terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A propósito dos textos de 6ª feira

A propósito dos textos que publiquei na passada 6-ª feira não posso deixar de reproduzir o artigo de opinião de Honório Novo no Jornal de Notícias de ontem. Recordo que Honório Novo, deputado do PCP na Assembleia da República, participou numa nova distribuição à porta da Empresa Santa Marta, em Penafiel, nesse mesmo dia.

A "crise"e as pressões patronais

Não constituiu surpresa a hostilidade orquestrada pela gerência de uma têxtil de Penafiel, chegando ao ponto de invadir uma sede comunista e agredir quem lá estava. Muitas entidades patronais estão a aproveitar o pretexto da crise para exercerem ou reforçarem pressões sobre os seus trabalhadores. Tentativas de, com ou sem redução dos dias de trabalho, cortar salários (já muito baixos), fazer despedimentos parciais e individuais, ameaçar com o encerramento das empresas, são as formas comuns desse condicionamento, cada vez mais frequente. No caso de Penafiel, são ritmos de produção com penalizações salariais e um enquadramento laboral agressivo, factos aliás já parcialmente conhecidos de responsáveis do Ministério do Trabalho.

Este tipo de patrões, (de que o país pouco ou nada precisa para o seu desenvolvimento, que sempre viveu e enriqueceu à custa de baixos salários, incapaz de uma gestão para se adaptar e evoluir), assume cada vez mais a sua verdadeira face feudal, usando mecanismos de intimidação que visam a criação de um clima de medo e de insegurança generalizado.

Este clima, e meia dúzia de capangas semiprofissionais, são suficientes para arregimentar "manifestações espontâneas" que podem, se não forem contidas, degenerar e comprometer o exercício de liberdades democráticas.

É verdade que o Ministério do Trabalho já reconheceu publicamente que o pretexto da crise está a servir para a generalização de encerramentos e despedimentos, para aumentar a discriminação sobre os trabalhadores. Este aproveitamento patronal segue aliás o mau exemplo do primeiro-ministro que a torto e a direito se serve da desculpa da crise para sacudir a água do capote das suas próprias responsabilidades.

Importa passar das palavras aos actos, dar indicações e meios aos "inspectores de trabalho" para agirem e actuarem com mão exemplar contra esta pressão patronal. É isto que nem se vislumbra na acção política de Vieira da Silva…
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR