quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SIC-Notícias: o plano a inclinar-se

Anteontem vi o Plano Inclinado, cada vez mais inclinado pelos elementos fixos do painel, neste caso João Duque e Medina Carreira, excepção feita ao Mário Crespo na sua posição de moderador.

Manuel Carvalho da Silva deu "uma lição" aos dois professores.

Mas os professores-alunos revelaram uma atitude intelectual que importa sublinhar e de que importa reter quatro posições de base:

1. Só há uma maneira de sair da crise: cortar salários e direitos dos trabalhadores;

2. Só assim com a competitividade acrescida à base dos custos do trabalho podemos exportar para atenuar deficite;

3. Estamos completamente manietados por dependências externas, leia-se estarmos dependentes da concessão de crédito, muito selectivo hoje, ou por estarmos na União Europeia, que retirou importantes zonas de soberania aos estados-membros, com particular alcance para países como Portugal;

4. Os sindicalistas modernos não deviam ser reivindicativos.

Ora, quanto a nós e certamente quanto a muita gente que se não refugia nas fatalidades dos dias de hoje,

1. Sair da crise implica crescer economicamente e isto não se consegue com trabalho escravo e famílias desfeitas e vidas desreguladas.

2. A competitividade nos mercados externos tem outros factores a ter em conta como a qualidade de gestão da empresa na organização do processo produtivo, a modernização tecnológica, estar atento aos perfis produtivos em que podemos competir com vantagem.

3. Se para produzir importa ir procurar crédito que, actualmente, não se atrai por condições próprias do país, então há que rever a relação dos estados com o sistema financeiro, que não pode tornar-se independente dos Estados, que vive à custa do trabalho de biliões de pessoas, que entende só apoiar quem quer e optar por um crescimento de lucros próprios, não à custa do apoio à economia (razão que levou à sua criação), mas da especulação financeira, onde tudo pode esfumar-se e os cidadãos serem de novo roubados para resolverem os problemas do sector financeiro, que para isso já parece não ser autónomo.

O mesmo se diz às relações com a União Europeia.

4. Quanto ao papel dos sindicatos ser contribuir para a resolução dos problemas e não reivindicar (!!!), importa dizer que compete ao domínio do poder político e económico resolver as situações porque foram responsáveis. Ou será que o sistema financeiro, o poder político e o poder económico preferem entregar a matéria aos trabalhadores e outros cidadãos, indo eles para os sindicatos cooperarem com os trabalhadores na condução de uma outra +política para o país? Olhe que não, diria alguém que nos é querido.

Os sindicatos lutam pelos direitos e condições de vida dos trabalhadores e perspectivam a necessidade de outras políticas. E quão importante tem sido o seu papel para que os trabalhadores e a sociedade não voltem aos tempos da escravatura, para que a sociedade tenha acedido ao que se convencionou chamar o "estado social".
Mas que painel este o do Plano/ Inclinado...Numa primeira fase a crítica às políticas do governo procuraram ir ao encontro de queixas objectivas dos cidadãos, agora tornaram-se em porta-vozes das intenções de um aprofundamento da política da direita...
 
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR