terça-feira, 29 de março de 2011

Isto tem de ser conhecido e debatido, patrioticamente

Dois excertos da intervenção de Jerónimo de Sousa no termo do debate "Alternativas à crise na União Europeia..." realizado a 25 de Março:

1. (...) Toda a evolução mostra que tínhamos razão sobre a insustentabilidade e as nefastas consequências do Euro.

Consequências hoje ainda mais trágicas quando se vê Portugal a ser presa fácil dos ataques especulativos e dos mecanismos de extorsão de recursos nacionais por via do crescente endividamento externo que esta desastrosa política de integração europeia também provoca e avoluma.

Perante o agravamento do nível de ameaça que paira sobre o país, muitos avisados e até insuspeitos portugueses têm colocado a necessidade de reflectir sobre a manutenção do país na UEM.

Para nós o debate não é um tabu.

Trata-se de um problema que precisa de aprofundamento e reflexão.

Uma reflexão própria e também conjunta com outros países que se encontram nas mesmas condições, nomeadamente e em primeiro lugar com o objectivo de discutir a criação de condições para a eliminação de todos e quaisquer riscos de penalização ou prejuízos económicos para os países que entendam que a sua manutenção na União Económica e Monetária se torna incomportável.

Mas, independentemente da celeridade desse necessário debate, duma coisa temos a certeza: a resposta à crise e a solução dos problemas do desenvolvimento do país e da União Europeia não podem passar, nem passam, pela imposição de medidas de austeridade que se renovam, sem fim à vista, numa espiral de endividamento, nem pelas soluções que deixam mão livre à agiotagem financeira e aos interesses do grande capital, nem tão pouco pelo recurso a um fundo com as velhas imposições draconianas do FMI que o ainda Ministro das Finanças reconheceu nesta última terça-feira e que outros há muito, como o PSD, assumiram.

2. (...) No plano nacional aquilo que a situação do país reclama é uma ruptura e uma profunda mudança que abra caminho a uma política patriótica e de esquerda.

Uma política que tenha como eixo central a valorização do trabalho e dos trabalhadores, o que significa uma justa redistribuição da riqueza produzida, como factor de justiça social mas também como questão crucial para a dinamização do mercado interno.

Uma política assente na valorização dos salários, das reformas e pensões, numa nova política fiscal e que comporte o objectivo do pleno emprego e da defesa do emprego com direitos.

Uma política de defesa e promoção dos sectores produtivos e da produção nacional; de reforço do investimento público e alargamento dos serviços públicos; de fim das privatizações e de recuperação pelo Estado de um papel determinante nos sectores económicos estratégicos, designadamente na banca e nos seguros, na energia, nas telecomunicações e nos transportes, dando prioridade à nacionalização da banca comercial, como instrumento indispensável para garantir um sistema financeiro ao serviço do crescimento económico, do emprego e da soberania nacional.

Uma política de defesa intransigente da renegociação da Política Agrícola Comum e da Política Comum de Pescas, entre outras, de forma a possibilitar o desenvolvimento de sectores fundamentais da economia nacional e da nossa soberania.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR