«O PEC é a obrigação que Portugal tem com Bruxelas visando o combate ao défice», pelo que «não podemos fugir a este documento e a essa meta».
«O PEC é muito duro para os trabalhadores, mas é inevitável para o país».
Quem fez tais afirmações?:
1 - José Sócrates ou qualquer um dos seus ministros?
2 - Mário Soares?
3 - Durão Barroso?
4 - um qualquer dos analistas de serviço à política de direita?
5 - um qualquer cidadão abordado numa reportagem de rua da RTP?
6 - o presidente de uma qualquer associação patronal?
Não, nenhum deles - apesar de qualquer um deles o poder ter feito, já que todos são parte integrante da família da política de direita, mãe do PEC e de muitas outras malfeitorias semelhantes.
O autor das citadas afirmações é o chefe da chamada UGT, João Proença.
Sem surpresa, dado que também ela - a chamada UGT - e também ele - o chefe Proença - são membros de pleno direito dessa família.
Aliás, com provas dadas naquela que é a tarefa fundamental que lhes está atribuída: procurar dividir os trabalhadores para enfraquecer a luta por estes levada a cabo em defesa dos seus direitos, interesses e aspirações - luta que, porque tem esses objectivos, é uma luta contra a política de direita.
Mas atenção: Proença manifestou-se contra o anunciado congelamento de salários dos trabalhadores da Função Pública.
Contra?
Bom, manifestou-se em três tempos:
no primeiro tempo, vestindo a farpela de «dirigente sindical», apelou aos trabalhadores para que, no próximo 1º de Maio, venham para a rua protestar contra o congelamento de salários;
no segundo tempo, vestido de anjo, veio dizer que esta política de congelamento de salários... enfim, este ano admite-se, é ano de PEC, não é verdade?... mas «é uma política que não se pode repetir nos próximos anos»...;
no terceiro tempo, em traje de cerimónia, «apelou a uma mudança de comportamento dos empregadores» - aos quais apelou, ainda, para que dêem aos seus trabalhadores a oportunidade de assistirem às missas papais de Maio...
Ou seja: manifestou-se de acordo com a vontade de quem o chamou, na devida altura, a chefe da chamada UGT - que é quem o chamará, mais dia menos dia, a uma qualquer pasta ministerial, ou à administração de uma qualquer empresa pública ou privada.
Inevitável - como o «inevitável» PEC...