quinta-feira, 21 de abril de 2011

Crise sistémica global - Outono de 2011: Orçamento/Títulos do Tesouro/Dólar, as três crises americanas que vão provocar a Enorme Ruptura do sistema económico, financeiro e monetário mundial

Em 15 de Setembro de 2010, o GEAB nº 47 intitulava: "Primavera de 2011: Welcome to the United States of Austerity / Rumo ao enorme pânico do sistema económico e financeiro mundial". No entanto, no fim do Verão de 2010, a maior parte dos peritos considerava, por um lado, que o debate sobre o défice orçamental dos EUA permaneceria um simples objecto de discussões teóricas no seio da Beltway [1] ; por outro, que era impensável imaginar os Estados Unidos a lançarem-se numa política de austeridade uma vez que bastaria ao Fed continuar a imprimir dólares. Ora, como todos podem constatar desde há várias semanas, a Primavera de 2011 trouxe a austeridade aos Estados Unidos [2] , a primeira desde a Segunda Guerra Mundial, e o estabelecimento de um sistema global fundado na aptidão do motor americano a gerar sempre mais riqueza (real nos anos 1950-1970, depois cada vez mais virtual a partir desta data).

Nesta fase, o LEAP/E2020 está pois em condições de confirmar que a próxima etapa da crise será realmente a "Enorme ruptura do sistema económico, financeiro e monetário mundial"; e que esta ruptura acontecerá no Outono de 2011 [3] . As consequências monetárias, financeiras, económicas e geopolíticas desta "Enorme ruptura" serão de uma amplitude histórica e farão a crise do Outono de 2008 parecer aquilo que ela realmente foi: um simples detonador.

A crise no Japão [4] , as decisões chinesas e a crise das dívidas na Europa certamente desempenharão um papel nesta ruptura histórica. Em contrapartida, consideramos que a questão das dívidas públicas dos países periféricos da Eurolândia não é mais o factor de risco dominante na Europa, mas que é o Reino Unido que se encontra na posição do "doente da Europa" [5] . A zona Euro pôs em acção e continua a melhorar todos os dispositivos necessários para tratar destes problemas [6] . A gestão dos problemas grego, português, irlandês, ... será feita portanto de maneira organizada. Investidores privados deverão arcar com descontos (como antecipado pelo LEAP/E2020 antes do Verão de 2010) [7] mas isso não pertence à categoria dos riscos sistémicos, o que desagrada o Financial Times, o Wall Street Journal e peritos da Wall Street e da City que tentam a cada três meses refazer o "golpe" da crise da zona Euro do princípio de 2010 [8] .

Em contrapartida, o Reino Unido fracassou completamente na sua tentativa de "amputação orçamental preventiva" [9] . Com efeito, sob a pressão da rua e nomeadamente dos mais de 400 mil britânicos que enchiam as ruas de Londres em 26/02/2011 [10] , David Cameron viu-se obrigado a rever em baixa seu objectivo de redução das despesas de saúde (um ponto chave das suas reformas) [11] . Paralelamente, a aventura militar líbia obriga igualmente a rever seus objectivos de cortes orçamentais no Ministério da Defesa. Já havíamos indicados no último GEAB que as necessidades de financiamento público britânico continuavam a aumentar, sinal da ineficácia das medidas anunciadas cuja execução na realidade revela-se muito decepcionante [12] . O único resultado da política do tandem Cameron/Clegg [13] é por enquanto a recaída da economia britânica na recessão [14] e o risco evidente de implosão da coligação no poder na sequência do próximo referendo sobre a reforma eleitoral.

Neste GEAB nº 54, nossa equipe dedica-se pois a descrever os três factores-chave que determinam esta Enorme Ruptura global do Outono de 2011 e suas consequências. Paralelamente, nossos investigadores começaram a antecipar a evolução da operação militar franco-anglo-americana na Líbia que consideramos ser um poderoso acelerador do deslocamento geopolítico mundial e esclarece utilmente certas mudanças tectónicas agora em curso nas relações entre grandes potências mundiais. Além disso, no Índice GEAB $, desenvolvemos as nossas recomendações para enfrentar os perigosos trimestres que estão para vir.

Ver estudo completo do GEAB no Resistir.info. O original está aqui.
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR