domingo, 8 de agosto de 2010

OUTRAS HIROSHIMAS NOS ESPREITAM...

Este ano, pela primeira vez, representantes dos governos dos EUA, da França e da Grã-Bretanha estiveram presentes nas «cerimónias de Hiroshima» - e, asim tendo sido, também o secretário-geral da ONU lá esteve, pela primeira vez...

O embaixador dos EUA no Japão depositou uma coroa de flores «em memória de todas as vítimas da II Guerra Mundial» - e assim se baldou a falar concretamente de Hiroshima e dos que ali semearam o CRIME, o HORROR: os EUA.

O primeiro-ministro do Japão falou do «horror e do sofrimento causados pelas armas atómicas» e da «responsabilidade do Japão em liderar o combate para construir um mundo sem armas nucleares» - e assim se baldou a enunciar os culpados do «horror e do sofrimento causados pelas armas atómicas», os que, concretamente, lançaram o «horror e o sofrimento»: os EUA.

O secretário-geral da ONU, como se esperava, também não disse nada.

Quer isto dizer que, quando o essencial fica por dizer, o que se diz não passa de blá-blá-blá.

Quer isto dizer, portanto, que, como era previsível, continuará a vigorar a monumental patranha lançada na altura pelos criminosos de guerra Truman e Churchill, justificando o CRIME.

Patranha que persiste apesar de ter sido claramente desmentida pelos documentos secretos desclassificados, pelos EUA, em 1995 - há 15 anos!

Esses documentos desclassificados, provam, inequivocamente, que, quando as bombas atómicas foram lançadas, o Japão estava irremediavelmente vencido; que o imperador do Japão decidira render-se desde 20 de Junho; que o Japão perdera quase toda a aviação e marinha e a sua defesa antiaérea tinha sido desfeita pelos 7 mil raids dos B-29 norte-americanos; que a capital, Tóquio, tinha sido exaustivamente bombardeada pelos norte-americanos, provocando 125 mil mortos e feridos, etc, etc, etc.

Quer isto dizer, igualmente, que as «cerimónias de Hiroshima» de ontem foram mais uma farsa, mais um insulto à memória das centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes, vítimas dos criminosos objectivos expansionistas do imperialismo norte-americano.

Entretanto, longe de Hiroshima - nos EUA, sentado junto à piscina da sua casa - Theodore Van Kirk, que é o único ainda vivo dos tripulantes do bombardeiro B-29 que lançou a bomba sobre Hiroshima (Enola Gay se chamava o bombardeiro, assim baptizado pelo piloto Paul Tibbets em homenagem a sua mãe...) repete-se em sentidas manifestações de «orgulho» pelo que fez nesse dia 6 de Agosto de 1945.

«Senti-me orgulhoso de estar no Enola Gay» - diz o monstro.

«Se fosse hoje voltaria a lançar a bomba atómica» - diz a besta.

E confessa que «o único objecto pessoal» que, nesse dia, levou consigo foi... «a Bíblia» - «em formato de bolso», para poder tê-la junto ao coração quando lançasse a bomba atómica...

Quer tudo isto dizer que, neste 65º aniversário de Hiroshima, Theodore Van Kirk, dizendo o que sente, disse o que os governantes dos EUA pensam.

Outras hiroshimas espreitam os povos do mundo.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR