sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A saúde pública e os velhos – Morrer sai muito mais barato

Vejo na televisão uma manifestação de cidadãos, maioritariamente idosos, protestando contra mais um encerramento de um atendimento permanente na Urgências de um Centro de Saúde. Desta vez é em Torre de Moncorvo.

É longe!

Torre de Moncorvo fica muito longe e esta gente, como a gente de outras “Torres de Moncorvo” deste país, valem pouco eleitoralmente, o que as faz não valer nada para o regime de Sócrates.

São as mesmas queixas de sempre: agora o serviço de urgências mais próximo vai ficar a quarenta quilómetros, a sessenta quilómetros, o hospital a mais de cem... se alguém se sentir mal, quando chegar a meio da viagem já fechou os olhos pra sempre... o táxi para lá custa para aí cem euros... onde é que temos dinheiro para o pagar?

Se é evidente que o regime de Sócrates encerra serviços públicos por toda a parte, se as grandes oportunidades de negócio com a saúde não estão nestas terras do interior profundo, por muito bonitas que sejam, mas sim nos grandes centros populacionais do litoral, se isto é já uma notícia recorrente... o que é que há de novo então?

Há a desconfiança crescente e já evidente, por parte do povo e particularmente dos velhos, de que o regime se quer ver livre deles.

Sim!

Este regime de “socialistas” modernos, europeus e extensamente “democratas”... e não os comunistas, como andaram durante décadas a ser ensinados os seus pais e eles próprios.

O regime que vê-los pelas costas, sem ter sequer que gastar o dinheiro da célebre “injeção atrás da orelha”.

Gostaria de poder ter uma palavra de ânimo para estes muitos milhares de idosos que trabalharam toda uma vida duramente e que são merecedores, pelo menos, de respeito.

Gostaria de poder dizer-lhes que o Governo do seu país não quer, dolosamente, vê-los mortos, apenas para poupar no dinheiro das pensões e das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde.

Gostaria... mas com que argumentos e, sobretudo, com que convicção?

 
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