sábado, 2 de julho de 2011

APENAS UMA VEZ...

O roubo no subsídio de Natal - que afectará 3 milhões de famílias, ou seja a imensa maioria dos portugueses - vai render aos gatunos cerca de 800 milhões de euros - informou o «novo» ministro das Finanças, radiante pelo que isto significa em termos da «travar a derrapagem do défice».



E não disse, mas pensou: é assim, com o sacrifício de todos, que damos o patriótico exemplo de defender o interesse nacional...

Por seu lado, o Expresso informa que Américo Amorim e Belmiro de Azevedo estão «entre os mil mais ricos do mundo» - o primeiro ocupa o 212º lugar da lista da Forbes, com uma fortuna de mais de 3, 6 mil milhões de euros; o segundo, com mais de 1, 1 mil milhões, está em 665º lugar no ranking.



E o Expresso não disse, mas não lhe ficava mal dizer, que estamos perante dois exemplos que muito elevam a nossa auto-estima e muito engordam o nosso orgulho nacional...

Eu, que de grande fortunas nada sei, digo apenas que os 800 milhões de euros que, em nome do «interesse nacional» - que é o interesse dos amorins, belmiros & cia. - vão ser roubados a quem trabalha e vive do seu trabalho, deviam ser confiscados, precisamente em nome do interesse nacional, a quem não trabalha e vive à custa da exploração do trabalho dos outros.



E acrescento, depois de feitas as contas, que se esses 800 milhões de euros, em vez de roubados a 3 milhões de famílias, ou seja à imensa maioria dos portugueses, fossem confiscados, por exemplo e para não irmos mais longe, apenas às duas famílias mais ricas, levar-lhes-iam apenas 17% da soma das suas fortunas - o que lhes permitia, ainda assim e mesmo depois do confisco, passar uma boa noite de Natal... Em família...

Voltando ao Expresso: diz ele, preto no branco e em jeito de quem está a anunciar uma descoberta sensacional:

«Não é novidade que bolhas, crises e outras conjunturas económicas negativas são, apesar de tudo, uma oportunidade de aumentar grandes fortunas. Por pior que estejam as economias, o dinheiro não desaparece, apenas muda de mãos».

Pois é: «apenas muda de mãos»...



E, já agora - digo eu - por que não mudar para o outro lado?...



Apenas uma vez, que diabo!...

 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR