quarta-feira, 9 de março de 2011

O(s) discurso(s)

"Ouvisto" o indispensável da "pomada de tosse" (esta do samuel-cantigueiro ficou-me "agarrada"), apresso-me a deixar um comentário porque quero passar a outras coisas mais interessantes e menos incomodativas.

Houve dois discursos. Porque o Presidente da Assembleia da República não se eximiu a fazer um discurso de fundo, antes de passar a palavra ao empossado. E foi significativo o ataque de Jaime Gama à União Europeia, assim relevando o factor externo e a dessolidariedade "europeia", cujas culpas atribui ao atraso de uma união política, de um verdeiro banco central europeu, de ausência de supervisão supranacional, sei lá..., de um Estado, super-Estado ou Federação Europeia. É uma opinião...

Em contrapartida, o discurso de Cavaco Silva praticamente ignora as causas externas da crise (que é do capitalismo, pelo que, para ele, não é...), e abriu o seu livro de economista, para fazer "o dignóstico". Mas o livro de Cavaco não tem as páginas todas, faltam-lhe mesmo capítulos inteiros, embora muito do que disse, nessa parte, seja muito aproveitável... para diagnóstico. Porque, quanto a responsáveis e saídas, só descortinei fugas.

Por outro lado, jurando cumprir a Constituição, esqueceu-se dela no discurso pois todo este, no que respeita à Parte II-Organização Económica, só vê o sector privado, as empresas, o empreendedorismo, a competitividade, e seria recomendável a releitura da CRP. É que bem mais do que "presença excessiva do Estado na economia (vista esta como economia de mercado e iniciativa privada)" não há "subordinação do poder económico ao poder político democrático", como manda o art. 80º dos princípios fundamentais do Título I dessa Parte II.

Depois, chegaram a ser chocantes os oportunistas e demagógicos apelos aos jovens. Quase só faltou ser mais um elementos dos "Homens da Luta" a convocar para a manifestação do dia 12: "façam ouvir a vossa voz!" .

O discurso foi várias vezes interrompido com aplausos, e no final foi aplaudido de pé, pelos deputados do PSD e do CDS. Para quem se reivindica de presidente de todos os portugueses, foi discurso de direita e demasiado ... partidário.

E mais não digo, pelo menos por agora.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR