quarta-feira, 13 de abril de 2011

O LÍDER

Notícia curiosa é esta que nos conta que o presidente da comissão distrital de Lisboa do PSD não foi ouvido nem achado na decisão tomada pelo líder de convidar Fernando Nobre para cabeça de lista do PSD pelo círculo de Lisboa.

Mais curiosa, ainda, é a explicação dada para o facto pelo dito presidente da comissão distrital: diz ele que «o dr. Passos Coelho não precisa de acertar nada comigo», porque ele, dr. Passos Coelho, é que decide sobre listas; ele, dr. Passos Coelho, é que escolhe os cabeças de lista...

Posto isto, perguntar-se-á: mas se a comissão distrital e o seu presidente não riscam nada em matéria tão importante como esta e que tão directamente lhes deveria dizer respeito, para que é que servem?

A resposta é simples: servem precisamente para dizer que sim ao líder. E para aplaudir os seus discursos. E para louvar as suas decisões.

E para fazer o que ele manda.

Dito por outras palavras:

O líder pensa - e dispensa de pensar todos os membros do partido.

O líder decide - e dispensa de decidir todos os membros do partido.

O líder manda - e os membros do partido obedecem.

Há as distritais do partido?: há, mas há o líder.

Há a direcção do partido?: há, mas há o líder.

Há o partido?: há, mas há o líder.

E o líder é tudo - e acabou-se a conversa.

É assim que as coisas funcionam no(s) reino(s) do líder.

É assim que funcionam os três partidos que há 35 anos - em alegre alternância e com ĺíderes alternantes - vêm praticando a política de direita que afundou o País.

É esse o conceito de funcionamento democrático interno adoptado por esses três partidos - os quais, por isso mesmo, não se cansam de apontar armas ao antidemocrático e terrorista trabalho colectivo, acusando-o de coisas horríveis, tais como: pôr toda a gente a pensar e a dar opiniões; pôr toda a gente a tomar decisões; pôr toda a gente a cumprir as decisões tomadas por todos - e com isto tudo liquidando a liberdade individual... do líder.

Recorde-se que aqui há uns anos, estes três partidos fizeram aprovar uma lei cujo objectivo primeiro era obrigar o PCP a ser igual a eles, designadamente riscando do seu funcionamento interno o tenebroso centralismo democrático.

Ou melhor: riscando o democrático e deixando apenas o centralismo...

Que é como quem diz: riscando o colectivo e deixando apenas... o LÍDER.

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR