Vejo na televisão uma manifestação de cidadãos, maioritariamente idosos, protestando contra mais um encerramento de um atendimento permanente na Urgências de um Centro de Saúde. Desta vez é em Torre de Moncorvo.
É longe!
Torre de Moncorvo fica muito longe e esta gente, como a gente de outras “Torres de Moncorvo” deste país, valem pouco eleitoralmente, o que as faz não valer nada para o regime de Sócrates.
São as mesmas queixas de sempre: agora o serviço de urgências mais próximo vai ficar a quarenta quilómetros, a sessenta quilómetros, o hospital a mais de cem... se alguém se sentir mal, quando chegar a meio da viagem já fechou os olhos pra sempre... o táxi para lá custa para aí cem euros... onde é que temos dinheiro para o pagar?
Se é evidente que o regime de Sócrates encerra serviços públicos por toda a parte, se as grandes oportunidades de negócio com a saúde não estão nestas terras do interior profundo, por muito bonitas que sejam, mas sim nos grandes centros populacionais do litoral, se isto é já uma notícia recorrente... o que é que há de novo então?
Há a desconfiança crescente e já evidente, por parte do povo e particularmente dos velhos, de que o regime se quer ver livre deles.
Sim!
Este regime de “socialistas” modernos, europeus e extensamente “democratas”... e não os comunistas, como andaram durante décadas a ser ensinados os seus pais e eles próprios.
O regime que vê-los pelas costas, sem ter sequer que gastar o dinheiro da célebre “injeção atrás da orelha”.
Gostaria de poder ter uma palavra de ânimo para estes muitos milhares de idosos que trabalharam toda uma vida duramente e que são merecedores, pelo menos, de respeito.
Gostaria de poder dizer-lhes que o Governo do seu país não quer, dolosamente, vê-los mortos, apenas para poupar no dinheiro das pensões e das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde.
Gostaria... mas com que argumentos e, sobretudo, com que convicção?