Em tempo de «crise»... não se limpam armas...
Aí estão, a demonstrá-lo, os dois intrépidos guerreiros do momento - José Sócrates e Passos Coelho - exibindo as mesmas armas sujas na representação da farsa que tem como primeiro objectivo garantir a continuação da política de direita.
Ambos cheios de razão, chamam-se, um ao outro, mentirosos.
Ambos mentindo, dizem-se, um e outro, portadores de projectos e políticas diferentes.
Por seu lado, os média dominantes - cumprindo o destino que lhes está reservado - relatam os aguerridos duelos de palavras travados pelos dois protagonistas da farsa como se de uma batalha se tratasse - e com tal colorido o fazem que, por vezes, até parece que os próprios média acreditam no que escrevem...
Tudo isto terminará, para já, com... o Orçamento de Estado aprovado, ou seja, com o caminho aberto para que a política de direita - com Sócrates ou com Passos, com o PS ou com o PSD, para o grande capital tanto faz - prossiga a destruição dos interesses e direitos dos trabalhadores, do povo e do País.
E tudo isto terminará quando os trabalhadores e o povo decidirem tomar nas suas mãos o seu próprio destino.
Protagonistas da farsa são, também, o actual e alguns ex-presidentes da República, os tais que, em acto de tomada de posse, juraram pela sua honra «defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa» - mas que, como a realidade mostrou, nem defenderam, nem cumpriram, nem fizeram cumprir a Lei Fundamental do País, antes pelo contrário.
Cavaco Silva tem-se desdobrado em conselhos, advertências e apelos ao entendimento entre os dois principais partidos da política de direita: o dele e o que não é mas podia ser dele.
Por isso, como hoje nos diz uma afamada empresa produtora das chamadas sondagens de opinião, «será reeleito com larga maioria»...
Agora, foi a vez de entrar em cena o ex-PR Jorge Sampaio que se manifestou preocupado com a não aplicação dos «inevitáveis sacrifícios» que a «crise» exige...
E, mostrando de que «sacrifícios» está a falar, ensinou que «os portugueses reagem bem quando se explica os sacrifícios que é preciso serem feitos»...
O que precisamos, então, é de bons... explicadores...
Por seu turno, o omnipresente Mário Soares - pai da política de direita e ex-PR - veio, ontem, apelar ao «bom senso» do PSD e do PS com vistas a um acordo sobre o Orçamento de Estado, isto é, sobre a continuação da política de direita.
E aproveitou para ensinar o que sabe e praticou em matéria de «inevitáveis sacrifícios»: em fala de mestre, e apontando caminhos ao actual Governo PS, lembrou que, quando foi primeiro-ministro, ele, Soares, roubou «o 14º mês aos portugueses»...
Ora, como a «crise» actual é a mais grave de sempre, o melhor é começar a pensar não apenas no 14º mas também no 13º mês, pelo menos...
Que grande cambada!