segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O MEU APELO

Eu aplaudo a atribuição do Prémio Sakharov ao cubano Fariñas.

Pelo prémio, pelo premiado e, já agora, também pelos que tomaram a decisão.

Com efeito, Sakharov foi o que foi; Fariñas é o que é; e o Parlamento Europeu também - todos constituindo uma ínclita tríade cuja meritória acção na defesa dos direitos humanos é reconhecida muito para além da zona de intervenção do Parlamento Europeu, ou seja, em todo o mundo, dos EUA a Israel, passando pela Colômbia, pela Arábia Saudita, etc, etc, etc.

Portanto, e por tudo isso, só posso aplaudir.

E discordo aberta e frontalmente dos que defendem a ideia de que o Prémio Sakharov deveria ter sido atribuído , por exemplo, aos cinco cubanos presos há doze nos EUA.

Nem pensar nisso!, era o que faltava! - e ainda bem que o PE pensa como eu.

Se alguma crítica há a fazer à escolha deste ano - e há, como sempre acontece nestas coisas de premiar defensores dos direitos humanos, que são tantos, tantos, tantos... - ela tem a ver com o facto de haver quem mereça, tanto ou mais do que Fariñas, a justiça do Sakharov e, não obstante, continuar à espera, á espera, à espera...

Mas não sejamos impacientes, tanto mais que Cuba não se pode queixar do PE: primeiro foi o Sardiñas, depois as Damas de Branco, agora o Fariñas... Nada mau.

Esperemos, então, pelo próximo ano.

E estou em crer - e assim o desejo ardentemente - que o Sakharov/2011, uma vez mais virado para Cuba, será atribuído a quem, mais do que ninguém, deu provas de notável «determinação e coragem» na defesa dos direitos humanos que o Prémio Sakharov tanto preza.

Refiro-me, obviamente, ao cubano Posada Carrilles, que teve o alto mérito de, entre vários outros actos de democrática bravura, ter derrubado, com uma bomba, um avião de passageiros que transportava 73 compatriotas seus.

É esse o meu apelo a quem, lá no PE, toma as sakharovianas decisões.

E se, para mais informações, tiverem necessidade de contactar o futuro laureado, não há nada que enganar: dirijam-se à CIA que é quem sabe tudo sobre todos: o Carrilles, o Sardiñas, as Damas de Branco, o Fariñas - e o Sakharov, é claro.

Fernando Samuel no Cravo de Abril
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR