terça-feira, 28 de junho de 2011

Sim, tão pomposamente como antes. Ora repita lá outra vez.

Aqui, no «arrastão», Andrea Peniche, do BE, respondendo a Fernanda Câncio, de caminho afinfa assim no PCP : «Ora, o PCP é sem dúvida um partido da oposição social à austeridade. Mas é também o partido que falhou a missão histórica de construir uma cultura de convergência e de diálogo com a maioria dos trabalhadores que vota no PS e de os mobilizar para uma alternativa de esquerda contra a economia do desemprego e da precariedade.

Foi precisamente por isso que a esquerda se foi transformando e abrindo. A criação e o crescimento do Bloco de Esquerda demonstrou não somente que essa nova esquerda tinha espaço como era absolutamente necessária. »

Feita honestamente a citação que importa, apenas quero assinalar inocentemente:

1. Não conhecia esta definição da «missão histórica» do PCP, fico a suspeitar que isto das missões históricas dos outros é à vontade do freguês e, além do mais, folgo muito por ver um conhecido quadro do BE reconciliado com esta linguagem das «missões históricas», olaré;

2. Depreende-se legitimamente do texto de Andrea Peniche que, ao que parece, então o BE terá nascido para cumprir a «missão histórica» em que o PCP terá supostamente falhado e certamente por culpa própria porque a tarefa era facílima como se calcula e não depende nada da força de outros, de correlações de forças, de ideologias dominantes, etc. e tal;

3. Assim sendo e seja como for, fico a aguardar que Andrea Peniche nos conte os fabulosos êxitos do BE nestes seus 12 de vida na gloriosa tarefa de «construir uma cultura de convergência e de diálogo com a maioria dos trabalhadores que vota no PS e de os mobilizar para uma alternativa de esquerda contra a economia do desemprego e da precariedade».

4. E se Andrea Peniche vier com exemplos como as iniciativas da Aula Magna e do Trindade (em que o BE convergiu com Alegre mas excluiu deliberadamente o PCP) ou com o exemplo do apoio do BE à última candidatura de Alegre, então ficam todos avisados que sem grande esforço, se a bitola são coisas desse tipo, eu bem poderei apresentar uma lista maior de melhores «êxitos» do PCP.

Tudo visto, desconfio apenas que mais uma vez é a esquerda «velha» ou «cansada» (linguagem passada do Bloco para identificar o PCP) que tem a fama mas quem tem o proveito é a «esquerda nova» (linguagem do Bloco sobre si próprio): com efeito, a frase acima citada de A. Peniche só é possível sair do teclado de alguém que lida manifestamente mal com uma cultura de incerteza e de complexidade, parecendo que o 5 de Junho não lhe ensinou nada. Vá lá, aprendam a nadar, companheiros, porque o mais provável é eu não estar cá daqui por 20 anos para lhes perguntar :« então, como vai essa bela missão histórica» ?

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR