Continuando a cumprir uma espécie de desígnio “divino” que o obriga a fazer exatamente o oposto daquilo que apregoa, Pedro Passos Coelho, em vez de “emagrecer” a administração da Caixa Geral de Depósitos, aumentou-a quase para o dobro. Seja como for, o condimento principal desta estória é outro.
Desde há vários anos que, numa espécie de acordo tácito de “cavalheiros”, ou uma alternância “democrática” de tachos, no fundo, inspirada nos antiquíssimos “códigos de honra” entre os ladrões, PSD e PS trocavam entre si a presidência do grande banco público. Estando no Governo o PS, o presidente da Caixa era do PSD... e vice versa.
Agora que chegou ao poder e com maioria, findo o mandato de Faria de Oliveira, ex-ministro do PSD nomeado por Sócrates para dirigir a CGD, Passos Coelho, em vez de o retirar para, seguindo a “tradição”, nomear alguém do PS, reconduziu-o na administração, promovendo-o até. Agora é “chairman”. Não contente com isso, inventou “espaço” para mais um presidente (José de Matos), um técnico vindo do Banco de Portugal... e deu a vice presidência executiva a Nogueira Leite, conselheiro nacional do PSD e seu conselheiro pessoal.
E lá se foi às malvas o velho acordo de “cavalheiros”!
Lembrando a velha e famosa cena de teatro amador, na noite em que se esqueceram de acender a lareira onde em todas as representações era queimada em palco a comprometedora carta do amante... e o “marido enganado”, entrando de rompante na sala, na falta do fumo suspeito foi obrigado a improvisar... “Cheira aqui a papel rasgado!”