada ou mais uma destemida batalha do PS pelo "Estado Social" !

Anotando que só estranhos e socialmente insensíveis critérios "jornalísticos" podem ter levado o Público a preferir dar manchete às contratações a recibo verde nas autarquis em vez de a dar ao facto de 1 milhão de idosos perderem remédios grátis, aqui fica parte essencial da notícia deste jornal sobre as decisões governamentais em matéria de comparticipação dos medicamentos que permitirá ao PSD fazer o brilharete cínico de exclamar « Vêem, vêem, como somos nos nós que, hoje, mais ameaçamos o Estado Social !" :

«Mais de um milhão de pensionistas de baixos rendimentos vão deixar de ter medicamentos grátis, um benefício que lhes foi atribuído há pouco mais de um ano. Também a comparticipação de alguns dos remédios que são dos mais usados em Portugal, como antiácidos e anti-inflamatórios, vai diminuir para quase metade (baixa de de 69 para 37 por cento), já a partir de segunda-feira. E muitos doentes crónicos passarão a pagar mais pelos medicamentos de que necessitam até ao fim da vida, a não ser que optem pelos fármacos mais baratos do mercado. A acompanhar as alterações nas regras de comparticipação estatal, ontem aprovadas em Conselho de Ministros e que provocam um aumento do preço de alguns fármacos, o Governo avança com uma descida administrativa de seis por cento do preço de todos os medicamentos, a partir de 1 de Outubro. A ministra da Saúde estima que estas medidas vão permitir ao Estado poupar cerca de 250 milhões de euros por ano. A baixa de preços vai beneficiar também os utentes, acredita Ana Jorge - que não especifica, porém, qual será o valor deste benefício.(...)Anunciada antes das eleições em 2009, a gratuitidade dos fármacos para os pensionistas cujo rendimento anual não exceda 14 vezes o salário mínimo nacional termina, assim, ao fim de um ano e três meses em vigor. Esta semana, a ministra revelou que esta medida saiu cara aos cofres do Estado - custou 100 milhões de euros, mais 60 que inicialmente fora calculado. Aliás, a justificação avançada para pôr fim a este benefício foi a de que era necessário combater os "abusos" verificados (...)».

A má notícia dispensa grandes comentários porque fala por si.

Mas há um ponto que também diz tudo sobre o pessoal governante e o Governo que hoje temos: é quando a ministra Ana Jorge anuncia que um benefício foi extinto porque havia «abusos».

Como «abusos» haverá em todo o tipo e variedade de prestações sociais, ficaremos agora aguardar que o Governo de Sócrates os extinga a todos dentro da excelente regra segundo qual uma ínfima minoria de abusadores pode lixar a vida a centenas de milhares de cidadãos não abusadores.
Quem andou bem na escolha da sua manchete de hoje foi o DN.

Mas, apesar disso e de alguns cordões umbilicais, a verdade é que até às 19.14 hs. de hoje não havia no «jugular» nenhum «post» sobre esta matéria tão dolorosamente relevante.

Mas não desanimemos: pode muito bem acontecer que, não querendo ser atingida pelos silêncios de que acusa outros, amanhã a f. desarrinque um vibrante post intitulado "os lacaios do «socialismo»".

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR