sábado, 9 de julho de 2011

MÃOS À CARIDADE!

Como o Cravo de Abril na devida altura registou, o Cardeal Patriarca de Lisboa lançou, na procissão do Corpo de Deus, um veemente apelo à ajuda aos que têm fome - e apontou a caridade, perdão: a CARIDADE, como o caminho de Deus para matar a malvada aos muitos milhares que a têm.
Quanto às razões que estão na origem da existência da fome, D. Policarpo não se pronunciou: são razões políticas e, como é sabido, ele e a sua Igreja não se metem em política... a política deles é o trabalho, ou seja, a CARIDADE!...

O Governo Coelho/Portas ouviu, com os seis ouvidos que Deus lhe deu - quatro dos dois primeiros-ministros mais dois do Cavaco- o veemente apelo do Cardeal e toca de roubar 50% do subsídio de Natal a trabalhadores, reformados e pensionistas.



Assim - criando mais fome - a troika Coelho/Portas/Cavaco confirmou a sua caridosa vocação e abriu mais e mais espaço à CARIDADE...

D. Policarpo regalou-se com o roubo no subsídio de Natal de 3 milhões de famílias, certamente vendo nesta obra do Governo sobretudo uma Obra de Deus...



Mais: considerou que, neste tempo de «crise» que vivemos, o roubo é não apenas «adequado e equilibrado», mas acima de tudo, didáctico...



Isto porque o roubo - impedindo que milhões de pessoas comprem as tradicionais prendas de Natal para familiares e amigos - constitui uma caridosa ajuda a esse outro caridoso combate que D. Policarpo vem travando contra o consumismo natalício - e o consumismo é, como sabemos, uma outra preocupação que tira o sono a sua Eminência.

Entretanto, do outro lado da fome e da «crise», há umas dezenas de famílias cujas fortunas, indiferentes à «crise», aumentam e aumentam - e na origem do aumento dessas fortunas está, obviamente, para além da prestimosa obra do Governo, a Suprema Obra de Deus.



Como dizia, no tempo do ditadura, um general fascista brasileiro, também ele grande apologista do divino valor da CARIDADE: «É preciso que os ricos sejam cada vez mais ricos para poderem dar mais esmolas aos pobres»...

Portanto, atingido que está o objectivo maior do Cardeal Patriarca de Lisboa, agora, mãos à Obra!



Que é como quem diz: mãos à CARIDADE!


 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR