terça-feira, 26 de abril de 2011

Aniversário do 25 de Abril

Comemorou-se hoje o 37º aniversário do início da Revolução que em 1974 derrubou a ditadura fascista para implantar a democracia política e a paz, libertar o país da opressão imperialista e realizar a descolonização, e colocar Portugal no curso do desenvolvimento social e económico do povo português.

Sabemos como esses desígnios do desenvolvimento económico e social e da libertação nacional em breve encontraram dentro do país oposição organizada, aliada do imperialismo, que desviou a Revolução dos seus objectivos, retirando ao povo português a condução do seu processo de emancipação e afirmação soberana.

Hoje de manhã, em cerimónia solene no palácio presidencial, o actual e anteriores Presidentes da República discursaram, não tanto para evocar aquele passo glorioso de há 37 anos atrás e as conquistas duradouras e as transitórias que a Revolução alcançou, mas sobretudo para apelar ao “consenso” e “concertação” entre partidos, para que as eleições convocadas para 5 de Junho crie condições que viabilizem a formação de um governo com base parlamentar alargada, que ultrapasse a grave crise política, financeira, económica e social, no quadro da intervenção externa (FMI, BCE e CE) a que o actual governo português, com o apoio dos partidos da burguesia, entregou o país há duas semanas atrás.

Nesta cerimónia, a despropósito mas sintomaticamente, foram agraciados com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade um velho político de direita, um banqueiro, e um magnata dos media.

Pela tarde, o tradicional desfile popular no centro de Lisboa revelou-nos outros protagonistas e outras formas de encarar a crise e o futuro do país.

Largas dezenas de milhar de manifestantes desfilaram com cartazes e palavras de ordem contra a crise política e injustiça social que afligem largos estratos populacionais e afundam a economia do país.

Em resposta ao discurso do coronel Vasco Lourenço, em nome da Associação 25 de Abril, com que se concluiu o desfile, as reacções populares mostraram claramente que o povo sabe que há partidos que nas últimas décadas, a pretexto da “modernização” e da “integração europeia” têm conduzido o país para a degradação e insustentabilidade económica e para a redução de serviços públicos e obscenas assimetrias sociais, tudo a favor do grande capital nacional e internacional.

Esta jornada ilustra o dilema que o povo português enfrenta presentemente.

Perante o governo capitulacionista do PS e das ofensivas dos partidos da burguesia, ávidos de ocuparem e se servirem do poder político em conluio com o grande capital, e submerso por feroz guerra ideológica, apoiada pelos media que o grande capital controla, que promove o pensamento único e a ideia de inevitabilidade, que denigre os partidos e os políticos e os coloca em oposição à sociedade civil, que procura apagar ou mesmo recriminar a diferença ideológica, o povo português é chamado a discernir e optar pelo seu futuro, pelo voto e pela acção de massas dos trabalhadores.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR