Não há dúvida: em todo o mundo capitalista - dos EUA à Inglaterra, à França, à Itália, à Espanha, a Portugal... - a profissão de ex-governante é, no vasto universo dos trabalhadores por conta de outrem, uma das mais bem pagas.
Pode dizer-se que, para cada governante, a saída do cargo e a consequente passagem à condição de ex, constitui uma verdadeira promoção profissional.
E sair do governo e esperar o contacto é tudo o que têm a fazer...
Que assim é, mostra-o o caso de três ex-ministros do governo de Blair - Geoff Hoon, Stephen Byers e Patricia Hewitt, respectivamente ex-ministros da Defesa, dos Transportes e da Saúde - apanhados na ratoeira que jornalistas ingleses lhes armaram.
Foi assim: os jornalistas, afirmando-se representantes de uma empresa que procurava ex-governantes disponíveis para defender os seus interesses junto do governo - contactaram os três ex-ministros que, desde logo, não apenas se mostraram disponíveis para a tarefa, como fixaram os seus preços.
As conversas entre os supostos representantes da suposta empresa e os ex-ministros foram gravadas: Patrícia Hewitt exigiu «3 mil libras por dia» - tanto quanto foi exigido por Geoff Hoon, o qual adiantou aos compradores dos seus serviços estar disposto a pôr o seu «livro de endereços e os seus conhecimentos no governo» ao serviço de «qualquer coisa que dê muito dinheiro»...
Quanto a Stephen Byers, procedeu a um verdadeiro número de stripe tease.
Começou por apresentar o seu currículo: intervenção com sucesso junto de membros do governo a favor do transportador National Express e dos supermercados Tesco...
Depois, exigiu o salário justo para tal currículo: 5 mil libras por dia.
Finalmente, desnudou-se: «Sou de aluguer, como um taxi».
Entretanto, os actuais governantes - dos EUA à Inglaterra, à França, à Itália, à Espanha, a Portugal... - aguardam a almejada promoção à categoria de ex-governantes..