quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

COM JANELA OU SEM ELA

Faz hoje 370 anos, um grupo de 40 cidadãos dirigiu-se ao Paço da Ribeira, sede do governo da altura, e prendeu os governantes/ocupantes espanhóis - para o caso, a Duquesa de Mântua, regente do Rei de Espanha, e os seus assessores - pondo fim a seis décadas de ocupação espanhola.

Entre os assessores da Duquesa, havia um português, de seu nome Miguel de Vasconcelos, que cumpria as funções de secretário de Estado - e que, após porfiadas buscas, foi encontrado, com a coragem toda entornada no fundo das calças, dentro de um armário onde se escondera.

Há quem diga que os «40» o mataram e o atiraram pela janela. Há quem diga que o atiraram, vivo, da janela e que, depois, lá em baixo, os populares lhe trataram da saúde.

Por mim, aceito qualquer das versões, tendo em conta que ambas têm o justo e desejado fim feliz...

Hoje, 370 anos passados sobre a corrida em osso dos ocupantes, a prisão dos governantes, e a didática defenestração do traidor, Portugal está novamente ocupado.

Mas numa nova modalidade: os ocupantes não estão cá - dão ordens por e-mail; e os que cumprem as ordens - os governantes - são todos portugueses (melhor dizendo: nascidos em Portugal...)

Ora, como mais do que uma vez aqui escrevi, há nisto tudo uma grande injustiça.

Na verdade, o defenestrado Miguel de Vasconcelos, comparado com os seus seguidores de hoje, bem pode ser considerado um herói nacional.

Pelo que, de duas, uma: ou alguém se encarrega de dar aos traidores de hoje o justo tratamento dado no 1º de Dezembro de 1640 ao traidor de então; ou cumpra-se o elementar acto de justiça que é o da reabilitação patriótica do homem, com condecoração em qualquer 10 de Junho por qualquer Cavaco.

Por mim, inclino-me para a primeira hipótese.

Com janela ou sem ela, tanto faz - desde que vão todos para a pátria que os pariu.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR